Capítulo 13

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Voltei amores, boa leitura.


✩✩

Eda permaneceu por diversos minutos olhando para o telefone agora desligado.

O som das ondas do mar, quebrando na areia, chegava através das portas abertas do pátio, e o espaldar alto da cadeira de vime tocava seus ombros, como sempre fizera, mas ela precisava enfrentar uma outra realidade agora.

Serkan Bolat não era o salafrário que ela pensava.

A discussão deles não tinha sido como imaginara. Não houvera recriminações e ele sequer negara a paternidade, embora não a tivesse reconhecido também.

Estranhamente, Serkan não fez uma única acusação, mesmo achando que ela se casou três meses após ter perdido a virgindade com ele.

E Eda não podia culpá-lo por isso, afinal, mudou o próprio sobrenome.

Pelo que podia entender, ele nem mesmo tinha ficado zangado, mas por que desligou o telefone tão abruptamente?

Talvez precisasse de algum tempo para digerir o que estava acontecendo.

A própria Eda não havia aceitado imediatamente a realidade de sua gravidez e de seu estado de saúde, e, para Serkan, com certeza tinha sido pior.

Ele a dispensou, e agora ela aparecia grávida, uma mulher que ele não queria, em quem não confiava e que, obviamente, esperava nunca mais ver.

O outro lado do pesadelo que estava vivendo era estar grávida de um homem muito arrogante, contudo Serkan não reagiu como se estivesse num pesadelo.

Se pudesse acreditar no que ouviu, Rachel teria de admitir que o tom de voz de Serkan ao final da ligação foi de alívio, seguido de preocupação.

Como podia um homem que a considerava a mais baixa das mulheres ficar preocupado com ela?

A situação seria até engraçada se não fosse quase trágica, e, em vez de rir, ela sentiu uma pontada no coração. Durante todos aqueles meses ficou em estado de torpor emocional, e não estava nem um pouco receptiva a esse sinal de que os sentimentos pudessem estar voltando para atormentá-la.

Então, percebeu que o que estava sentindo era uma dor física, provocada por sua gravidez. Tinha de ser. Não havia restado nada dentro do seu coração para reagir àquele telefonema num nível emocional.

Pensamentos sobre Serkan, sobre o bebê e as condições de sua saúde atormentavam-lhe a mente durante a noite, impedindo-a de dormir.

Serkan não voltou a telefonar, e Eda não sabia qual o motivo.

Não importava quantas vezes voltasse a pensar na conversa que haviam tido ao telefone, continuava intrigada com a atual atitude do homem que deu vida a seu bebê e depois a rejeitou com tanta crueldade.

Além disso, medo do futuro e preocupação com a saúde da criança ao nascer deixavam-na em um lastimável estado de tensão.

Eda tentou achar uma posição confortável na cama, mas não conseguia relaxar o corpo o suficiente para repousar e dormir. Finalmente, com os cobertores e lençóis desarrumados, desistiu e saiu da cama.

Leite quente sempre ajudava, diziam os livros, e ela bebeu uma xícara com um pouco de açúcar.

Não se sentiu menos cansada ou relaxada, mas voltou para o quarto, determinada a descansar.

A pilha de lençóis e travesseiros e o acolchoado de seda azul atestavam sua noite mal dormida. Precisou até refazer a cama antes que pudesse pensar em voltar para ela.

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