Superando Traumas - Chaelisa

Uma decisão

Lalisa Manoban pov.

Tínhamos um plano, Park devia um favor a Jisoo, uma noite com bebida caso minha amiga precisasse dela. Apenas esperamos até o domingo, porque ela possivelmente não poderia vir no sábado já que trabalha no outro dia. Jisoo a ligou e ela não recusou ou questionou o que estava acontecendo, sua voz estava mais calma e diferente da que normalmente fala comigo, o que me entristeceu um pouco, mas saber que vou vê-la em breve me deu um pouco de ânimo.

Foram inquietantes horas e Kim não parava de me importunar, essa garota adora fazer insinuações bem vergonhosas. Talvez eu tenha ensinado isso a ela, mas antes ela me ensinou tudo que eu precisava saber.

Quando cheguei aqui na Coreia, ela me ensinou tudo que meu curso não foi capaz, desde gírias, palavrões, ditados e palavras de velhos. Ela foi uma verdadeira mentora nesse novo mundo.

Ao som da companhia eu pulei do sofá, arrumei meu cabelo e roupa, Encantando a porta como se o meu futuro fosse atravessá-la em segundos. Chaeyoung estava linda como sempre, havia uma mochila em suas costas e um lindo sorriso que sumiu ao me ver.

— Era uma armadilha?

— Sim e você caiu direitinho. - Jisoo disse.

— Quer tanto assim me explicar o que aconteceu ou quer falar os detalhes do beijo? Porque se for por isso, não precisa. Eu não preciso saber a forma como outra pessoa te beijou.

— Jisoo, você pode...- Tentei dizer, mas minha amiga já estava preparada.

— Eu estou indo ao café terminar alguns trabalhos. Quando a reconciliação acontecer, vão para o quarto, eu não quero ver nada acontecendo na minha sala quando eu voltar.

Jisoo saiu antes mesmo que a Chaengie intervisse. Tirou a mobília das costas e a deixou no sofá. Eu sabia o que dizer, mas estava nervosa, então me sentei no sofá e pedi para que fizesse o mesmo.

— Desculpa por ter estragado seu aniversário.

— Não estragou, só o fez ser como todos os outros.

— Nunca passou um aniversário feliz?

— Essa não é a questão. Você não me deve explicações, mas quer.

— Eu não deveria ter mandado a mensagem.

— Eu pedi para não ser enganada, você fez o certo. Se arrepende também do que fez quarta?

— Não.

Ela levantou e rapidamente agarrei sua mão, se ela atravessasse a porta não haveria chance alguma de uma reconciliação ou que eu consiga pelo menos me explicar.

— Eu não me arrependo porque não fiquei com ninguém. Até pensei, mas desisti logo em seguida e não tinha mais como voltar atrás depois que você visualizou.

— Não ficou mesmo com ninguém? - Vi aquele brilho surgindo nos seus olhos, ela acreditou no que eu disse.

— Não.

Com um piscar de olhos sua boca estava na minha. Era bom sentir isso de novo, todas as milhares de borboletas no meu estômago. Ela já tinha sentimentos por mim desde o primeiro beijo e agora posso perceber isso, pois nesse também havia paixão. Mesmo gostando de estar junto a ela, eu tinha que falar mais uma coisa, nunca quis enganá-la e sempre gostei de deixar tudo o mais claro possível.

— Espera, tem outra coisa. Eu sei que mentiu naquele dia, quando te perguntei se gostava de mim. - Ela arregalou os olhos, acho que descobriu que não mente tão bem. - Só fiquei te tratando daquele jeito porque sabia que era mentira e queria que você percebesse que ter sentimentos por mim não seria uma coisa boa. Então me desculpa por ter sido uma imbecil com você.

— É tão terrível assim ter sentimentos por você?

— Sim, é. - Ela se afastou, levando a mão ao cabelo e o passando para trás, só que não adiantou muita coisa. - Eu não posso pedir para que fique comigo, não posso te pedir em namoro ou aceitar algum pedido. Mas eu...

— Quer que eu continue com você?

— Sim, eu quero. - Eu preciso de você, mas nunca vai me escutar falando isso e só de pensar já dói.

— Só seremos ficantes e nada mais? - Confirmei. - Você ainda vai continuar ficando com outras pessoas?

— Não. - Porque você já é mais que suficiente.

— Isso já é um namoro, eu gos.... - Não podia deixar que continuasse, então a beijei só para calar sua boca. - Lalisa.

— Não continua. Só me escuta, isso só vai ser um namoro se existir rótulo, se existir uma preocupação, carinho e sentimentos de ambas as partes. - Coisas essas que já existem. - Eu não quero te magoar, sei que posso fazer isso e já fiz, só não quero que se existir uma próxima seja pior e para isso... temos que continuar como estamos, sendo apenas ficantes. - Park deu um passo para trás mais uma vez, fazendo meu coração apertar.

— Todos os seus ficantes tem data de fim. Começamos naquela festa, há exatas três semanas, o Suga disse que isso é o máximo que você passa com alguém. - Maldito seja Min Yoongi. - Então porque não acaba logo com isso?

— Acha que três semanas são suficientes?

— Nem uma vida seria suficiente.

— Então a decisão é sua. - Porque infelizmente eu não sou capaz de te prender, de tomar essa decisão por nós duas e de te fazer minha.

— Se eu aceitar... - Deu um passo em minha direção. - Por quanto tempo iremos ficar?

— Uma pergunta muito difícil.

— Você não sabe? - Neguei. - Tudo é uma incerteza ou você não faz questão de saber?

— Não faço questão.

(...)

Park Chaeyoung pov

Eu tinha que tomar uma decisão. Que poderia ser fácil há uma semana, mas agora depois de tudo que aconteceu, parece que não.

Tenho duas escolhas, ficar com ela sem compromisso algum, coisa que já estava acontecendo ou perdê-la para um possível sempre. Eu gosto dela e agora ela sabe disso, sabe mais do que ninguém que apenas entrei nessa "furada" porque sinto algo.

Lalisa se preocupa comigo, me trata bem, gosta de passar um tempo comigo e de me mandar mensagens, mesmo que não sejam as mais fofas do mundo, mas se dá o trabalho de me agradar. O que temos não é diferente de um namoro, só o que muda é seus sentimentos, que eu não faço a mínima ideia do que seja e um rótulo. Talvez ela sinta algo, mas duvido que seja amor, duvido que seja o mesmo que eu sintonia que esteja apaixonada.

Lisa já disse repetidas vezes que gosta de ser livre e que um rótulo acabaria com isso. Ela pode pensar que eu ou qualquer outra pessoa a controlariam, mas ela não é um bicho para ser controlada. Se ela quer ficar comigo e se sentir livre... então é isso que terá.

— Nossa, ainda não se resolveram? - Jisoo havia acabado de entrar.

— Pensei que fosse ficar mais tempo fora. - Eu disse.

— Estava chato e fiquei com medo de se vocês duas se matarem, mas e aí, não se resolveram?

— Ela só precisa me dar uma resposta. A decisão é dela. - Lisa disse.

Olhei a hora no celular, estava muito tarde para pegar um ônibus seguro e onde estamos os táxis são mais caros. Minha única opção é passar a noite aqui. Eu já tenho a resposta, só que não quero lhe dar agora. Lá no fundo ainda há ciúmes, raiva e tristeza, que juntas são péssimas quando se trata do coração.

— Quer beber? - Jisoo perguntou. - Você veio para me ajudar com o coração e beber um pouco. Comprei mais três garrafas e isso pode te ajudar a pensar.

— Kim Jisoo. - Lisa reclamou.

— Aceito.

— Aceita? - Lisa perguntou um pouco espantada e eu apenas confirmei, acho que ela não vai gostar de me ver alterada.