Capítulo 23

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E eu preciso que você precise 

de mim pra ficar

Seconds of summer.

Virei o copo outra vez e sinalizei para que o garoto o enchesse de novo.

Minha cabeça estava um nó e eu não sabia o que pensar.

"Porquê diabos ele veio atrás de mim, mesmo depois de eu ter gritado aos
quatro ventos que sentia nojo dele?"

- Tem certeza de que era o Victor? - Perguntei, após virar outro copo.

- Já falei que era o cara. - Afirmou impaciente. - Ele ligou, eu atendi e me
perguntou onde você estava. Disse que não te deixasse ir a lugar nenhum e não foi difícil já que você desmaiou no balcão. E 15 minutos depois o cara chegou, te pegou no colo como se fosse uma boneca de porcelana e ele o príncipe encantado, e te botou dentro de um carro preto. Outra pessoa teria
chamado a polícia por sequestro... - 0 barman deu uma pequena pausa e
esboçou um sorriso insinuativo. - mas pela forma como o senhor babaca te
olhava, dava pra ver que ele seria fisicamente incapaz de machuca-la!

Levantei minha vista até o seu rosto e o encarei perplexa, a procura de
qualquer coisa que me dissesse que ele estava tirando uma com a minha
cara; rindo as minhas custas. Victor não poderia ter feito algo assim, ele tinha
uma noiva e não fazia sentido estar a minha procura tão tarde da noite. E
outra, se ele tinha ido me buscar no bar, porquê era o Bruno que estava em
meu sofá? Não fazia sentido algum...

- Então quer dizer que não se acertaram, né?
- Enquanto eu tinha um batalha
interna, a voz do garoto me puxou de volta.

- Na verdade não! Eu nem fazia ideia de que o Victor tinha me levado para
casa. Achei que tinha sido o Bruno, meu melhor amigo... na época. - Lembrei-
me do nosso afastamento.

- E o que está esperando para ir atrás dele?

- Não dá. Faz quatro meses desde a última vez que nos vimos e não foi nada agradável. É provável que agora ele já esteja nos preparatórios do casamento...

- Pelo pouco que o vi, bem pouco mesmo, não parecia ter outra garota na jogada e muito menos um casamento.

- Não precisa parecer quando se é um fato. - Murmurei cabisbaixa.

- Precisa falar com o senhor babaca, e deixar tudo em pratos limpos antes que ele se case com a pessoa errada e os dois passem o resto da vidainfelizes.

- E a garota?

-Ela também vai acabar sendo infeliz por passar a vida ao lado de um cara que não a ama. Será um favor para os três, acredite em mim!

- Você é bom nisso. - Elogiei surpresa. O barman gatinho tinha razão.

- Estou no primeiro ano de direito. Aconselhar ou defender pessoas injustiçadas é algo natural. - Disse orgulhoso de si mesmo, porém sem ser egocêntrico. E sorri grata. Depois disso, decidi que estava na hora de ir para casa. O garoto me chamou
um táxi e esperamos por ele juntos na calçada. E enquanto, tentava me
equilibrar sobre os meus próprios pés me recordei de nunca ter perguntado
seu nome; por dois anos inteiros. Costumava frequentar o bar quase todas as
noites antes do Victor voltar de New York, mas nunca cheguei a me interessar
pelo nome do rapaz que sempre foi gentil comigo.

Sempre é você |Vol. 2Onde histórias criam vida. Descubra agora