- Porque você é a minha filha. Você tem motivos para me odiar, mas está na hora de você saber a sua história, você não é filha da Lucia, ela nunca esteve gravida de você.
[...]
- Eu acompanhei a gestação dela, a ajudei no que pude. - Vó Paula, parecia menos histérica, nunca pensei que ela estaria do lado da minha mãe. - Eu a levei no hospital para ter a Cecília, Fernando estava na estrada, como assim, um bebê de proveta? Eu vi a barriga dela, vi mesmo, tenho fotos.
- A gravidez psicológica de Lucia, atingiu o estágio máximo, como eu já disse, mas não por culpa dela, o sonho dela era engravidar e como estava demorando para acontecer, essa pressão e essa vontade de ser mãe a prejudicou emocionalmente e psicologicamente. - Tudo só piorava a cada palavra que ele dizia.
- Como eu vim parar aqui? Você enrola e enrola, mas não diz o que realmente importa.
- Eu não te abandonei, se é isso, que está pensando, eu perdi você.
O homem de terno, pensou nas palavras que ia dizer, eu não sei se estava difícil para ele, mas eu sei que a minha mãe estava em prantos e não conseguia entender como ela teve uma gravidez psicológica e como sentiu as dores de um parto que não existiu.
- Encontrei uma moça que precisava de dinheiro, e ela aceitou ser a minha barriga de aluguel, cuidei dela e de tudo que envolvia o seu nascimento, com o meu sêmen e óvulos doados de uma outra pessoa fizemos o procedimento e deu tudo certo, a gravidez estava indo bem, mas a moça começou a exigir dinheiro a mais do que tínhamos combinado, resolveu me punir por não ceder as chantagens dela, foi, assim, que ela fugiu para o Brasil. - Eu não acreditava que aquela história podia ficar pior. - Isso não me preocupava, não achei que isso pudesse acontecer, então, sempre a deixei à vontade, foi quando ela roubou você de mim faltando dois meses pro seu nascimento, ela não estava sozinha, teve ajuda de uma prima médica, a médica contou que ela tinha uma paciente, que possivelmente sofria de uma gravidez psicológica, e ao invés de ajudar a sua mãe, com o dinheiro que eu já havia pago, a barriga de aluguel dividiu com a prima e pagaram alguns enfermeiros, para que no dia do parto ajudassem a enganar todos vocês.
- Doutora Aline! Ela parecia ser tão boa, me ajudou com toda a minha gestação, sempre me falava que a minha bebê crescia bem e saudável. Ela falava de você, Cecília, mas na barriga de outra, não acredito que isso aconteceu comigo, eu sentia a minha barriga mexer, como isso é possível?
- A gravidez psicológica tem todos os sintomas de uma gravidez de verdade. Elas enganaram você, fizeram pensar que estava esperando uma menina e quando sentiu as dores do parto, elas colocaram a minha filha como sua bebê, elas colocaram você para desmaiar e fez uma cesariana desnecessária.
- Não consigo acreditar nessa história. - disse, vó Paula.
- O meu plano, Paula, era descobrir onde minha filha estava e com quem estava, assim, eu poderia recuperá-la, mas infelizmente só a encontrei com treze anos, e vendo como era sua relação com a sua família adotiva não quis tirar ela daqui, até que descobri o que o Fernando fazia e fiquei furioso, como ele podia tratar a minha filha daquela forma, ele a tinha por perto e só conseguia desprezá-la. - Wilbert não estava tão furioso agora, estava mais triste. - Mas para vocês, é mais simples acreditar em traição, do que acreditar nessa história, mas o teste que eu tenho aqui, mostra que vocês não são os pais da Cecília, sinto muito por você Lúcia não ter o sangue da minha filha, mas saiba que você foi a razão pelo qual eu inventei toda essa fantasia, porque eu sei como eu sofri quando me tiraram a minha, Ella James Silver, e eu nem pude pegá-la nos braços, ninar ela, cuidar dela desde o seu nascimento, eu perdi os seus primeiros passos, dói muito e eu não poderia fazer isso com você e nem com ela, então, me pus no lugar de pai adotivo. A procurei, a assustei e a convenci a aceitar ser adotada por um estranho, mas de uma forma, ou de outra eu não me afastaria mais dela, isso tudo aqui, teria acontecido de um jeito ou de outro se a Cecília, não tivesse aceitado a minha proposta.
- Eu não tenho nem mãe! - foi a única coisa que eu consegui dizer, em meio as lagrimas que já faziam parte de mim.
- Tem sim, duas mães e sabemos que Lúcia fez um bom trabalho com você.
- Sim, eu sei, nunca vou deixar de ser filha da minha mãe, mas o quero dizer. - Eu não conseguia me explicar. -Não quero trocar de mãe, mas vocês entendem o que quero dizer.
- Eu entendi, minha filha! - minha mãe diz, ao mesmo tempo que me abraça, é impossível não desabarmos em choro. - Me lembro de uma vez você me dizer que me chamaria de Ella, então esse seria o meu nome?
- Sim, foi uma escolha minha e da sua mãe.
- Mãe? Como assim, da minha mãe, quem é ela, o que mais está me escondendo?
- o meu DNA e os óvulos doados de uma amiga, ela também queria ser mãe, e antes que me pergunte, eu e ela nunca fomos um casal, ela, sua mãe, tentou engravidar algumas vezes de seus relacionamentos, mas tinha dificuldade em manter a gravidez, desistiu, até saber que eu ia procurar uma doadora anônima, e disse que adoraria ser a doadora, e me pediu para compartilharmos esse sonho, no início cogitei não aceitar, ela achava que eu estava sendo preconceituoso com a sua dificuldade em engravidar, mas não era isso, eu tinha poucas chances e tinha medo de desperdiçar, conversei com o meu médico e ele disse, que os óvulos dela poderiam funcionar, que talvez seu problema de manter a gravidez se desse a outro fator. Corri o risco e aceitei, e aqui está você, todos me perguntavam o que eu queria, menino ou menina, eu só conseguia dizer que Deus escolheria pra mim, e ele me deu você.
- Quem é a minha mãe?
- Eu deixei poucas pessoas fazerem parte da sua vida, e uma delas foi a sua mãe! Ela ficou radiante de alegria ao saber que finalmente eu tinha te encontrado, ela contava as horas pra poder te conhecer, mesmo não sendo um casal, o nosso sonho era cuidar de você juntos, talvez, guarda compartilhada, e já sabemos que o nosso sonho foi tirado de nós, ela se sentiu culpada, culpada por estar no trabalho enquanto a Carmen, a barriga de aluguel, roubava você de nós.
- Ela faz parte da minha vida? Quem é ela? A doutora Collins, ela é minha mãe?
.......Continua......
1.146 k. P.