DULCE
O jantar estava sendo muito agradável. Nunca tinha passado tanto tempo com Christian antes. Pude perceber porque May havia se encantado por ele. Era um cara muito divertido, simpático e maluquinho. Também um tagarela e só fechou a boca para comer. Antes de saborearmos a comida em nossos pratos, nós estávamos conversando bastante e não tive tempo para refletir melhor sobre as palavras de Christian: “Ela é noiva de um cara. Mas pode deixar de ser dependendo do que sair dali.”
Então, Uckermann estava apaixonado por uma mulher que estava noiva de outro ? Pretendia roubá-la do futuro marido ? Nada disso me dizia respeito, mas achei aquilo muito, mas muito errado. Era bem raro eu sentir isso, mas até me deu um pouco de pena do pobre coitado que estava prestes a ficar sem a noiva. O que Christopher tinha na cabeça ? Será que teria mesmo coragem de separar um casal que estava de casamento marcado ? Com certeza planejou esse jantar para se declarar ou alguma coisa assim.
Christian – Nossa! Eu nunca comi tanto na minha vida. (Disse limpando a boca com o guardanapo) – Acho que só a comida da minha falecida vozinha tinha o sabor tão bom.
Maitê – Pelo menos valeu a pena todo o dinheiro gasto com esses pratos caros.
C – Não é à toa que esse restaurante é um dos mais refinados da cidade. Dylan Raymond é um mala, mas tem bom gosto pra tempero. Sabe agradar a barriga dele.
M – E seu amigo lá, hein ? (Maitê olhou para o lado, observando Christopher a poucos metros de nós) -- O que será que estão falando ? Ele nem veio aqui te cumprimentar. Devem estar em uma conversa muito importante, não ?
C – Sim, o assunto é bem sério. Não sei exatamente qual é o lance, pra ser sincero. Ucker não me deu muitos detalhes. Além do mais, eu e ele já nos vimos hoje, minha rainha. Nós não somos um par de vasos.
M -- Mas antes de namorar comigo vocês viviam o tempo todo juntos, não é ?
C -- Eu não diria o tempo todo, mas saíamos bastante sim. Pra uma festinha aqui e outra ali. Agora você é o vasinho que faz par comigo, minha linda. (Ela sorriu para ele tentando conter um pouco o seu jeito bobo)
M -- Dul, você já quer ir embora ? (Ela olhou para mim com uma expressão meio… tímida ?)
Dulce -- Eu… eu vou ao toalete, com licença. (Coloquei o meu guardanapo em cima da mesa, peguei minha bolsinha de mão e me levantei)
Caminhei até um corredor onde ficava o banheiro. Entrei, fui até a pia e apoiei minhas mãos em cima dela. Agradeci por não ter ninguém ali dentro. Fiquei olhando meu reflexo no espelho. E só assim era possível que aquilo acontecesse porque quando eu me transformava em vampira, meu reflexo não aparecia no espelho. E isso até que não era ruim porque eu não sei se teria coragem de olhar para mim mesma e ver no que tinha me transformado.
Senti meus olhos marejarem e uma lágrima escorreu por meu rosto. Acho que o motivo delas era por ter visto melhor como May e Christian estavam felizes juntos. Por mais que minha amiga fosse durona, ela poderia abrir seu coração e se apaixonar quando quisesse. Mas eu não. Uma força maior me impedia. Vampiros não foram feitos para isso. Não era da nossa natureza ter sentimentos amorosos. Era como se fosse uma… anestesia. E essa anestesia fazia efeito no coração.
Cada homem que fiquei não foi capaz de despertar em mim nada além de um intenso tesão. Ou talvez, o fato de eu me abster de morder as pessoas, fazia eu descontar no sexo. Eu era uma mulher realizada profissionalmente, cantar era o que mais gostava de fazer. Essa era uma das poucas coisas que me deixava feliz e que fazia eu me sentir bem. Principalmente esquecer da minha verdadeira identidade.
Mas não podia negar que sentia vontade de ter uma única pessoa ao meu lado. Só que eu jamais poderia ter isso. Pelo menos, não ao lado de uma pessoa normal. A minha realidade era outra. Se eu quisesse ficar com alguém, teria que ser com um vampiro, mas sem poder sentir algo especial por ele. Sem ter aquela palpitação no peito e o friozinho na barriga. De que me adiantava viver nessas condições ? Era melhor morrer de uma vez do que viver sem poder sentir o melhor que existe nesse mundo: o amor. Aquilo pelo qual a maioria das pessoas sonham em encontrar um dia, mesmo que não admitam. Mas nem todos têm a mesma sorte de encontrá-lo.
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Inevitable Sinfonia
Ficção CientíficaDulce María é uma cantora muito famosa e conhecida mundialmente. Suas músicas fazem muito sucesso e quando lança uma música nova, sempre é elogiada. Suas canções agradam os fãs e o meio artístico. Assim como Dulce, Christopher Von Uckermann também...