23. Encurralado

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— Já pode começar a contar — apressei o mais velho.

— Sabe o papo de fase complicada com a minha esposa? — Smith iniciou e eu apenas murmurei uma afirmação. — É mentira — me olhou com culpa.

— Mentira? — Perguntei e, como resposta, o homem acenou positivamente com a cabeça. — Lembro que vocês estavam prestes a se separar quando você precisou se hospedar na nossa casa pela primeira vez — cerrei os olhos. — O que de fato aconteceu agora, Samuel?

— Ela me expulsou de casa porque descobriu que eu tinha uma amante — disse rápido, claramente nervoso. — E o Jimin é totalmente contra o que fiz, por isso que ele não quer me ajudar em nada — suspirou antes de continuar. Eu estava em choque. — Mas eu não quero ficar sozinho nesse momento difícil. Preciso do apoio dos meus únicos amigos.

— Você traiu a sua esposa? — Perguntei um pouco alto pela surpresa.

— Isso.

— E não se sente mal pelo que fez?

— Claro que sinto! — Disse com pressa, parecia levemente desesperado agora. Park não dizia nada e isso me deixava confusa sobre tudo o que estava acontecendo aqui. — E eu quero me redimir, mas preciso de apoio moral — suspirou novamente. — Por favor, me ajudem!

— Moral? — Ri sem vontade. — Que moral?

— Pois é — o meu marido concordou, completamente sério. — Ele não tem moral nenhuma. Pra nada.

— Posso contar com a ajuda da senhora, certo? — Samuel me olhou esperançoso.

— Não vou te ajudar diretamente, mas também não posso negar abrigo — bufei antes de revirar os olhos. — Você pode ficar na minha casa, mas terá duas semanas pra resolver a sua vida daqui pra frente. Nada mais.

— Muito obrigado, senhora Park — sorriu abertamente e se aproximou para me abraçar, porém eu me afastei. A última coisa que eu queria era estar do lado de um traidor. — A senhora é mesmo um anjo na terra.

— Vamos, Jimin? — Olhei para o meu marido que apenas assentiu com a cabeça, ainda em silêncio. — Até mais tarde, Smith.

— Até.

Segurei a mão do loiro ao meu lado e o puxei delicadamente para que ele me seguisse até o seu carro. Por sorte, o meu veículo estava passando por revisão e eu tive que ir até a PLC com o nosso motorista. Assim que ocupou o seu banco, Park bateu a porta do automóvel com força e bufou alto. Em seguida, ainda enquanto mantinha a sua atenção presa na imagem de Samuel caminhando tranquilamente até o seu carro prateado, o meu marido colocou o cinto de segurança de modo raivoso e resmungou algo inaudível. Disposta a não piorar a sua irritação, decidi manter o silêncio e esperar que ele se acalmasse enquanto dirigia até o restaurante que escolheu. Eu até havia pensado em pedir que mudássemos a rota e seguíssemos até o estabelecimento da minha mãe, porém desisti da ideia. Isso poderia estressá-lo ainda mais.

— Você bateu no Samuel por causa da traição? — Perguntei após criar coragem. Nós já ocupávamos a mesa do restaurante em completo silêncio há alguns minutos.

— Não — Park pressionou os lábios.

— E qual foi o motivo? Isso aconteceu hoje?

— Aconteceu... Também — suspirou alto, encarando-me logo depois. — Nas duas vezes, ele falou coisas imbecis, repugnantes... — negou com a cabeça. — Amor, por favor, não vamos estragar ainda mais a nossa noite.

— Tudo bem — sorri brevemente, um pouco nervosa. Eu não queria continuar vendo-o tão desconfortável. — Vamos pedir alguma coisa pra comer.

Impostor | Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora