Capítulo 34

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Depois de ouvir o depoimento de James (que durou incríveis 4 horas) e de dar o seu próprio (de apenas uma hora e meia), Sophie foi resolver a maior pendência que tinha: Posy. Tinha que esclarecer tudo e lhe pedir perdão, além de tentar convencê-la de que não tinha se aproximado dela só por causa disso. Assim, confirmou com Kate (que ainda estava chocada com os eventos da noite anterior) que ela não tinha ido trabalhar, o que era bem compreensível.

Tinha ficado sabendo que a desculpa oficial era que Araminta e Posy tinham faltado o trabalho porque estavam doentes, mas Sophie sabia que a farsa não duraria muito tempo mais. Tinham conseguido fazer com que não houvesse nenhum plantão jornalístico durante a tarde e que nenhuma notícia fosse divulgada até que Kai e Mirabelle fossem encontrados, o que aconteceu ainda antes de Sophie sair do trabalho. James tinha feito acordos para que todos que se entregassem tivessem penas reduzidas mediante os depoimentos e aquilo podia parecer ruim, mas a maior parte dos envolvidos não era perigosa de uma forma que ameaçasse fisicamente a população. Eram mais representações públicas e articuladores do que qualquer outra coisa e aquilo era perigoso, mas não imediatamente.

O pior de tudo é que, ao final daquela tarde, Sophie pensava que James Stuart não teria dado um mau rei, no fim das contas. Ele defendeu aqueles que acreditavam nele e lutou por eles. Lutou para conseguir melhores condições para eles, mesmo que ele próprio não tivesse os mesmos benefícios. Ele teria sido um bom rei para o povo e, por um momento, Sophie se pegou imaginando se não tinha cometido um erro ao impedir o Sturoyal.

O devaneio durou menos de vinte segundos.

James teria sido um bom rei, mas o caminho e as ações que deveriam ser realizadas até ele chegar lá eram horríveis. Além disso, também tinha de considerar as pessoas que estariam ao seu lado. Tinha visto o que Araminta e Rita estavam dispostas a fazer para chegar ao poder e não queria saber o que elas seriam capazes de fazer para mantê-lo.

Sophie parou o carro em frente ao prédio de Posy, determinada a conversar com ela e tentar lhe explicar a situação. Então passou pela portaria e não foi anunciada, já que ainda estava liberada para entrar livremente, indo direto para o apartamento em que costumava morar. Era estranho parar ali e tocar a campainha ao invés de abrir a porta com a sua chave, mas foi isso que fez. Ouviu as passadas de Posy se aproximando da porta e percebeu o exato momento em que ela a viu pelo olho mágico.

- Vá embora! - ela disse, rispidamente. Claramente não queria conversar com Sophie e ela não podia culpá-la por isso.

- Posy, eu sei que você provavelmente não quer me ver nem pintada de ouro nesse momento, mas eu queria tentar explicar e pedir perdão, apesar de saber que eu provavelmente não mereço.

- Você disse que eu era sua irmã. Irmãs não enfiam a faca nas costas uma da outra. Irmãs contam se a mãe e a irmã da outra estão envolvidas num movimento de traição à monarquia.

- Vamos conversar, por favor. - Sophie pediu, olhando para a porta mais uma vez.

Ela ouviu um suspiro e, em seguida, a porta sendo destrancada e aberta. Sophie agradeceu silenciosamente aos céus.

- Entra.

O apartamento continuava o mesmo que era da última vez que ela tinha estado ali, mas Posy parecia uma outra pessoa. Araminta provavelmente tinha usado sua chamada com Rosamund, que devia ter entrado em contato com Posy, nem que ao menos para dizer "ei, nossa mãe foi presa e a culpa é da Sophie".

- Eu não sei nem por onde começar, mas me desculpa por não ter te falado.

- Por não ter me falado que trabalha para a polícia? Ou por não ter me dito que minha mãe e minha irmã estavam envolvidas com uma organização que planejava destronar os Windsor? Nós literalmente tivemos uma conversa sobre esse assunto e você não pensou em me dizer que aquilo que eu considerava loucura realmente estava acontecendo?

She • AU BenophieOnde histórias criam vida. Descubra agora