São as coisas que mais amamos que nos destroem.
A esperança.
Dois dias haviam se passado desde a trágica e surpreendente noite de sábado. As horas que passei trancada com o moreno de olhos castanhos, não haviam deixado meus pensamentos nem por um milésimo de segundos. Se fechasse os olhos, ainda conseguia sentir a maciez dos seus lábios. O hálito de vodka e menta... e se me esforçasse um pouco mais, poderia sentir o seu perfume amadeirado.
Entretanto, não era apenas Victor que não saia da minha cabeça. Goes me ignorou durante o final de semana inteiro. Não atendeu nenhum das minhas ligações e apenas visualizou minhas mensagens. Por um lado eu estava chateada, mas por outro, o comportamento do Bruno me deixou preocupada.
Apesar de tudo, ainda éramos amigos... amigos que quase transaram, mas, ainda sim amigos!
Ele não podia me abandonar justo quando eu mais precisava dele.
Por mais que eu não gostasse muito da ideia, Augusto estava certo, aconteceu algo entre mim e Bruno dentro daquele carro, e eu precisava resolver o incidente antes de qualquer coisa. Pelo bem da minha amizade com o capitão.
Larguei o suco sobre a mesa e me ajeitei na cadeira ao ver Bruno adentrando o refeitório junto à Pires e Japa, seus melhores amigos. Os dois que vinham alguns passos atrás, levavam uma conversa animada, enquanto Bruno parecia tenso ao passar o olhar por todo o refeitório. Reparei em como estava bonito aquela manhã, com um jeans escuro e uma camisa polo na cor preta. Algumas mechas de cabelo caiam levemente sobre seus olhos, me fazendo sentir necessidade de passar os dedos pelos fios rebeldes e aquieta-los sobre sua cabeça.
Esperei que seu olhar caísse sobre mim e o mesmo caminhasse até a minha mesa, como sempre costumava fazer, mas não foi bem isso o que aconteceu. Sim, seus olhos me encontraram em meio a multidão, e permaneceram sobre mim por longos segundos. Contudo, Bruno não caminhou até mim. Ele apenas se virou para os amigos, falou algo para eles e andou na direção oposta. Ver Goes me dando as costas foi como se alguém tivesse arrancado uma parte minha.
Meu coração gelou ao vê-lo passar pela porta dupla e sumir da minha vista. Eu me sentia totalmente atordoada, confusa e decepcionada. Um pouco comigo por tê-lo beijado, quando na verdade eu queria beijar o Victor. E um pouco com ele, por estar fugindo de mim. Mesmo o rapaz me dizendo que a única coisa que nutria por mim era um sentimento de amizade, eu sempre soube que não era só isso. E mesmo assim, por um ato egocêntrico e irracional, abalei nossa amizade.
Machuquei Bruno, mesmo não querendo acreditar nessa possibilidade. Sem aguentar ficar por mais tempo ali, parada, caminhei até os amigos do rapaz que estavam na fila para comprar o lanche.
- Oi, sabem pra onde o foi o Bruno? – Os garotos mal tinham me olhado e eu já tinha despachado a frase toda. Os dois me encaravam com uma certa surpresa, pois nunca chegamos nem a nos cumprimentar com um simples balançar de cabeças. Era sempre assim, Bruno me avistava de longe e logo se despedia dos dois. -Alguma gata sarnenta comeu a língua de vocês? – voltei a perguntar impaciente, quando não recebi uma resposta. Pires e Japa se entre olharam, todos dois com um sorriso idiota no rosto, como se conversassem mentalmente. Em sincronia, voltaram a me encarar e Japa, o Moreno de olhos Castanhos, resolveu abrir a boca.
– O Goes não dá satisfações a ninguém, gatinha. – O atrevido deu ênfase ao sobrenome do Bruno, provavelmente, me repreendendo por chama-lo pelo primeiro nome.
– Bruno poderia andar com gente menos escrota. – Provoquei. Estava prestes a dar a volta e procurar por ele, sozinha, quando escuto Pires se pronunciar:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sempre é você |Vol. 2
FanfictionAgora, a garota desacreditada no amor, se tornou uma mulher com responsabilidades e sonhos. Babi quer se tornar professora, e se possível, em um futuro mais a frente, se aventurar na publicação de alguns livros. Mas por enquanto a jovem está a focar...