77. Sexta-feira, 05 de março (final, parte 01)

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Eram 6h da manhã, quando fui acordada com batidas fortes na porta do meu quarto. Era o bendito do meu primo, Guilherme, me acordando para o pior dia da minha vida!
E pensar que mês passado eu estava comemorando o sucesso da minha grife. Levantei quase caindo, Guilherme, me olhava como se o mundo estivesse em contagem regressiva para explodir, e estava, mas o meu mundo estava novamente explodindo e agora ele não poderia ser salvo por Wilbert, porque justo ele tinha acionado o botão vermelho, foi assim que percebi que eu estava sozinha e sem chão enquanto tudo explodia ao meu redor.
Meu dia foi assim:

• Quase cai da cama, Guilherme, definitivamente não sabe acordar ninguém.
• Cheguei na sala e encontrei minha mãe, meu pai, meus irmãos e a vó Paula.
• Hellen, chegou quase comigo ainda esfregava os olhos, assim, como eu.

Uma reunião familiar e pelo jeito que meu pai e vó Paula me olhavam pensei, "descobriram que sou a Senhorita Jackson", mas foi pior, muito pior.
Eu vi que meu pai tinha um envelope nas mãos e aquilo me deu um medo inexplicável, que logo se tornou o assunto principal da reunião, aquela maldita reunião que me destruiu por dentro e por fora, me quebrando em mil pedacinhos.

Não sei quando vou ficar bem, e por isso, esse será até o momento, o último contato que terei com você, Kevin, meu amigo de papel.

O clima na sala estava bem estranho e tenso, todos me olhavam sem dizer nada. Até que minha mãe quebrou o silêncio, um silêncio que parecia gritar.
- Estamos todos aqui! Agora diga, o que veio fazer a essa hora da manhã?

- Você não faz ideia, não é mesmo! - Vó Paula tinha ódio no olhar, eu tinha quase certeza que a qualquer momento um de nós iria ouvir seus pensamentos.

- Não, Paula! Não faço a menor ideia, vocês já chegaram apressados e exigindo que todos estivessem aqui.

- Ano passado tivemos essa mesma conversa, mas infelizmente, Luz, não pode vir, eu devia ter pedido para que ela ficasse depois do natal. Quando terminarmos aqui, você poderá ligar para ela e confessar os erros e as mentiras que você vem negando todos esses anos. Não minta para a sua mãe, assim, como mentiu para o meu filho.

- Vocês vieram aqui, me acusar de traição novamente. O que está acontecendo, Fernando? Fala alguma coisa.

- Pai, o que está acontecendo aqui?

- Não me chame de pai, Cecília, porque eu não sou. A sua mãe nos enganou, eu queria continuar tendo a mesma ligação de antes com você, mas eu não consigo e todo esse tempo eu fiquei tentando não pensar, queria que você fosse a minha filha de verdade. Eu pensei em aceitar e acreditar na Lúcia, mas aquilo não saía da minha cabeça, naquele dia que vi você chorar trancada no seu quarto resolvi deixar tudo pra lá, não importava mais se você era, ou não, a minha filha.

- Mas, Fernando, se sentia traído. Então, eu disse a ele para que fizesse um teste de DNA escondido, assim, ele fez.

- Não acredito que você teve a coragem! Eu volto a repetir quantas vezes for preciso, Cecilia, é a sua filha, eu nunca enganei você.

- Você é o meu pai, eu sempre soube! Tenho guardado comigo um exame de DNA feito no ano passado, não vou chorar por sua causa, o senhor, não merece as minhas lágrimas.

- Você é só uma criança, como fez um teste de DNA?

- Eu tive uma ajuda! Mas o que importa é que o senhor odeia a própria filha.

- Você não é a minha filha! - Ele disse, como se sentisse um alivio - O DNA que você tem é falso, esse aqui é verdadeiro, sinto muito, mas nos dois fomos enganados pela sua mãe.

Ele me mostrou o exame, a data do exame era de alguns dias depois do natal. Assim, como eu, minha mãe não entendia aquele teste, e eu não queria acreditar que o homem de terno tinha me enganado com um exame falso. O que o Wilbert ganharia com isso?

- Eu dei a ideia de chamar você para o nosso natal, desse modo, Fernando poderia colher o seu DNA, usamos o copo que você usou nas refeições para levar a clínica, mas mesmo com o resultado nas mãos, meu filho só conseguiu abrir o envelope esses dias, e tudo porque o coitado ficou com pena de você, Cecília, mas eu o encorajei, sua mãe não teve pena dele, porque ele teria que ter pena. - Vó Paula, tinha um riso de vitória no olhar, ela realmente odiava ter qualquer parentesco comigo.

- Jamais enganei você, nunca tive outra pessoa enquanto estava com você. Esse teste é falso, até isso você foi capaz de fazer, falsificar um teste de DNA, apenas, para ter razão, você é muito baixo.

-Eu não falsifiquei nada! Acontece que você mentiu, me enganou e enganou a todo mundo.

- Nunca, eu nunca fiz isso. Posso não ser perfeita, mas isso eu nunca fiz.

- Diga logo quem é o pai de Cecília. Termine com essa história logo Lúcia. Com quem você traiu o meu filho?

- Eu não traí ninguém! Filha eu juro, você é filha do Fernando.

- Mas, não é mesmo!

- Cale a boca velha desgraçada! Eu sei quem é o pai da minha filha.

- Então diga quem é? Porque eu não sou, o exame não erra.

- Eu não sei o que está acontecendo!

- Mas eu sei Lúcia e pelo jeito vamos ter que fazer exame dos meninos também.

- A senhora acha que os meninos não são meus, mãe?

- Parem com isso, os três são seus filhos, Fernando. Tem algo errado com esse exame!

- Tem sim, você quis empurrar a Cecília pra mim. Eu exijo que me diga, quem é o pai dela?

- Bom dia! - Wilbert, entrou na nossa sala, sem ser convidado, deixando todos, ali presentes surpresos, mais surpresa fiquei, quando ele continuou a falar, como se não tivesse entrado de penetra numa discussão familiar.
- Vocês gostariam de ouvir uma história?

.........Continua........

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Diário de Cecília MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora