54. Segunda-feira, 20 de julho.

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- A terapia não está funcionando.

- Demora um tempo pra começar a fazer efeito. É preciso ter paciência e não desistir.

- Pensei que você estaria aqui! O que aconteceu?

- Acorde e saberá que já estou aqui. Acorda filha!

Eram 08h da manhã!

Me levantei com o susto, não aguento mais esses sonhos, nunca sei quando é real e quando não é. Minha mãe reclamou do horário, disse que eu estava atrasada, não estou, mas ela não pode saber disso.

O dia estava calmo, igual os meus sonhos antes de se tornarem pesadelos. Wilbert realmente estava lá, como de costume bem vestido e com seu sorriso brilhante, sinto que me pareço com ele a cada dia que passa, gostamos das mesmas coisas e até algumas opiniões são parecidas.

Ele está realmente me transformando em uma miniatura dele.

Brian tem um sorriso lindo, mas detesto vê-lo. Todas as vezes que ele está assim radiante, eu tenho problemas. Os problemas atendem pelo nome de:

• Aulas teóricas e práticas sobre armas e;

• Toda vez que aprendo uma luta, ele cria outra.

- Não adianta Brian! Eu sou uma péssima aluna, ensina aquela cadeira ela vai ser uma aluna melhor que eu.

- Só precisa praticar. Não é difícil, você é quem complica antes mesmo de tentar.

- Não é difícil! Como não é difícil?

- Me observe e depois você tenta repetir, preste atenção nos meus movimentos.

Wilbert me contou que foi ele quem treinou o Brian. Os movimentos que ele fazia eram impecáveis e impossíveis de repetir, tentei várias vezes, mas o final era sempre o mesmo, eu e o chão éramos quase um casal.

- Tem certeza que preciso fazer isso de novo?

- A pratica leva a perfeição.

- Quem foi o ser sem juízo, que falou que eu quero ser perfeita?

- Vamos tentar mais uma vez?

Como ele consegue me manipular? Levantei e tentei novamente, não foi tão ruim dessa vez e consegui fazer alguns dos movimentos, Brian comemorou e me deu parabéns. Na próxima aula ele vai inventar treinos mais complicados.

- Você ainda tem pesadelos?

- Sim, eu tenho! A psicóloga diz que é normal por conta de tudo que estou passando. Ela chama de transição, ou o medo de uma vida nova e totalmente diferente, que deve passar assim que eu estiver confortável com essa nova vida.

- Com o que você sonhou?

- Foram dois sonhos. De qual deles você quer saber?

- Pode me contar sobre os dois?

- O primeiro eu sonhei com você se tornando o Fernando, mas antes disso você elogiou o meu nome, e quis saber quem me deu ele. O da noite passada, eu mandei uma mensagem pra você e falávamos sobre a terapia não está funcionando, perguntei porque você não estava aqui, você mandou eu acordar porque já estava me esperando. Enfim, só sonhos estranhos.

- Seu nome é bonito, mas eu te daria o nome de Ella, gosto desse nome, Ella Martin. O que acha?

- Bonito e forte, mas não combina comigo.

- Eu acho que combina, mas você já é grande e não se acostumaria.

- Não mesmo, seria muito estranho.

O dia se resumiu em aulas com Brian e diálogos com o homem de terno.

Como me sinto: ainda confusa com os meus sonhos, mas me sinto realizada. Enfim, consegui repetir alguma coisa que o Brian me ensinou.

548. P.

Diário de Cecília MartinOnde histórias criam vida. Descubra agora