Capítulo 1

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Antes de começar o capítulo meus amores, quero dizer que nesta história Ayfer é a mãe da Eda, e ela é uma pessoa detestável. (confesso que tenho ranço dela na série também kkkkk)

Enjoy!


✩✩

Eda Yildiz estava surpresa quando deixou o túmulo de sua mãe, sentindo o cheiro da terra úmida, que impregnava o ar quente de Miami.

Ayfer Yildiz tinha morrido aos 45 anos, e Eda não se abalou. Não sentiu raiva por uma vida ter terminado tão cedo, nenhuma dor pela perda da mãe, nem medo do futuro. Não sentiu nada, sequer alívio.

O tumulto que sua mãe provocava ao seu redor não era mais parte de sua vida. Entretanto, não se sentia livre, sentia apenas um torpor emocional diante da morte.

Caminhou sem direção, afastando-se do local onde ela foi sepultada aquela que tinha vivido com uma única meta: satisfação própria.

A cerimônia do funeral foi breve, e todos já haviam ido embora. Todos, menos um. Serkan Bolat. Ele estava em silêncio absoluto, ao lado do túmulo de seu tio-avô.

Eda parou ao seu lado sem saber o que dizer, sem saber se deveria falar alguma coisa.

A família dele tinha desprezado sua mãe, e tal desdém era demonstrado por todas as pessoas que haviam estado com Eda hoje.

Não podia se sentir magoada quando percebia aqueles olhares que diziam: Era uma mãe egoísta que só pensava em seu próprio bem-estar.

Serkan nunca permitira que sua aversão por Ayfer Yildiz alterasse a maneira como tratava a filha dela. Sempre tinha sido bondoso com Eda, gentil e até protetor. Foi ele que convenceu seu tio-avô a pagar a faculdade de Eda, mas a gentileza de Serkan continuaria após a morte de seu tio querido?

Afinal, todos sabiam a razão da morte dele.

Ele havia se casado com a mulher errada.

Poderia ter morrido em inúmeras outras ocasiões, nos últimos seis anos. Entretanto, morreu num acidente de carro, dirigindo bêbado e terrivelmente tenso depois de outra discussão horrível com Ayfer, porque tinha encontrado, novamente, a esposa na cama com outro homem.

Eles haviam brigado na presença de outras pessoas e deixado a festa. Eda ficou sabendo que a mãe entrou no carro apenas porque Omer ameaçava se divorciar dela e deixá-la sem nenhum centavo. Motivada por interesse próprio, Ayfer tinha partido da festa com ele, e os dois haviam morrido.

Então, o que Eda poderia dizer ao homem triste e magoado ali ao seu lado?

Não havia palavras para aplacar a dor dos últimos seis anos, dor que tinha culminado com a perda do homem que substituiu o pai de Serkan desde que ele era menino. Entretanto, a vontade de dizer algo era muito forte.

Com mãos trêmulas, segurou as dele.

— Serkan?

Serkan Bolat sentiu os dedos pequenos tocarem os dele, percebeu que ela queria lhe dizer alguma coisa e lutou contra a vontade de virar e encarar a filha de Ayfer Yildiz com toda a raiva que sentia da mulher morta.

— O que você quer minha querida? — A palavra carinhosa saiu naturalmente de sua boca, apesar de não estar sentindo nenhuma ternura, mas a mulher era tão pequena e frágil que seguiu o exemplo do tio, chamando-a carinhosamente assim.

— Você vai sentir falta dele. — A voz suave abalou Serkan profundamente, e ele pensou que não fosse suportar, mas manteve a compostura. — Sinto muito.

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