Capítulo 06

365 23 5
                                    

Te dei tudo de mim.
E agora, honestamente, eu não tenho nada...

Dangerously

― Pode ficar à vontade, vou só tomar um banho e já volto. ― anunciei, colocando as chaves sobre o centro da sala e jogando a bolsa no sofá. ― Tudo bem?

― Ahh, sim... ― ele disse meio distraído, olhando com curiosidade para as coisas espalhadas pelo cômodo. ― Quando voltar ainda estarei aqui.

― Certo. Sorri sem mostrar os dentes, e ele devolveu o gesto duas vezes mais brilhante, me fazendo se sentir um robô sem emoções. Tudo em Bruno era brilhante e alegre, completamente o oposto de tudo que havia sobrado em mim. Com esse pensamento, deixei o rapaz sozinho na minha sala e corri para o banho.

Atrasada eu já estava, sem dúvida alguma, mas esperava que esse atraso não se prolongasse tanto. Em quinze minutos eu já me encontrava pronta.

Um pouco desleixada, mas ainda sim, pronta.

Vestia um vestido rodado que batia um pouco a cima do joelho e um casaquinho por causa do frio. Ainda chovia e eu tinha planos de não congelar naquela tarde.

― Vamos? ― Quando entrei na sala percebi Bruno mexendo em seu celular. Assim que ele escutou minha voz, levantou o olhar em minha direção e sorriu.

― Estou aqui para isso, madame. ― disse se levantando do sofá. E só então, reparei que suas roupas estavam tão molhadas quanto as minhas quando cheguei em casa.

― Como se molhou tanto?

― Não faço ideia... ― deu de ombros, enquanto olhava para o próprio estado.

Sem falar nada, voltei para o quarto e peguei um moletom seco dentro do guarda roupa, voltando para a sala em poucos segundos. ― Vou querer de volta. ― tentei parecer rabujenta ao falar, mas falhei. O rapaz pegou a roupa das minha mãos, e um v se formou entre suas sobrancelhas.

― Achei que não tivesse namorado... ― revirei os olhos para a sua afirmação totalmente sem noção.

― E não tenho, idiota. Isso é meu.

― Seu? ― sua sobrancelha direita quase alcançou o seu couro cabeludo, enquanto seus olhos me fitavam com um misto de divertimento e incredulidade. ― Algo desse tamanho é seu?

― Isso mesmo, ele é meu, Bruno! Agora deixe de ser um bobão e tire logo essa camiseta molhada. ― Ralhei impaciente.

― Não rola uma calça também? ― perguntou fazendo graça e semicerrei os olhos.

― Não, não rola. E se não calar a boca, pedirei a devolução do moletom antes mesmo que o use. Bruno gargalhou por ter conseguido me deixar irritada como ele tanto queria.

― Não que seja da sua conta, mas gosto de vestir roupas masculinas quando estou em casa. Elas são confortáveis. ― Não entendi a minha necessidade de explicar, mas fiz assim mesmo.

― Eu entendo... estava tirando com a sua cara. ― disse sorrindo travesso.

Abri a boca na intensão de expor toda a minha indignação, mas fechei logo depois. Eu não tinha tempo para conversas banais.
― Quer saber? Estou muito atrasada pra ficar discutindo com você. Ou vamos agora ou irei andando!

― Tá bom, tá bom. Já estou vestindo... Com movimentos rápidos Bruno passou a camisa pela cabeça deixando toda a sua parte superior a amostra. Sua pele levemente bronzeada dava um contraste quente ao corpo bem esculpido. O abdômen era definido, digno de um atleta de verdade. A calça estava um pouco abaixo da cintura, mostrando a marca da sua cueca preta. E então, como um balde de água gelada, ele voltou a se cobrir. E dessa vez, com o meu casaco.

Sempre é você |Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora