Capítulo 15

124 12 16
                                    

Na manhã seguinte, Sophie tomou seu café da manhã e saiu de casa, indo para um parque que ficava a alguns quilômetros de onde morava. Era um de seus lugares de encontro com Andrea, para onde ia cerca de uma vez na semana para passar o que tinha sido realizado ou descoberto, e possivelmente receber novas informações, sempre em dias e horários diferentes. Como elas tinham um relacionamento mais próximo do que a maioria dos agentes e seus preceptores, Sophie acabava adiantando muito pelas mensagens trocadas, mas ainda assim precisavam ter aquela reunião.

Então lá estava ela, entrando naquele parque pouco movimentado pelo frio que fazia. Quer dizer, era o final do outono, mas ainda não tinha começado a nevar, então a paisagem ainda era apenas folhas avermelhadas caídas pelo chão e um lago muito gelado, mas nada de neve ou de uma camada de gelo no lago para as pessoas patinarem por enquanto. Na semana seguinte provavelmente haveria tudo isso (e outras pessoas), mas no momento só parecia um lugar levemente abandonado.

Sophie encontrou Andrea a esperando num banco de frente para o lago, fumando um cigarro.

- Esse negócio ainda vai te matar. - Sophie simplesmente disse, sentando na ponta oposta a que ela estava do banco.

- Você sabe que não vai ser isso que vai me matar. - Andrea deu um meio sorriso, mas apagou o cigarro.

- Claro que não, porque você me prometeu que ia parar. - ela rebateu, mudando de assunto. Sabia que Andrea tinha uma convicção muito grande que morreria em uma missão e, apesar de isso não ser tão incomum, também não era tão comum assim. Ninguém mais que ela conhecia do MI6 tinha aquela convicção e era algo que preocupava Sophie. Andrea recebia bastante apoio da psicóloga do MI6 na época em que Sophie entrou, mas tinha sido liberada há alguns anos e fingia que nada daquilo tinha acontecido. Não era bem a atitude mais saudável, mas cada um lidava com as coisas do jeito que era melhor para si.

- Eu tinha parado, mas acabei voltando. Sabe, um possível atentado contra a família real, a possível terceira revolução jacobita e tudo o mais.

- Já estamos chamando de terceira revolução Jacobita?

- Bom, eles tem exércitos, então...

Os olhos de Sophie se arregalaram.

- Exércitos? No plural?

- Bom, acho que exército é uma palavra muito forte, mas eles tem... grupos de combatentes.

- Quantos grupos? E quantos por grupo?

- Não temos certeza.

- Como uma informação como essa ficou encoberta por tanto tempo?

- Não estava. Eles só não achavam que eu estava alto o suficiente na hierarquia para saber disso, então só me informaram semana passada e eu devia repassar a informação para você.

- Eu te vi sexta.

- Mas tínhamos outro assunto mais importante. Inclusive, desde que eu encaminhei os arquivos, já encontraram mais duas transações menores. Um trabalho excelente, Prata.

- Obrigada. Foi muito tempo de nada e então as coisas simplesmente se resolveram. Como eu disse, se eu não a conhecesse bem, acharia que era uma armadilha. - Sophie respirou fundo. - O que mais você descobriu sábado?

- Bom, aparentemente, James só é o fantoche de Rita.

- Você quer dizer que ele não tem pretensão real? Porque nós já sabíamos que ela era a principal articuladora.

- Tem sim, mas tem ainda menos controle do que imaginávamos sobre as decisões. Rita é realmente a cabeça do movimento, enquanto James não é segundo ou mesmo terceiro na hierarquia. Até a sogra já está acima dele dentro do Sturoyal. Claro que, para todos os efeitos, ele é o rei deles, mas, na prática... vamos apenas dizer que ele não está alto o suficiente na hierarquia para saber dos planos que eu comentei antes.

She • AU BenophieOnde histórias criam vida. Descubra agora