Capitulo 20

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Eu baixei a minha guarda

E então, você puxou o tapete...

Lewis Capaldi

Não sei bem se fiz o certo, mas depois do que houve de manhã cedo,acabei me escondendo na faculdade. As aulas não passavam de longoshorários onde os professores falavam grego, no entanto, se ficasse em casacorria o risco do Augusto bater na minha porta com mais uma de suasdesculpas esfarrapadas.

Bati o lápis, freneticamente, contra a mesa me forçando a se concentrar noprofessor de filosofia que perguntava aos alunos o conceito de felicidade.

Quão irônica conseguia ser a minha vida?

Felicidade não passa de algo ilusório e passageiro. Nunca dura mais do quealgumas horas, porquê quando você começa a achar que é pra sempre, a suafelicidade te corta tão fundo que você começa a duvidar do que foi ou não foi real.
Pisquei algumas vezes, tentando deter as lágrimas, chorar em sala de aula seria humilhante de
mais.
Chequei as horas pela décima vez, vendo que só faltavam cinco minutos para o sinal tocar anunciando o fim das aulas.

Antes de vir pra cá me lembrei de onde já tinha ouvido o nome "Suelen".
Caroline me confidenciou o nome da noiva do Augusto algumas semanas atrás.Tentei procura-la nas redes sociais para me martirizar um pouco mais,contudo, acabei desistindo. Minha autoestima já estava muito baixa por terdescoberto que tinha me tornado algum tipo de amante, no caso, segunda opção.
O sinal ecoou por toda a faculdade e os alunos começaram a sair da sala emum amontoado. Soltei um suspiro ao constatar que teria que ir pra casa e correr o risco de encontra-lo.

Sinto falta do Goes.
Fazia quatro dias que ele não estava falando comigo e eu sentia falta da sua companhia.
Me sentia um lixo por tê-lo magoado, mas seria ainda mais errado se continuasse a enche-lo de falsas esperanças.
Me levantei da cadeira sendo a última da sala a sair.

No corredor me deparei com duas garotas, uma loira e uma coreana(pelo menos acho). A loira me olhou dos pés a cabeça sem um pingo de sutileza.

 - Você é a Bárbara do Goes? - Foi as primeiras palavras toscas e cheias de veneno que saíram da sua boca. Minha sobrancelha esquerda se ergueu automaticamente...

 - É essa aí mesma. - Se pronunciou a coreana. - Já vi ele algumas vezes com ela no restaurante do campus.

- "Essa aí" tem nome, garota. - Rebati, impaciente. Era só o que me faltava... duas garotas idiotas tentando marcar território.

- Tanto faz... - Disse com desdém, revirando os olhos.

- Quer saber? Tenho mais o que fazer. - Passei entre as duas esbarrando propositalmente nelas.
-Também fomos enganadas pelo Goes! - A loira soltou, me fazendo parar abruptamente. Sabia bem onde elas queriam chegar, e se não fosse tão engraçado vê-las desesperadas eu até que poderia acabar logo com aquele show dizendo que "Bruno era apenas um bom amigo." Me virei lentamente na direção das duas, esperando que continuassem com a palhaçada. - Sabemos que Goes pode parecer um cara legal no início, mas a verdade é que não passamos de um mero brinquedo nas mãos dele... - A loira trocou um rápido olhar com a coreana, e logo voltou seu olhar de falsa compaixão sobre mim.

- Onde querem chegar? - Cruzei os braços na altura dos seios, me fazendo de desentendida.

- Mostra a ela. - A de olhinhos puxados pediu a amiga. Semicerrei os olhos para todo o suspense desinteressante.

A loira de farmácia, obedecendo-a , me estirou o celular com uma foto do Bruno beijando alguma garota qualquer. Do ângulo que a foto havia sido tirada não dava para ver seu rosto, apenas, um pouco do cabelo preto e a camisa de botão que usou no dia que fomos ao cinema. A garota era ainda menos visível. Tudo o que consegui ver pela pouca de luz no local foram lindos cachos que iam até a sua cintura.

Sempre é você |Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora