48. Quinta-feira, 25 de junho.

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Ninguém disse que seria fácil se tornar a Senhorita Jackson. Posso afirmar que o processo é lento, cansativo e muito complicado. Tenho tantas tarefas que meu pai me aconselhou a usar uma agenda.

E agora eu tenho uma agenda, nunca pensei que teria tantos compromissos a ponto de precisar de uma! Seria fácil se eu soubesse usa-la. Wilbert disse que uma agenda facilitaria as coisas na minha vida, manteria a ordem e eu sempre estaria preparada. Agenda pra mim é um apelido para confusão, as vezes esqueço de checar a agenda, outras vezes eu atropelo alguns dos compromissos e no final estou toda perdida.

Listinha da semana:

• Descobri que etiqueta e moda é mais difícil do que pensei, a tabela de cores vai além do arco-íris e que existem vários cortes para roupas. Que vestir-se bem, saber fazer uma maquiagem é uma prioridade e não uma vontade.

• Que existem inúmeros tipos de armamentos e munições.

• Que praticar lutas e aprender novos golpes é fácil para o Jackie Chan, e que assistir os filmes dele não ajudam em nada quando você vai praticar, eu tentei.

• Para que tantos botões e comandos em aviões e navios? Carros são mais simples e fáceis desde que não me coloquem na rua.

• Ser poliglota é uma missão e não um desejo. Segundo Wilbert eu tenho a obrigação e dever de concluir cada missão.

• Cantar e dançar não são apenas talentos naturais, também se aprende desde que tenha dedicação. Discordo plenamente, mas nem em pensamentos direi isso a ele, não tenho voz contra o homem de terno.

• Uma boa empresária tem conhecimentos nas áreas de economia, matemática, e sabe usar bem as palavras expressando sua opinião, alcançando os objetivos estabelecidos por ela mesma, o sucesso profissional só depende de mim. Parece que o Wilbert não me conhece como ele diz.

Esses dias foram longos e cheios de tarefas, estou exausta, estressada, mal humorada e para complicar a minha situação não posso demonstrar qualquer reação negativa com os meus dias porque ninguém na minha casa pode saber, tenho que parecer o mais normal que posso. Quieta, mas feliz. Eu só queria uma piscina pra esquecer o furacão que virou a minha vida.

Como me sinto: Uma sobrevivente, sem forças, respirando porque é automático.



381. P.

Diário de Cecília MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora