Capitulo 3.

10K 775 130
                                    

-Entramos no ônibus que estava lotado já, provavelmente éramos as ultimas a serem buscadas, só tinha dois lugares que estavam separados, isso quer dizer que eu e Ellie não vamos sentar juntas. Ellie se sentou com Alice , uma menina que era da sala também, mas com certeza porque ela não viu que no outro lugar sentava Alex. E é com ele que eu vou ter que sentar, no último banco do ônibus, lá no fundo onde tem ninguém olhando e verificando se alguém está vivo...

-Oi, posso me sentar? -Digo mesmo sabendo que não tenho outra opção.

-Claro. -Me sento e olho para ele, tenho que me enturmar pra sobreviver, né?!

- Meu nome é Emilly Allen. -Sorrio.

-Meu nome é Alex Reese. -Diz olhando para frente.

-Eu sei, as meninas não param de falar de você na escola. -Ele sorri e uau, que sorriso lindo. -O aluno novo, lindo e misterioso. -Assim que falo me arrependo na hora.

-Não sabia disso, quero dizer, sobre o lindo e misterioso. -Ele finalmente olha para mim, com um sorriso teimando em sair por seus lábios. -E você, também acha isso?

-Eu? Não , acho você um cara normal. 100% normal. Enquanto que elas acham você um cara lindo e maravilhoso. -Gaguejo e sinto minhas bochechas esquentarem. Olho para frente querendo enfiar minha cara no branco na frente e é ai que vejo todas as meninas nos olhando e cochichando uma para as outras, enquanto Ellie sorria e fazia um sinal positivo com os polegares.

-Você está me chamando de feio? -Olhei para ele que me observava.

-Não imagina v-você é bonito, só acho que não precisa de tanto burburinho, você é um cara normal né?! -Tento, mas acho que só estou piorando.

-Não tanto. -Ele fala baixinho, mas eu ouço.

-Como assim? -Me aproximo mais instintivamente.

-Esquece. Mas obrigado pelo "bonito", você é muito bonita também. -Senti meu rosto ficar mais  vermelho, então viro novamente e ele sorri.

-Obrigada. -Vejo pela minha visão periférica que ele ainda me encara, mas com um olhar estranho, como se já me conhecesse a muito tempo. -Então, por que você mudou de escola? -Mudo de assunto.

-Hm, a escola antiga não era muito boa, e outros motivos que prefiro não falar ainda.

-Por que você é tão misterioso? -Falo sorrindo.

-O mistério é bom as vezes, como a verdade nas horas certas. -Ele sorri e neste momento o ônibus faz uma curva bem rápido e eu me desequilibro e escorrego para o lado dele que me segura pelos braços rapidamente, muito rapidamente para falar a verdade. Nossos rostos ficam muito próximos, nossas bocas e olhos á poucos centímetros de distância. Encaro os olhos dele e ele os meus, nossas bocas se aproximando mais uma da outra como se um laço estivesse nos puxando um para o outro. Quando sinto que não posso mais resistir a sua boca a curva termina e meu corpo voltou ao seu lugar rapidamente, mas ele me segura pela cintura e consigo me ajeitar no banco. 

-Obrigada, eu ia levar um tombo bem grande. -Ele me olha de um jeito que não sei explicar, mas sinto um arrepio e meu coração começa a bater bem rápido. 

-Não foi nada, sem quedas hoje. -Solto a respiração que nem sabia que estava presa e encaro meus dedos.

-Como é seu nome mesmo? -Escuto.

-Emilly, Emilly Allen. Por que ? -Volto meu olhar para ele.

-Por nada. -ele semicerra os olhos e logo volta a olhar para frente, com uma expressão como se tivesse descoberto algo que estava procurando. -Emilly é um nome lindo.

-Obrigada , mas acho que não é só isso que você estava pensando né?! -Digo rápido demais.

-Como assim? -Alex me inspeciona.

-Você ficou olhando como se quisesse lembrar de algo.

-Sim, seu nome. -Ele fala como se fosse obvio.

-Não, não era só meu nome, era algo mais. -Emilly cala a boca!

-Desculpa mas não sei do que está falando. Só esqueci o seu nome. -Diz ríspido e sei que aqui encerrou o assunto.

-Ok. -Sei que não é só meu nome, mas sei também que ele não irá me falar o que é.

-Então, será que já estamos chegando? -Solta depois de alguns minutos de puro silêncio.

-Acho que sim, fica mais ou menos uma hora do centro da cidade, é a floresta Monroe, já ouviu falar?

-Sim, dizem que ela é muito bonita. -Diz olhando para a vista da janela.

-É sim , eu vinha com meu pai quando era pequena. -Abaixo minha cabeça.

-O que aconteceu? Claro, se quiser falar... -Volta a me olhar.

-Hm, meu pai, ele morreu quando eu tinha 9 anos e eu não sei muito bem o que aconteceu, acho que foi acidente de carro.

-Sinto muito, mesmo. Qual era o nome do seu pai?

-Jack ... Jack Allen. - As poucas coisas que lembro dele são todas felizes e lindas.

-Devia ser um ótimo pai. -Alex sorri para mim, aquele sorriso que todos dão quando querem te confortar sobre algo. Já recebi muitos desses.

-Sim ele era, mesmo me lembrando cada dia menos dele. 

-Eu perdi meus pais quando era mais novo, sei o que você sente. -Agora é ele quem abaixa a cabeça.

-Eu sinto muito, o que aconteceu? 

-Acidente. -Ele encara seus próprios dedos.

-Qual era o nome deles? 

-Sara e Will Reese.

-Você tem lembranças deles? 

-Algumas, teve uma vez que meus pais foram brincar comigo no jardim, eu tinha 6 anos, era uma mistura de futebol americano e o futebol normal. -Ele sorri. -E de repente minha mãe lembrou que tinha colocado a torta de amora no forno, quando corremos para ver estava totalmente queimada. -Ele sorri - A gente deu risada o dia todo por causa disso, porque foi a primeira vez que ela fez e deu totalmente errado. Ela era muito esquecida -Ele ri com os olhos brilhando, como se estivesse acontecido aquilo nesse exato momento, então ele abaixa a cabeça e vejo uma lágrima em seus olhos, mas ele passa a mão rapidamente nos olhos e a seca. Pego na mão dele e digo:

-As melhores pessoas, aquelas que pensamos que serão eternas, geralmente são as primeiras a morrer. E eu não entendo também, é doloroso e contraditório e nunca passa a sensação de que eles mereciam mais, mais tempo e mais amor.

-Não deveria ser o contrário?

-Deveria. Mas eu penso que eles são anjos que só estavam nos ensinando a amar e a viver e quando conseguiram, foram viver em um lugar melhor e sem maldade. 

-Sua visão é muito bonita, obrigada. -Ele sorri gentilmente e eu também. O ônibus freia e olho para fora.

-Acho que chegamos. -As pessoas começam a sair do ônibus e Ellie me chama com os braços. -Nos vemos depois, ok ?

-Claro, até . -Ele se inclina e beija minha bochecha. Meus lábios se separam em surpresa e o encaro. 

-A-até. -Vou ao encontro de Ellie mais rápido que meu coração bate, se é que é possível. O que foi que aconteceu?

Os Quatro Elementos.    (Completo e revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora