Sempre é você |Vol. 2

Capítulo 29

Eu serei bom 

por todas às vezes

que eu não pude...

James Young.

"[...] Você faz mal pra ela e sempre vai fazer. Porquê você destrói tudo o que
toca!"

A voz do antigo amigo de infância da Bárbara soou em minha cabeça. Olhei
em volta e reparei que estava na escola onde havia feito meu fundamental.
Segurava um papel dobrado em frente ao armário da Passos.
O carrapato estava parado alguns metros, me encarando com pura repulsa.
Tentei dizer que o idiota estava errado e que se não fosse pela mentira dele,
Babi teria se tornado minha namorada naquele ano. Mas minha voz se negava
a sair. E ele continuou a me fitar com nojo.
E da água para o vinho, o cenário mudou. Agora eu estava no dormitório da
Babi, no colégio interno onde nos reencontramos. Eu estava sentado na
cama da Carol, enquanto a minha garota me olhava com puro desgosto.

"Por muito tempo você foi uma parte sombria da minha vida, aquela que eu
odiava se lembrar. Você foi a minha destruição, o responsável pela maior
parte das minhas lágrimas..."
"Acredita mesmo que "desculpas" vai apagar todas as merdas do passado?"
Após encontrar coragem para finalmente olha-la nos olhos, vi a dor e a raiva
estampado neles.

Não, Babi. Eu não acho!
Respondi para mim mesmo, baixando a cabeça outra vez. Estava me
sentindo o pior ser humano de todos os tempos. Não fazia ideia do que
estava acontecendo ou do porquê estar revivendo todos aqueles momentos
outra vez, mas eu só conseguia me sentir um lixo.

"Augusto, olhe pra mim! Veja no que me tornei e me fale se pareço com alguém
feliz..."

Quando voltei a levantar a cabeça, o lugar havia mudado outra vez.
Estavamos em frente a casa da Passos, pouco
Tempo depois da minha volta
ao Brasil. Naquela noite eu havia ficado esperando a garota por duas horas e
meia. Estava cego de ciúmes por ter visto Bruno em sua casa.
Encarei a mulher de olhar marejado a minha frente e tive a sensação de que
algo em mim houvesse se partido.

"Você me abandonou no momento que mais precisei..."
"Você, realmente, foi capaz de me amar algum dia?"

A voz da garota soou outra vez e gelei; sabia o que viria em seguida. Esse era
um dos meus maiores arrependimentos, ter mentido sobre nunca tê-la
amado de verdade. O olhar de decepção que a Passos me lançava segundos
depois foi a coisa mais difícil que tive que enfrentar.

Mas que merda!!! Se aquilo fosse um sonho, eu precisava acordar. Reviver
todos aquelas lembranças estava acabando comigo.
Fechei os olhos com força, torcendo para que a tortura acabasse de uma vez,
mas quando voltei a abri-los a única coisa que aconteceu foi a troca de
cenário.

"Porquê está brincando comigo de novo? Por que, Victor?"

Eu estava de volta a maldita noite do cinema e até então a minha pior
lembrança. Logo a garota partiu pra cima de mim completamente
transtornada, e chorando muito. Eu conseguia lembrar bem de como foi
perturbador vê-la tão quebrada e não poder fazer nada. E foi por isso que
parei imóvel e deixei que ela me batesse, era como um punição. Babi gritava
frases de ódio em minha direção e eu apenas aceitava aquilo, porque eu
merecia.

Victor Augusto era um monstro por magoar a única mulher que o amou de
verdade, então era o mínimo.
Subitamente, Babi desapareceu e tudo em volta ficou preto. A única coisa que
permaneceu foi a voz da garota soando por todo o lugar.

"Eu te odeio."
"Eu sinto nojo de você."
"... Você é igualzinho a sua mãe!"

Droga!! Eu precisava acordar...