- Se defender! - vó Paula, disse com deboche. - Por favor, crianças, isso não tem defesa.
[...]
- Vocês não me deixaram terminar a história, e nem prestaram atenção nela. - Disse o homem de terno, ao se virar para a vó Paula, disse. - Paula, você quer tanto que Lucia não preste, que ela confesse uma traição que não aconteceu, vou tentar ser mais claro, talvez, assim, você entenda, use o que sobrou da sua inteligência e ligue os fatos, eu e Lúcia, nunca dormimos juntos, o que ela disse sobre me ver, apenas, duas vezes é verdade. - Wilbert, olhou para meu pai Fernando, e fechou o olhar, até eu fiquei com medo, e nem era para mim que ele estava olhando. - E você, Fernando, quer tanto um chifre como troféu, mas eu sei o porquê que o chifre é tão importante pra você.
- Você não sabe nada sobre mim, seu verme! - afirmou, ele tinha vontade de socar a cara do Wilbert, isso dava pra ver.
- Ah, eu sei! Você é que era o infiel da casa, Lúcia nunca soube disso, mas eu fiquei sabendo, seus amigos comentam sempre que bebem, e eles bebem muito. -Wilbert riu, estava satisfeito com aquilo.
- Você me traia, e ainda tem a coragem de vir aqui questionar a minha fidelidade? Você é quem não vale nada.
-Isso já não tem mais importância, eu não engulo essa de que vocês dois não tinham um caso. Como esse sujeito é o pai de Cecília, se vocês não são amantes?
- Continuando a história! - Wilbert queria continuar aquela história de qualquer jeito, e eu queria somente as respostas, eu tentei interrompê-lo, mas ele não deixou. - Filha, só ouça o restante da história, por favor.
-Sim, pai, se você quer tanto contar uma história, então, conte!
- Você está o chamando de pai, com tanta naturalidade, você já sabia não é mesmo? - Fernando me perguntou, eu não tive tempo para responder, Wilbert foi mais rápido.
- Eu a adotei ano passado, antes de vir aqui, revelar a verdade, a convenci a pedir as assinaturas de vocês para me darem ela em adoção, você não lembra do concurso das escolas? - ele perguntou para o meu pai. - Eram tantos papeis, e vocês não se deram ao trabalho de ler, aceitaram facilmente com uma simples chantagem emocional. E de todos os papéis aqui, só aqueles eram de fato, falsos, inventei para dá credibilidade a minha história. E porque eu inventei uma falsa adoção? Para não tirar da minha filha, a família que ela amava.
- Então era uma mentira! Quantas mentiras você me contou? Vamos quero que fale, se me ama tanto, como diz, porque só apareceu ano passado? Quer contar uma história, então homem de terno, conte essa.
- Porque você o chama de homem terno? - Hellen perguntou, eu já nem lembrava mais que ela estava na sala.
- Porque quando o vi, eu não sabia o seu nome, só conseguia sentir medo dele, aquela conversa estranha de querer adotar uma adolescente com família, dizia que era mais simples, porque com o trabalho dele, ele não teria tanto tempo para cuidar de mim, mas que seria mais presente do que o Fernando, pelo menos isso era verdade, sempre esteve por perto. - Todos olhavam assustados com aquela revelação.
- Eu sei que o inicio da nossa aproximação foi difícil, mas logo você viu que eu não era um daqueles homens cruéis, eu queria me aproximar de você, de um jeito ou de outro, Cecília, não tinha como a nossa história terminar de outra forma, no fim eu sempre vou ser o seu pai.
- Você me entregou um teste falso. Eu não sei como vou acreditar no que você tem para dizer.
- Cecília, o teste que te entreguei não é falso, não totalmente, apenas, troquei os nomes para que você acreditasse que Fernando era seu pai.
- Você não pode ser o pai da minha filha! -minha mãe, parecia ter tomado as rédeas da situação. - Eu preciso saber que loucura é essa, e você nem ouse abrir essa boca pra falar merda, eu nunca te traí, Fernando.
- Entendo você, Lucia, tanta discussão e eu ainda nem pude me explicar.
- Então explique, seu nome é Wilbert, não é isso?
- Sim, eu sou Wilbert Silver, e eu gostaria de terminar a história, porque o jovem adulto sou eu.
Isso foi um choque para mim, mas o pior foi o nome que ele falou.
- Você disse, Silver! Outra mentira, você não tem o mesmo sobrenome que eu, agora entendi, porque precisava de uma falsa adoção, não temos os nomes parecidos.
- Não, não temos! Eu peço perdão, por todas as mentiras que te contei.
- Conte o final da sua história. - Disse Guilherme, que resolveu se pronunciar e Wilbert, resolveu atendê-lo.
- Quando o jovem, no caso eu, recebi o diagnóstico do médico fiquei esperançoso, minha única alternativa era a fertilização in vitro, Deus e a ciência iam me ajudar, fui orientado como tudo deveria ser feito, todos os procedimentos que eu devia fazer, coletar o material, uma doadora de óvulos e uma barriga de aluguel para carregar o bebê, assim, que a fecundação in vitro desse certo, foram seis tentativas até o médico me dizer que tinha dado certo, você é um bebê de proveta, Cecília.
- Impossível, Cecília, nasceu de mim! Pare de criar mentiras.
- Essa história sem pé nem cabeça, só pra esconder um chifre, assumam logo o caso de vocês. Você é o pai dessa bastarda, e a Lúcia é a cachorra da mãe.
- Infelizmente, Lucia, preciso que mantenha a calma, pois, a explicação é de fato, inacreditável. - Ele olhou com serenidade para minha mãe, mas para vó Paula, sua expressão era de ódio. - Paula, você ainda não percebeu que o seu filho e a Lúcia, não são os pais da minha filha. Ela está a horas gritando que não traiu ninguém e o seu filho tem o teste de DNA que prova que ele não é o pai biológico da menina. Você quer uma confissão que não existe. Cecilia é minha filha, só minha, eu poderia ter tirado ela do convívio de vocês, mas Lúcia. - Ele apontou para a minha mãe, que chorava sem parar. - Sofreria muito se descobrisse que a gravidez dela foi uma farsa, que ela na verdade teve uma gravidez psicológica, e que essa gestação atingiu o estágio máximo e a história não acaba aqui.
Wilbert, conseguiu calar a boca de todo mundo, todos estávamos sem acreditar, minha mãe chorava sem parar não conseguia entender o que estava acontecendo. Quanto mais Wilbert falava, eu ficava cada vez mais confusa.
- Então você teve caxumba, e conseguiu ter um bebê, que história absurda. - Guilherme diz com desconfiança.
- Eu ainda tinha um material genético aceitável, era difícil e como eu disse, precisei testar seis vezes, antes, de dar certo.
- Primeiro ele, o Fernando, rouba a minha identidade e agora você! Eu me tornei quem você queria, fiz tudo que pediu e agora descubro que você é realmente o meu pai.- Me permito gritar um pouco, aquilo tudo estava me sufocando, eu precisava pôr para fora. - Você e ele são exatamente iguais, mentiram pra mim, agora, faz sentido, a forma como me tratava sempre enfatizando que era meu pai e que eu era igual a você "igualzinha ao pai, que orgulho de você querida" você sempre gostou de me dizer isso. Agora sei o porquê.
- Porque você é a minha filha. Você tem motivos para me odiar, mas está na hora de você saber a sua história, você não é filha da Lucia, ela nunca esteve gravida de você.
......Continua......
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Diário de Cecília Martin
Narrativa generaleContém registros de uma grande confusão.