Um novo acordo

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Park Chaeyoung pov

Meu irmão estava certo, o primeiro ano da faculdade foi meio... chão que não existe uma palavra para isso, mas eu com certeza sai da minha zona de conforto. Peguei três matérias a mais nos dois primeiros semestres, esse ano pretendo pegar leve, só vou fazer duas a mais.

Sobre ter amigos.... Isso é complicado, pedir a minha confiança nas pessoas, meio que criei um escudo contra qualquer pessoa que tentasse se aproximar. Frases curtas, respostas óbvias e agindo de forma grossa. Eu não queria ser assim, eu juro que não queria, mas tenho medo que aquilo volte a acontecer, tenho medo de me machucar outra vez.

Desde o término só a vi uma única vez, na qual eu me escondi. Foi naquele momento que percebi o quanto ela ainda mexia comigo. Meu percurso é de casa para a faculdade, e nos finais de semana para a floricultura. Meus únicos atuais amigos são três imbecis, sendo Hoseok amigo de infância do meu irmão, Namjoon e JungKook são os de faculdade. Como ainda não tenho vinte e gosto de seguir a lei, eles pegam no meu pé e me chamam de bebê, mas sem sombra de dúvida que são as melhores pessoas que conheci e fiz amizade.

Estamos em fevereiro, as aulas começaram a quase duas semanas e já estou atolada com trabalhos, peguei as aulas extras na sexta e segunda, assim posso controlar minha rotina. Neste momento estão decidindo as equipes para um trabalho sobre psicologia aplicada. Trabalho em equipe sempre é um pouco desgastante. Minha equipe é composta por três mulheres, Bo-ra, Yuju e Ji-won.... Elas parecem legais, mas eu não sou muito de conversa.

— Podemos fazer no final de semana. - Disse Yuju.

— Eu não posso. Só tenho tempo depois das aulas, mas nas segundas e sextas fico ocupada até às três. - Bem que eu gostaria de resolver isso no final de semana.

— Isso complica. - Disse Bo-ra. - Não tem como dar um jeito?

— Infelizmente não. - Fui clara.

— Você pode corrigir? - Sugeriu Ji-won

— Corrigir? - Perguntei só por garantia.

— Sim, se tiver algum erro ou concordância. - Disse Yuju

— Sendo assim, eu posso. - Comecei a anotar meu email no papel, não gosto de dar meu número para qualquer pessoa. - Me mandem por email.

— Não pode dar seu número? Fica mais fácil para discutirmos o assunto ou erros. - Disse Yuju.

— Não. Eu mando as alterações destacadas por email. Se tiverem qualquer dúvida ou precisarem de ajuda me digam.

Entreguei o papel e depois voltei para a minha cadeira, que fica praticamente do outro lado da sala. O professor gosta de fazer trabalhos em dupla e sempre escolhe com quem eu vou fazer, já que não consigo escolher sozinha e não tenho amigos para me chamarem.

— Senhorita Park, poderia ficar depois da aula?

Os cochichos poderiam ser escutados, não é que seja ruim levar reclamação de professor de faculdade, é apenas horrível. Mas eu sei que isso não vai acontecer, então apenas confirmei.

Quando deu a hora esperei até que todos saíssem para que eu me levantasse, dando tempo para que ele guardasse aqueles papéis, que estavam em cima da mesa.

— Fez o que eu te pedi?

Ele é um ótimo professor, já fiz três aulas com ele e esse semestre tenho mais duas. Ele é formado em psicologia e desde o começo notou que algo estava errado comigo. Meu jeito calado, a minha falta de amizade e a forma como eu me distancio das pessoas.

— Sobre me enturmar? Não. - Eu nem sequer tentei.

— Já tentou pelo menos? Nem que seja um bom dia ou um oi?

— É difícil falar com pessoas estranhas.

— Todo amigo é um estranho antes de se tornar alguma coisa.

— Mas professor, Kang. Eu tenho tentado, até parei de ignorar o Yoongi.

— Tem tentado?

— Sim, dei até meu email para alguém. Eu tô tentando, vou ter um amigo até o final da faculdade.

— Sei, anda fazendo terapia?

— Sim, sempre marco e nunca vou.

— Chaeyoung, como vamos resolver isso desse jeito? Lembro de sua carta do primeiro período e aquela promessa. - Maldita carta, eu meio que desabafei sem dizer o que tinha acontecido, mas contei meus traumas ou diminui eles ao máximo.

— Eu prometo que vou tentar.... Dessa vez. Prometo que vou dar meu número a alguém.

— Porque não fazemos assim. Você aparece na minha aula de Ética com a turma de jornalismo e eu te deixo em paz até a metade do semestre.

— Só uma aula?

— Sim, só uma e na quinta feira à tarde.

— Eu aceito.

Apertamos a mão como duas pessoas civilizadas. Eu não quero estar lá, mas isso vai me render mais alguns meses de distanciamento.

Superando Traumas - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora