03. Insegurança

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(S/N)

— Hoje eu encontrei um brinquedinho — funguei enquanto enxugava o rosto. — Achei que a casa já estivesse completamente vazia deles, mas estava enganada. Fui até o quarto que seria dele e encontrei o brinquedo num canto.

— Você não deveria ter entrado lá — minha mãe disse enquanto acariciava os meus cabelos. Eu estava deitada com a cabeça em seu colo e recebia todo o seu carinho. — Não disse que faria isso apenas ao lado do Kevin?

— Falei, mas ele só volta amanhã e algo me dizia que eu deveria ir até lá — murmurei chorosa.

— O que acha de falar com o Park sobre uma reforma? Vocês poderiam montar alguma coisa no lugar daquele quartinho.

— Não sei... — suspirei com pesar. — É como se eu estivesse apagando a última memória do meu filho.

— Física, sim. Mas o que importa é o que você vai ter dentro — me encarou. — Meu netinho sempre vai te acompanhar, não se preocupe com esse tipo de coisa. Nada material vai representar o bebê que se foi.

— Tem razão — encarei um quadro qualquer pendurado na parede do meu quarto e respirei fundo. — Vou contratar um arquiteto.

— Por que Kevin não voltou ainda?

— Ele ligou dizendo que teve uns imprevistos e que precisava ficar mais um pouco.

— Isso me cheira mal — minha mãe fez careta. — E se ele te trai?

— Mãe! — A repreendi, sentando-me na cama. — Eu já sei que você não gosta do Kevin, mas... Nossa! Falar que eu sou traída é pesado.

— Mas foi estranho e vocês estão em uma fase meio complicada, não estão?

— Sim, mas eu confio no meu marido. Ele não está me traindo.

— Tudo bem — deu de ombros. — Eu até acho que ele te ama, mas não confio cegamente. Os homens surpreendem.

— Você é que implica com ele.

— Um pouquinho só — riu fraco. — E aí, o que essa Romena faz de bom? Eu estou com fome.

— Vai criticar tudo o que ela cozinha de novo? — Cerrei os olhos e a mais velha gargalhou. Havia chamado a minha mãe para passar o dia comigo após cair em um choro desenfreado e ela aceitou sem demora, chegando aqui em apenas dez minutos.

— Se ela fizer algo realmente bom, eu não vou reclamar.

— Pra você, algo só é bom quando é você quem faz.

Descemos para comer e dessa vez não tive que ouvir os comentários exigentes da minha mãe. Romena sorria bastante por não ter recebido nenhuma crítica negativa e eu me diverti bastante ao ver a minha genitora se esforçar para encontrar todos os pontos positivos da comida. Ela estava claramente se esforçando para que eu não me irritasse novamente. Após o jantar, seguimos juntas para o meu quarto e ficamos por lá durante o resto da noite.

— Kevin vai chegar amanhã pela manhã — falei sem conseguir esconder o sorriso. — Ele acabou de mandar mensagem.

— Kevin? — Me encarou. — Kevin te deu satisfações?

— É, pela primeira vez — ri. Estava realmente surpresa. — Geralmente ele gosta de chegar de repente.

— Acho que a fase ruim no casamento de vocês vai passar — disse com calma. Ela se posicionou ao meu lado na cama e se deitou. Hoje dormiríamos juntas. — Kevin até falou sobre tentar de novo!

— Isso me surpreendeu também. Não imaginava que ele teria paciência pra passar por tudo aquilo de novo tão rápido — suspirei. — Mas eu não estou preparada. Só faz um ano.

Impostor | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora