Capitulo 2

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DULCE

Assim como previsto, passei essa noite em claro, sem o mínimo sono. Fiquei pensando em algumas coisas e também me lembrando de alguns momentos inusitados e constrangedores pelo qual passei. Como em um certo dia que o meu empresário Jeremy Nichols estava no meu apartamento e foi até a minha geladeira pegar uma lata de refrigerante. E lá ele se deparou com um pote de vidro que tinha sangue de animal dentro. Ele ficou curioso ao ver aquele líquido vermelho vivo. Inventei uma desculpa rápida dizendo que era gelatina de cereja. E para minha sorte, ele disse que detestava gelatina. E a partir daquele dia, tive que dizer que a minha sobremesa favorita era esse simples doce. Nós vampiros também comemos comida normal além de beber sangue, só que quanto mais tempo ficarmos sem beber, mais vontade dá e o sangue animal não é mais capaz de nos satisfazer completamente, mas apenas o sangue humano. E quanto maior a abstinência, mais selvagens ficamos. 

Alfonso caçava animais e tirava o sangue deles para mim e nós também roubávamos algumas bolsas de sangue dos hospitais, eu conseguia fazer apenas uma delas durar um mês. Sei que isso é errado, mas era melhor do que morder as pessoas e transformá-las em vampiros. Eu também comia carne vermelha crua e bem sangrenta. Isso também me satisfazia. Assim como o meu amigo Alfonso, meus pais gostavam de morder pessoas, principalmente quando recebiam ordens de Logan Bulloch. Eu não gostava de morder ninguém, mas quando eu fui transformada, Logan me obrigou. Ele é o vampiro mais poderoso e tem capacidade para comandar todos os outros vampiros. Eu não tive forças para lutar contra ele, e acabei mordendo uma jovem inocente na rua. Foi a primeira e última vez que fiz tal coisa. Na frente dos meus pais eu passo a imagem de uma vampira bem apavorante e durona. Mas eles mal sabem que minha melhor amiga é uma caçadora. Se soubessem, eu não posso nem imaginar o que fariam com a pobrezinha. 

Logan ultimamente estava sumido. Faz quase um ano que não dá ordens para meus pais. Eu diria que deve estar procurando a tal coisa que o fará ser definitivamente imortal. Se caso ele conseguir, nem uma estaca será capaz de mata-lo. E isso não seria bom, porque ele poderia governar o mundo todo pela eternidade. Seríamos seus escravos para sempre. Há uma lenda antiga dos caçadores que diz que existe algo que pode derrota-lo. Porém ninguém sabe do que se trata e muito menos se é verdade. Também somos sensíveis ao mercúrio. Se ele for injetado no nosso organismo, perdemos nossos poderes temporariamente, acompanhado de uma dor terrível. Deste modo, os caçadores podem fazer o que bem quiserem com a gente. E isso facilita para enterrarem suas estacas em nossos corações. 

E o alho ? Sim, somos sensíveis a essa maldita planta, mas somente se estiver convertido em pó ou em seiva. Se ele estiver com casca, podemos manusear normalmente. O alho é incômodo para nós e nos causa algo como uma reação alérgica e uma ardência insuportável, porém não é letal. Só que nos obriga a revelar involuntariamente que somos vampiros. Foi assim que Maitê descobriu sobre mim. Jogou pó de alho em uma das minhas mãos, me obrigando a me transformar diante dela. Isso deixou um vermelhidão na palma da minha mão por três dias. Tive que enfaixar e dizer ao meu empresário que queimei com óleo quente. 

Quando decidi me levantar da cama, abri a porta da sala para arejar o ambiente e preparei um café da manhã bem caprichado. Depois que terminei, saí para dar uma volta e apreciar aquela belíssima paisagem. Esvaziei a minha mente e puxei com força o ar puro. Fui despertada do meu transe pelo toque do meu celular.

D -- Alô! Bom dia, Nick! (Eu o chamava de Nick por causa do seu sobrenome: Nichols) 

Jeremy -- 'Bom dia! Como vai a minha cantora favorita ?'  

D -- Estou muito bem! 

J -- 'Preparada para os próximos shows dessa semana ?'

D -- Com certeza! 

Inevitable SinfoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora