Impostor | Park Jimin

38. Liberdade plena

O sábado chegou e com ele veio o meu último encontro com Kevin para assinar o nosso divórcio. Ontem, sexta-feira, oficializamos as transferências dos bens em meu nome, conferimos todos os pontos do nosso acordo de separação e ficamos satisfeitos. E também foi no dia anterior que ouvi algo surpreendente: Jisung não quis receber os seis milhões que estavam na minha conta. A declaração veio logo depois de eu afirmar que não queria ficar com nada, que não queria uma pensão, que não queria uma indenização, nem carro... Nada. Dinheiro nenhum que viesse de Kevin Park. O meu desejo era sair do casamento da mesma forma que entrei, apenas com as minhas roupas de rotina e a minha dignidade. Então, diante da minha resistência, Jisung decretou que eu ficaria com os seis milhões.

E bem... Não demorou para que a sua atitude fosse compreendida por mim. O meu ex-marido queria me compensar de alguma forma por todas as maldades que fez. Se eu não aceitasse o seu dinheiro, algo que ele tanto ama na vida, e não vivesse de maneira confortável, o sul-coreano seria condenado a um futuro de remorso por não ter me dado nada do que ganhou com as suas ações desumanas. E eu decidi ser cruel. Não aceitei. De modo algum. Não quero dinheiro desviado, fruto de crime, adquirido por ganância. Jamais. Porém, após muita discussão e até de ouvir do loiro que iria desistir de assinar os papéis no dia seguinte, fui obrigada a aceitar o valor exorbitante. E Kevin já tinha um sorriso imenso no rosto no instante em que revelei que doaria todo aquele dinheiro para a causa animal e que não pegaria sequer um dólar para uso pessoal. Kevin Park ficou sério, estático, perplexo, com o rosto vermelho de tão irritado, afinal, o seu plano havia dado totalmente errado. Ele ficou sem os seus seis milhões e sem a consciência tranquila.

— Divórcio assinado! — Anunciei para Claire e Peyton, que me esperavam dentro do carro no estacionamento da PLC. — Acabou de verdade! — Falei mais alto, entusiasmada, e as duas mulheres gritaram de felicidade enquanto saíam do veículo para um abraço em trio. — Eu me sinto tão bem! — Minha voz estava entrecortada pela emoção. — Até tenho vontade de chorar de alegria!

— Chore, amiga! Chore! — Peyton aconselhou. — Você está livre daquele homem!

— Agora a sua vida vai andar pra frente, (s/n) — Claire acariciava as minhas costas e o meu choro foi inevitável diante do afago. Eu me sentia leve, eufórica... Até mais bonita! — Você tem um mundo inteiro pra redescobrir.

— E nós não vamos sair do seu pé nunca mais! — Peyton me apertou no abraço e eu a retribuí. — Nunquinha!

— Nunca mais! — Claire reforçou em um grito animado. — Minha amiga está livre e vai ser muito feliz! — Continuou gritando e nós três gargalhamos. — Vamos beber! Vamos comemorar! Hoje é o sábado da cerveja!

— Céus... Vocês vão me entupir de bebida! — Cobri o rosto com as mãos quando nos afastamos. Elas riram. — E eu mal posso esperar! — Voltei a encará-las e as nossas risadas ecoaram pelo estacionamento. — Vamos logo! Estou ansiosa!

— Lembrando que ainda temos que almoçar com a sua mãe, está bem? — Peyton falou. — Combinamos de chegar no bar às três da tarde.

— Sim, claro! — Falei muito alto, bastante empolgada. — Quero seguir todo o roteiro!

— Podemos desviar um pouco aqui, um pouco ali... — Claire piscou o olho. — Hoje podemos tudo!

— Não me fala mais de desvios, por favor — revirei os olhos e as minhas amigas riram. — Quero esquecer.

— Eu acho que podemos fazer um novo projeto de torres. O prefeito consegue o terreno e... — A voz de Jisung reverberou no local e não demorou para que ele, Samuel e um investidor estivessem a poucos metros de nós. — Olá, senhoritas — olhou para Peyton em seguida. — E senhora.