Foi apenas um beijo -

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- Narração do Autor - 

Albafica choroso e decepcionado por ter seu primeiro beijo tomado pelos lábios frios de Minos, seguiu para sala de música e se trancou lá dentro, seguiu para o piano e começou a tocar uma melodia próxima ao funebre, como se tivesse perdido parte importante dele. Tocou alto, agitado ele sentiu lágrimas descerem por seu rosto e molharem seu pescoço, tocando rapidamente ele colocava sua frustração nas notas. 

Minos estava parado de frente para a porta, ouvindo a melodia que se tornou assustadora, melancólica e com uma breve pausa triste. Não imaginou que aquele pudesse ser o primeiro beijo do homem, estava acostumado a ter relações com homens e mulheres quando lhe convinha mas, nunca em toda sua vida viu alguém tão furioso e triste ao mesmo tempo. Pensou em bater na porta, tentou até a abrir porém estava trancada. Usou sua própria chave para abrir a pesada porta de madeira e encontrar basicamente debruçado sob o piano o pisciano.

Albafica não reparou sua presença, tão focado estava em tocar e colocar seus pensamentos em ordem. Como o ambiente estava escuro e naquela noite não havia lua cheia, ele usava um candelabro para enxergar seu entorno. Minos se aproximou e segurou os ombros do loiro que cessou a música com notas pesadas :

- É só um beijo.-.

- Quando entrou aqui ?- Perguntou de cabeça baixa, controlando-se para não atacar Minos e socar-lhe a boca.

- Acalme-se.- Massageou os ombros tensos do loiro - Eu tenho as chaves de todas as portas do Templo, deveria saber, eu sou o dono.-.

- Me solte, eu quero ficar sozinho.-.

- Não quero te deixar sozinho, pois eu também ficaria. Você é a única companhia descente que tenho em tempos e ouvir-te tocar melodia tão funebre me trouxe aqui.-.

- Por favor... Sua presença me atormenta.- Pediu baixo, secando o rosto.- Somos inimigos, não esqueça.-.

- Minha presença te atormenta ? Não sabe o dano que você me faz, loiro !- Se afastou de Albafica e seguiu para a janela coberta pelas cortinas - Te evitei esses últimos dias apenas para não me sentir mais próximo de você.-.

- Próximo de mim ? Não temos nada em comum !-.

- Bom gosto por leitura, música e senso de justiça não te parece nada familiar ?-.

- Você não tem senso de justiça, é um espectro de Hades !-.

- Não vamos discutir religião aqui e agora, ok ?- Pediu, respirando fundo para se acalmar.

- Você...- Albafica não tinha como prosseguir, se levantou - Já que não vai sair, eu saio.-.

- Albafica, espere !- Minos segurou o braço dele - Eu não esperava que esse fosse seu primeiro beijo, você nunca comentou nada sobre relaç--- Foi interrompido.

- Relações ?! Em meu sangue corre veneno, nunca recebi um abraço, carinhos ou contato físico intimo, pouco menos eu teria a chance de beijar alguém ! Sempre sonhei com o dia em que amaria alguém, formaria uma família e viveria em paz, mas apartir do momento em que o veneno tomou posse do meu corpo, fui obrigado a viver recluso !-.

- Albafica...- Minos soltou o braço dele.

- Eu esperei a vida inteira e não recebi o beijo que tanto almejei, para tê-lo tomado pelo homem que me quebrou todos os ossos, que destruiu meu império de rosas e tentou destruir o vilarejo que tanto amei !- Empurrou Minos se afastando - Você é terrível...- Disse ainda de olhos baixos, encarando o chão conforme seu coração doía em decepção.

- Albafica, me desculpe.- Disse em bom som.

- Desculpas não vão me devolver o que perdi.-.

- Mas pode formar um novo capítulo.- Segurou Albafica pela cintura o aproximando - Morri por uma rosa banhada em seu sangue. Você já me matou uma vez e agora, morro novamente por vontade de sentir esse veneno mais uma vez. Deixe-me tirá-lo de seus lábios.- Disse com voz aveludada, Albafica falhou em tentar afastá-lo.

- Você enlouqueceu...- O rosto do pisciano esquentou, com Minos não era diferente.

- Talvez, mas estamos mortos e sozinhos, ninguém jamais saberá. Ninguém vai nos julgar, ninguém vai saber, seremos só você e eu até o momento em que disser "chega". Não há nada a temer, Peixes.-.

- Não posso fazer isso, não podemos nos deixar levar por algo do momento.- Colocou a mão direita no peitoral do Espectro que só fez o segurar mais forte.

- A vida é feita de momentos, me dê a oportunidade e farei você desejar que isso seja eterno !- Disse convicto.

- Somos inimigos...-.

- Podemos ser amantes.-.

- Não é assim que funciona.-.

- Mas pode ser !- Segurou o rosto de Albafica - Não entende ? Estou encantado por você ! Sua beleza, sua inteligência, o conjunto da obra me faz querer te ter mais e mais a cada minuto, tanto que tive que te evitar para não agarrá-lo ! Que droga, Albafica !- Afundou o rosto corado na dobra do pescoço do pisciano apenas 5 centímetros mais baixo que ele.- Não há certo ou errado aqui, estamos no inferno, quem nos julgaria ? Ninguém liga para com quem ficamos, ou o que fazemos.-.

- Mas eu quero ser amado...-.

- Então deixe-me fazer isso.-.

Albafica tentou retrucar mas nada pode dizer, não tinha contra-argumentos sobre o assunto. Minos o agarrou colando os corpos e calmamente começou a beijar Albafica novamente. Começou suave, sentiam os lábios um do outro com sabores diversos de paixão, solidão e um pingo de luxúria. As mãos de Minos estavam coladas na pele de do pisciano que usava camisa escura e calças pretas, assim como os sapatos. Com as mãos apoiadas sobre o peitoral de Minos, ele se entregou ao beijo lento que só parava quando precisavam de ar. 

Puxaram ar, se encarando com olhos nublados de prazer, continuando em seguida com um longo beijo de língua, digno de uma atuação. Minos deslizou as mãos para perto das nádegas do loiro que subitamente parou o beijo :

- Minos, não.- Se afastou corado - Não vamos ser apressados.-.

- Desculpe, foi um acidente.- Voltou a dar beijos no pescoço do loiro que quase gemeu com os lábios em contato com sua pele.- Venha.- Sussurrou no ouvido do loiro que segurou um gemido ao sentir arrepios.

Se sentaram no sofá, Minos deitou por cima de Albafica que estava de olhos fechados sentindo os toques entre os beijos. Em determinado momento ele tocou na ereção do espectro, já perdendo controle de si e deixando marcas de chupões pelo corpo pálido do homem loiro que soltava alguns gemidos baixos de puro deleite. 

- Minos, desculpe...- Afastou Minos - Estamos indo muito rápido, eu não poss--- Foi interrompido.

- Sim você pode, podemos e devemos. Sinto sua ereção, seu corpo é sensível e tem perfume de pétalas. Quero você debaixo de mim e não importa se vai acontecer hoje ou não, quero ouvir você gemer meu nome enquanto estoco em você.- Sussurrou decidido a Albafica que ficou sem reação.

Ouviram alguém bater na porta, Albafica saltou do sofá e tratou de se recompor, enquanto Minos se levantou e fez o mesmo, logo atendendo a porta :

- O que quer ?- Perguntou para a serva, a mesma lhe entregou uma folha com um desenho na mesma - Certo, já irei de encontro á ele, leve-o ao meu escritório.- Fechou a porta, soltando um suspiro alto e olhando o loiro abraçando a si mesmo.- Desculpe, vamos ter que continuar isso numa outra hora.- Se aproximou afastando os longos cavelos loiros e deixando um beijo no pescoço alvo.

- Faça o que tiver que fazer, estarei no meu quarto.- Albafica envergonhado deixou a sala, basicamente correndo, se perguntando :

O que foi tudo isso ? 

- Continua - 

The Meaning Of A Poison Rose - Minos X Albafica (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora