Recomeço

439 50 33
                                    

Sete anos depois...

Lalisa Manoban pov.

Pelo que me recordo, essa foi a primeira vez que transamos nesses últimos seis meses. Não era falta de energia ou amor, porque ainda nos amávamos muito e energia nunca faltava quando o assunto era nós duas peladas em cima de uma cama.

Foram os fatídicos acontecimentos que levaram nossa vida sexual embora. Juntamente com diversas coisas que tornavam meus dias felizes. Diversas coisas que me faziam sorrir.

Minha esposa dormia de bruços sobre a cama, vestindo absolutamente nada e assim mostrando suas tatuagens. Um caminho feito com flores simples que começam na virilha do lado direito, passando pelas costas e assim chegando perto do pescoço. Também há um coração no dedo da nossa aliança de casamento, sendo essa a que decidimos fazer juntas. E por fim, a frase "You know our love would be tragic" (Você sabe que nosso amor seria trágico), a letra da música da nossa música. Que se localiza em seu braço, pouco antes do cotovelo e que pode ser facilmente escondida, com uma camisa de manga, por conta de toda formalidade do trabalho.

Embora estivesse bem tarde e ela tivesse me cansado muito, eu não conseguia fechar os olhos e ir dormir, porque minha cabeça não parava de pensar em tudo que ocorreu nesses últimos dois anos de nossas vidas.

Levantei da cama e vesti meu robe, seguindo até o final do corredor da nossa casa, parando de frente a uma porta azul e trancada. A Chaeyoung escondeu a chave desde a última vez que entrei aqui, até consigo entender o motivo, eu desabo toda vez que entro nesse quarto, mas neste momento eu queria muito entrar. Quem sabe olhar para tudo uma última vez e me despedir.

Dizer o tão esperado adeus que passei mais de um ano tentando dizer.

Sem que eu esperasse, senti dois braços rodeando minha cintura e logo um queixo sendo repousado em meu ombro. Creio que ela sentiu minha falta na cama e veio me procurar, sabendo exatamente onde eu estava.

— Será... será que pode abrir? - Eu pedi.

— Liz... - Aquilo era um não, mas eu precisava muito de um sim.

Me virei para olhá-la, notando que não estava pelada, mas que vestia uma das suas tantas blusas folgadas.

— Por favor, só hoje. - Eu pedi mais uma vez, implorando com o olhar que ela me deixasse entrar ali.

Ela mal conseguia me olhar por dois segundos e isso estava expresso em seus olhos lacrimejados, aqueles olhos que guardam tanta dor, assim como os meus.

— Okay, vou buscar a chave.

Eu não venci essa batalha de convencê-la, pois lembro de implorar várias outras vezes e receber um não como resposta, mas posso jurar que ela quer entrar aí dentro tanto quanto eu. Ela voltou com a chave em mãos, abrindo com um pouco de hesito e após respirar bem fundo. O quarto estava do mesmo jeito que deixei, exceto pela fina camada de poeira que tomava conta dos móveis. Me coloquei em frente ao berço e ela não tardou em me abraçar por trás, deixando a cabeça bem ao lado da minha.

— Sinto falta dele. - Eu disse, acariciando as mãos dela.

— Também sinto.

— Será que podemos dar um jeito no quarto? Doar as coisas? - Estava na hora de fazer isso, já faz mais ou menos um ano que ele se foi e não podemos viver com essas tristes memórias eternamente.

— Você quer mesmo fazer isso?

A voz dela estava mais triste do que quando disse meu nome antes de abrir a porta, então me virei para olhá-la e talvez assim conseguir convencê-la a fazer isso.

Superando Traumas - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora