Arrependimento

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Park Chaeyoung pov.

Avisei aos meus pais que dormiria na casa do meu irmão e avisei ao meu irmão que dormiria na casa de uma amiga, mas que ele não pensasse nada errado, já que ela era comprometida e apenas minha amiga.

Descobri que Jisoo morava perto da faculdade, quase vinte minutos a pé e isso para ela deveria ser maravilhoso. Já que ela não gosta de pegar ônibus e se recusa a andar de carro se o tempo até seu destino é menor que meia hora.

No meio do caminho ela me informou que só teria duas garrafas de soju em casa, então passei no supermercado e comprei mais três.

— Oi. - Foi a única coisa que consegui dizer.

— Deve tá doendo muito.. - Pegou a sacola da minha mão, me arrastando para dentro com a outra livre. - Bem-vinda ao meu lar.

Parecia o apartamento do meu irmão, só que bem maior, a cozinha e a sala poderiam ser vistas de qualquer lugar. Pude perceber que lá dentro havia no mínimo três quartos, o que a torna maior. Jisoo disse que era bagunceira, só que a única coisa que percebi foram algumas roupas em cima do sofá.

Ela colocou as garrafas dentro do congelador, porque estavam um pouco quentes e depois veio até a sala.

— Já tomou café? - Neguei. - Então acho que adivinhei. Você não pode beber de barriga vazia, assim não vai aguentar até o almoço. - Se dirigiu de volta à cozinha, parando em frente ao fogão. Ali em cima havia uma panela com Lamen, ou lamens, não parecia só uma porção.

— Queria estar morta até o almoço.

— Ela te fez alguma coisa? Ou ainda está te ignorando?

— Ela disse que iria ficar com alguém. - É ainda pior dizer isso em voz alta.

— Ah não, não acredito que ela foi fazer isso.

— Olha aqui. - Lhe entreguei o meu celular.

— Que cretina. - Ficou analisando por mais alguns instantes e depois me devolveu o celular.

— Acho que ela descobriu que hoje é meu aniversário e quis me dar esse presente.

— Hoje é mesmo o seu aniversário?

— Sim. - Ela me abraçou bem apertado, se afastando ao perceber que estava apertado demais e retornando ao fogão.

— Sinto muito que esteja comemorando assim.

— Sinto muito por estar te atrapalhando hoje.

— Amigas são para isso, mas na minha vez quero que faça o mesmo.

— Pode deixar.

Ela praticamente me obrigou a comer toda a minha porção, disse que se eu não comesse não me deixaria beber e tentaria ligar para Lisa. Como se ela se importasse comigo.

Começamos a beber logo em seguida, depois de lavar os pratos, é claro. O soju ainda era amargo, assim como eu me lembrava. Kim não bebe muito Ou pelo menos quer ser a única sobre a dentro dessa casa hoje. Minha amiga me escutou sem questionar, desde os momentos em que disse o nome de Lisa e que a chamei de linda, aos momentos em que a chamei de idiota e sem coração.

Juntas secando três garrafas, em três horas, suas bochechas estavam vermelhas e havia um olhar de sono em seus rosto, creio que eu não esteja diferente.

Ela não queria que eu ficasse bêbada logo e às vezes me impedia de beber uma atrás da outra, também dizendo que eu deveria falar mais e deixar tudo sair antes de ficar completamente embriagada.

Quando eu ia abrir a quarta garrafa, seu celular tocou, lá no fundo eu torcia para que fosse ela, mas a outra parte dizia que não, porque nesse momento ela estaria beijando outra pessoa ou a tendo em sua cama, tudo é uma probabilidade e imaginar isso me deixava com raiva

— É a Lisa. - Não morre mais.

— Imbecil. - Virei o copo.

— Oi. Sim, estou em casa. Acho melhor não.

— Aish - Mais outro para dentro.

— É a Park, ela veio beber e por sua culpa. Ela disse do trato que fizeram, que se importaria, mas que não questionaria suas decisões. Não vem, ela obviamente não vai querer que você a veja assim. Pode deixar, eu cuido dela, já que você...Se cuida também, depois quero conversar com você e acredite, você se encontra fodida, Lalisa Manoban.

Jisoo parece assustadora quando está falando sério, principalmente se está brigando com alguém e isso dá medo.

Quando ela jogou o celular no sofá, começou a beber no mesmo ritmo que eu. Parecia não mais querer ser a única sóbria e dava para sentir a raiva que transbordava por seus olhos. Ao fim da quarta garrafa, minha visão já se encontrava turva, sei bem o que significa isso. Significa que cheguei ao meu limite e que a qualquer instante irei desmai.. ..

(...)

Lalisa Manoban pov.

Ignorei todos os outros, indo diretamente até Chaeyoung, ela estava com os óculos de ressaca de Jisoo. Sem lhe perguntar, tirei os óculos de seu rosto, ela rapidamente fechou os olhos por conta da recente claridade, mas mesmo assim dava para ver o que eu queria, as olheiras de ressaca que cobriam suas pálpebras e que provavam que havia bebido ontem. Eu poderia perguntar porque bebeu, mas estava óbvio, eu lhe dei o pior presente de aniversário que alguém poderia receber. Passei a mão por seu rosto, assim como ela sempre fazia com o meu, de forma calma e suave, só que isso não era suficiente. Então encostei nossas testas, ficando a centímetros de sua boca e não ousando sequer encostar por um breve momento que fosse. No instante em que abriu os olhos, pude notar uma certa confusão e tristeza, não eram mais os olhos que me levaram à loucura, e isso tudo era culpa minha.

— Ta de ressaca? - Suga perguntou e ela confirmou que sim. - Nossa, você bebeu?

— Beber é pouco, ela encheu a cara. - Jisoo disse.

— Poderia ter me chamado. Um vacilo ter feito isso comigo.

— Você não aguentaria escutar o nome da Lisa repetidas vezes.

Suga falou alguma coisa cochichando, mas eu não consegui entender e nem me importava. Só me importava com Chaeyoung.

Já fazia um bom tempo que nos olhávamos, eu queria beijá-la, mas depois de tudo isso... tomar essa atitude se tornava errado.

— Desculpa, eu não sabia que era seu aniversário. - Que burra, isso não justifica nem um pouco o que fiz.

— Era seu... - Suga tentou dizer, mas sua voz foi abafada, acho que Jisoo tapou sua boca para que não nos interrompesse.

— Você não tinha como saber e não tem porque pedir desculpas, eu estava comemorando meu aniversário de qualquer forma. - Pegou os óculos da minha mão, colocando de volta no rosto. - Apenas o meu aniversário. - Dava para perceber tristeza em sua voz, eu não podia olhar seus olhos, mas eu tinha sensação de que eles poderiam estar levemente úmidos.

— Park, precisamos conversar sobre aquela mensagem.

— Não precisa explicar.

— Mas eu quero.

— Relaxa, não precisa. Eu tenho que ir para a aula, tchau.

Ela sempre diz algo como: nos vemos mais tarde, te mando mensagem ou a gente se vê por aí, mas nem isso ousou fazer.

Agora era ela que estava fria, desde que nos conhecemos ela nunca se comportou assim. Era sempre séria, mas nunca fria.

Porque diabos fui mandar aquela mensagem?

Superando Traumas - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora