Autógrafo

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Lalisa Manoban pov.

Nunca a vi antes da festa, sempre usa roupas largas e que parecem muito "confortáveis". Não tem redes sociais além de um aplicativo de mensagens, ou é pelo menos isso que sei até agora. Não é de sorrir, sempre está séria e só a vi gaguejar uma vez. Sabe o que quer e tem uma voz de decisão tomada. Quem é você Park Chaeyoung?

Como pode surgir assim do nada é ter toda a minha atenção inteiramente para você? Talvez isso seja papo de alguém levemente bêbada ou só mais umas das coisas que vem acontecendo recentemente, questionamentos sobre Park Chaeyoung.

Se eu fosse escritora como a Jisoo, poderia muito bem fazer um livro sobre todas as coisas que eu gostaria de lhe perguntar.

Desde o porquê não sorri, ao porquê tem o sorriso mais encantador do mundo. Desde porquê parece ser tão tímida, mas na verdade não é nada disso.

Eu tenho incontáveis perguntas para lhe fazer, mas não posso fazer uma sequer. Isso seria passar dos meus limites e já fiz isso com ela, já extrapolei todos eles. Desde torná-la ficante, a gostar de sua companhia e jeitos. Se eu estivesse louca, poderia jurar que sinto algo, mas não, não passa de fogo e logo logo vai passar. E quando passar ela vai embora... simples. Assim como todos sempre vão.

(...)

Não posso dizer que acordei com ressaca, mas foi quase isso. Tive que tomar um café bem forte para aguentar e aposto que os outros também devem estar assim.

Lá estava Jisoo sentada na mesa que sempre nos sentamos antes de irmos para a aula. Ela usava óculos escuros e aposto que estava de olheiras. Mas não deixava de sorrir.

— Dormiu bem? - Perguntei assim que me sentei sobre a mesa e não na cadeira.

— Maravilhosamente bem, a Chaeyoung dormiu lá e você sabe...- Sorriu de lado, aquele sorriso malicioso que conheço bem. - Mas a minha Chaeyoung e não a sua. - Aposto que ela ficou pensando no que iria dizer.

— Você é uma cachorra.

— Porque? Eu não fiz nada. - Dava para ver que ela sabia do que eu estava falando.

— Você só chamou ela porque sabia o que iria acontecer, Kim Jisoo.

— Não, eu só levei ela porque ela parece legal, você mesmo viu. - É, ela é MUITO legal.

— Isso não cola.

— Agora você tem alguém por um tempo.

— Jisoo, eu só precisaria estalar os dedos para que isso acontecesse.

— Mas ninguém teria um beijo mais que maravilhoso.

— Ei, eu só disse isso uma vez.

— A Seulgi me disse o que viu, ela achou que estava delirando de bêbada.

— Deveria ter visto a cara dela. - Não segurei a risada.

— Até imagino. Estavam mesmo se pegando dentro do boxe?

— Sim, mas conversamos mais do que nos beijamos. Ela queria saber se continuaríamos com isso.

— E aposto que você a convenceu.

— Acho que ela já estava decidida, ela não parece ser o tipo de pessoa que precisa ser convencida.

Essa garota não morre mais. Ela havia acabado de entrar pela porta de vidro do refeitório. Dessa vez estava de calça jeans, uma coisa diferente da que frequentemente usa, mas as mangas de sua blusa ainda são longas. Tenho dois palpites do porquê disso, ou ela não gosta de mostrar os braços ou pode ter cicatrizes ali. Mas prefiro não me arriscar em descobrir.

Ela se aproximou sorrindo, de forma encantadora, assim como sempre.

— Oi. - Ela disse sorrindo, ficando bem na minha frente.

— Oi. - Eu falei lhe dando um selinho rápido.

— Nossa, dessa vez segurar vela ficou diferente.- Jisoo disse.

— Porque? - Eu perguntei.

— Minha melhor amiga beijando uma amiga, nenhum dos outros chegou a ter alguma amizade comigo. É um pouco estranho. - Pior que é verdade, Jisoo quase não falava com eles e nem sequer fez amizade nesses períodos.

— Se quiser... - Chaeyoung tentou falar, acho que para deixarem de ser amigas ou coisa assim.

— Nem ouse terminar. - Jisoo disse. - Eu tenho aula em cinco minutos. - Levantou olhando para o relógio em seu pulso.

— Já vai? - Chaeyoung perguntou e Jisoo confirmou. - Pode fazer uma coisa antes de ir?

— O que? - Jisoo perguntou curiosa assim como eu.

Park colocou a mochila de lado, retirando o livro de Jisoo. É bom ver alguém se interessando pelo que minha amiga escreve. Ela tem talento e escreve muitíssimo bem, só que é insegura com isso e fala várias vezes sobre desistir.

— Eu quero um autógrafo. - Aquelas palavras simples fizeram Jisoo retirar os óculos e olha-lá espantada.

— Unnie? - Eu a chamei para sair do transe.

— Você quer? - Ela perguntou para confirmar e a Chaengie confirmou.

Acho que vou chamá-la assim, parece fofo.

Minha amiga pegou o livro de sua mão, abriu em alguma das primeiras páginas e começou a rabiscar algo.

— Para Park Chaeyoung, mulher misteriosa e encantadora, que parece ser uma ótima fugitiva. Ps: Segundo minha melhor amiga, você tem um beijo mais que maravilhoso.

— Kim Jisoo. - Eu a repreendi.

— Fui.

Ela entregou o livro e saiu de fininho, me deixando naquela situação. Chaeyoung não precisava saber disso.

— Eu tenho um beijo mais que maravilhoso? - Ela mordeu a ponta dos lábios, de uma forma que pode acabar com qualquer um.

— Eu não vou dizer isso. - Ela se aproximou mais um pouco.

— Nem em troca de alguns beijos?

— Primeiro andar?

— Quer me esconder?

— Não, mas achei que você gostaria de mais privacidade.

— Aqui não tem tanta gente.

Olhamos para os lados e ela estava certa, havia pouquíssimas pessoas aqui. Coloquei minhas mãos em torno do seu pescoço e ela subitamente levou as suas até as minhas pernas, revogo a coisa de achá-la inocente. Nem a cara dela tem mais.

Estávamos tão perto que já podia sentir seus lábios encostando nos meus, eu queria que ela desse aquela iniciativa, mas parece que também esperava isso vindo da minha parte.

— Não vai fazer nada? - Eu perguntei.

— Queria ver o quanto pode ser impaciente.

— Me provocando, Chaengie? - Ela percebeu o apelido e até sorriu de lado, aquele maravilhoso sorriso. - Não deveria brincar com fog..

Pelo visto tinha acabado de desistir da ideia de me provocar. Assim que nossos lábios se juntaram, suas mãos foram redirecionadas para minha cintura. Mesmo ela sendo assim, "cheia de atitude", seu toque era doce, sem muita necessidade de me manter perto. Na verdade, ela era inteiramente doce, desde o jeito delicado de como me beija, ao jeito de como me olha e me mantém perto.

Superando Traumas - ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora