Eu podia ter mandado uma mensagem para o Wilbert, mas preferi conversar pessoalmente com ele. A minha casa está quase pronta, nunca vi uma construção ser tão rápida, a previsão de entrega é dentro de um mês.
UM MÊS!
- Minha casa, não acredito!
- Precisamos contratar os seguranças, tenho alguns candidatos que você precisa conhecer. Sua expressão é de curiosidade, acertei?
- Você sempre acerta, mas tem uma coisa, uma coisa que está me tirando o sono. Foi você, como fez isso? Como consegue essas coisas?
- Calma, precisa respirar, do que exatamente você está falando?
- O celular, ele me deu, como?
- Ele quem?
- Meu pai! Ganhou em um sorteio e me presenteou, você tem noção que ele lembrou de mim?
- Que celular? O celular que você tem, foi presente meu, você ganhou um outro celular?
- Não se faça de desentendido, eu sei, eu vejo, foi você e eu só quero que me diga, como fez pro meu pai me entregar?
- Nem tudo sou eu. O que te faz pensar, que eu estou envolvido nisso?
- Ele não quer ser o meu pai, me detesta, mas por outro lado, você faz de tudo pra facilitar a minha vida, parece gostar de mim, como o meu pai deveria gostar.
- Eu gosto de você, gosto de ser o seu pai, porque sou o seu pai. Mas o Fernando, vez ou outra, pode querer assumir o papel de pai, nem tudo sou.
- Que maravilha! Você mente mal, eu quero saber todos os detalhes do seu plano, foi você sim, tem seu dedo ou melhor as suas duas mãos nessa história, meu adorável pai.
- Patrocinei alguns sorteios recentemente, em parceria com algumas empresas, um prêmio para o pai e um prêmio para cada filho, apenas, um funcionário venceu. Fernando ganhou, três celulares e uma quantia em dinheiro, o sorteio foi justo, o resultado é que não foi, Marcos devia ter recebido o prêmio máximo.
- Eu sabia! Você manipulou as pessoas mais uma vez.
- Sua mãe não ia comprar o celular, você o queria tanto, só dei um jeitinho.
- Não coloque a culpa em mim, você faz o que senti vontade, aliás, o celular é idêntico ao primeiro.
- Você pode usá-los, ninguém percebera que são dois, por nada minha adorável filha.
Wilbert sempre fica sabendo do que eu quero, mesmo que eu não conte, ele sempre sabe, isso me assusta as vezes. A boa notícia é que eu tenho dois celulares, o número do Wilbert eu salvei como PAI, ninguém vai notar a diferença.
Como me sinto: uma outra pessoa, não sei explicar bem, mas sei que essa nova eu, é quem eu realmente sou ou devia ter sido desde meu nascimento. Uma Cecilia forte e confiante, ainda tímida, mas sei me expressar melhor hoje do que ontem.
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