Vivo, apenas -

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- Narração do Autor -

Se passou quatro dias desde que Albafica chegou ao seu limite e cometeu contra si o ato da mutilação que quase realmente deu fim a sua alma. Acordou aos poucos, sentindo o perfume de rosas mas como o ambiente estava um tanto escuro, não viu muito. Refletiu sob aquele perfume, era fraco mas perceptível, Albafica quase chorou de alegria ao constatar que havia um buquê de rosas vermelhas ao lado de sua cama com um cartão escrito "Melhoras" mas sem assinatura alguma. Inalou o perfume de uma rosa depois que se sentou na cama buscando por uma por dentre tantas, o contato com as flores o causou nostalgia, foi como voltar á Grécia. Deixou a rosa junto com as outras e resolveu que precisava se movimentar. Não foi tarefa fácil se levantar, o braço ainda estava muito dolorido, mas lá estava ele se segurando em uma pilastra da cama a usando de apoio. Viu a porta se abrindo e parou de súbito, seu coração falhou uma batida, estava sentindo repentino medo e não sabia do quê. Aliviou quando constatou que era apenas uma serva :

- Você me assustou.- Ele sorriu fraco, um tanto cansado do esforço físico.

Ela estava com alguns tecidos em mãos, deixou eles numa cômoda ao lado e depois saiu com pressa. Ele não entendeu bem, também não estava ligando muito para aquilo, então voltou para seu objetivo de levantar. Ele não tinha definido um objetivo, apenas queria se mover. Sentia as costas doerem de tanto tempo deitado, pensava que talvez tinham se passado dias desde o ocorrido. De todo modo não tinha muitas opções, então seguiu para a sala de banhos e se viu no espelho.

Estava definitivamente mais magro, seus músculos estavam sumindo aos poucos, seu corpo parecia mais delgado e com toda certeza mais pálido. Se sentia acabado, sem treinos para manter a forma e comendo apenas quando lembrava, os choros constantes, as decepções sem pausa e os traumas psicológicos estavam afetando Albafica. Se sentou na borda da banheira vazia, observando como quase morreu novamente ali. Não era como se tivesse a intenção de morrer, apenas procurava substituir sua dor.

Observou o braço enfaixado, estava dolorido e tinha algumas pequenas manchas de sangue nas bandagens. Ouviu alguém o chamar na porta, um chamado com urgência e em tom de felicidade: Encontrou Minos parado na porta, ofegante como se tivesse corrido e com um sorriso aberto no rosto, estava legitimamente feliz em rever o loiro acordado. Correu até Albafica para lhe dar um abraço, o loiro se levantou mas tudo o que fez quando Minos se aproximou foi lhe desferir um tapa que lhe tirou o equilíbrio. Minos recobrou a compostura e por impulso colocou a mão sob o lugar do tapa. Albafica o encarava de forma fria, sem vida e com tanto desprezo que era possível tocar no ar :

- Albafica ?- Minos não entendeu, ficou cara a cara com o loiro que o olhava nos olhos com ar de fúria.

- Minos.- Riu com o canto dos lábios, um meio sorriso.

- O que há com você ? Como se sente ?- Voltou a perguntar, tentando ignorar que havia levado aquele tapa.

- Por que você não me diz ? Como você se sente ao me ver assim ?- Se afastou seguindo para encarar-se no espelho - O que você vê nesse espelho ?-.

- Eu...- Ele procurou palavras, chegou mais perto mas ainda se manteve distante. Encarou o olhar sem vida de Albafica, isso lhe causou arrepios - O que quer dizer com isso ? Eu não estou te entendendo, Albafica.-.

- Olhe nesse maldito espelho e diga o que vê no meu reflexo. Olhe pra mim. Olhe nos meus olhos e me diga o que diabos você vê !!!- Albafica se virou jogando na direção de Minos um objeto da decoração, que por sorte não o atingiu. Como se a realidade da situação tivesse enfim clicado na consciência de Albafica, sentiu raiva desmedida por Minos, que em primeiro lugar, foi quem causou tudo aquilo desde o início. O pisciano pegou novo objeto e jogou contra Minos novamente.

The Meaning Of A Poison Rose - Minos X Albafica (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora