Abelhas e Borboletas -

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- Narração do Autor -

Levou duas noites até Albafica despertar de seu sono de paz, ao acordar naquela enorme cama no quarto escuro, se perguntou onde estaria. Forçando sua visão para melhor ver as coisas em sua volta, levantou da cama e tateou a parede até chegar no candelabro ao lado da porta, onde o pegou e usou para iluminar seu caminho até uma grande janela coberta por uma espessa cortina preta.

Ao abrir as cortinas, viu-se de frente para um grande jardim com flores mortas e árvores ressecadas, o céu violeta mostrava constelações que ele jamais vira, assim como duas luas que iluminavam pouco. Deixou o candelabro de lado, numa banqueta perto da janela e começou a procurar por um relógio ou mesmo alguma dica que revelasse sua localização. Ainda desorientado do sono, pegou um copo com água perto da cama e despejou por sobre seu rosto mas que acabou por molha-lo as vestimentas também.

Agora mais desperto, secou o rosto num pano qualquer que encontrou por ali e foi até a porta, saindo pelo longo corredor ele buscou por alguém que estivesse por ali, mas tudo que via era um local mal iluminado e com cheiro de incenso de folhas molhadas. Virou por dois corredores, sem sinal de uma única alma viva ele continuou seu caminho até chegar numa grande porta pesada.

Desprovido de seu cosmo e enfraquecido, pensou se seria boa ideia adentrar aquela porta naquele corredor escuro de um lugar que não conhecia. Respirou fundo algumas vezes antes de decididamente empurrar a porta e entrar numa sala grande quase sem móveis mas com poucos que poderia identificar como uma mesa de estudos e uma grande cadeira, tapete felpudo de cor escura e muitos livros em grandes prateleiras nas paredes. Concluiu que aquela deveria ser uma biblioteca.

Caminhou pelo lugar, identificou um relógio em um extremo da sala e se aproximou com urgência para ver o horário, entretanto, os ponteiros não se moviam. Estavam paralisados ás três e trinta e três da manhã. Negou achando estar preso em algum pesadelo, sabia estar morto e talvez em algum lugar do inferno, mas porquê naquele grande lugar de certo modo confortável ? Sentiu um arrepio na espinha e olhou para trás, onde a porta bateu revelando a presença do homem de longos cabelos platina, que carregava em seus lábios um sorriso malicioso :

- Albafica... Como é bom ver que despertou.- Minos se aproximou devagar.

- Minos ?!- Perguntou surpreso, não imaginava encontrar aquele homem ali, pouco menos esperava algum dia voltar a vê-lo - Onde estou ? Que lugar é esse ?-.

- Quantas perguntas para algo tão óbvio ! Você está no inferno, meu caro !- Respondeu rindo em puro contentamento, o rosto pálido do cavaleiro de ouro foi como um presente para o Espectro.

- Não me diga o óbvio, esse é o destino de todos que enfrentam um deus !- Albafica se afastou de Minos conforme ele chegava mais perto - O que quero saber é, o que faço nesse lugar especificamente ?-.

- Com Hades em repouso, vai levar tempo até que ele desperte e como não terei nada para passar meu tempo, nada melhor que ter um brinquedo, certo ?- Minos quase encostou no corpo de Albafica conforme o prendia contra a parede.

- Não sou um brinquedo.- Albafica encarou o espectro com desprezo, Minos estendeu a mão direita para tocar o rosto de cavaleiro, que de pronto afastou a mão do outro com um tapa.- Não ouse encostar em mim.-.

- Não faça assim, tão belo rosto deveria ser eternizado em uma pintura, quanto mais entre meus toques !- Voltou a segurar o rosto de Albafica com força, lhe formando uma careta de dor e dentes cerrados em puro ódio - Veja, é essa expressão que devemos guardar !- Apertou mais a mão conforme Albafica usava as duas mãos para segurar o braço do homem que começou a rir em pura diversão com a dor do outro.

- Solte-me...!- Albafica pediu conforme perdia as forças para se manter de pé.- Solte-me agora... Minos...!-.

- Já não tem forças para me deter ? Não quer ao menos tentar ?- Minos perguntou fingindo tristeza.

- Mi-Minos...- Minos soltou Albafica que caiu de joelhos no chão, fragilizado e com dificuldade para respirar. Minos se abaixou e levantou o rosto do loiro pelo queixo utilizando apenas um dedo, dizendo :

- Você não terá descanso, enquanto eu estiver aqui farei da sua eterna estadia uma dor constante. Você se arrependerá do momento em que me derrotou, farei da sua beleza seu inferno e a exaltarei como um canto de tormento em suas orelhas.-.

- Minos... Morra, desgraçado...- Albafica caiu com o rosto no chão após o platinado lhe soltar, com marcas por seu rosto de onde Minos o machucou, ele desmaiou de fraqueza.

Minos observou alguns instantes o corpo do loiro sobre seus pés, sorriu ao ver que não levou tanto tempo quanto achou que levaria para que ele acordasse e estava empolgado com o novo brinquedo. No entanto, também estava perturbado ao ver um brilho estranho no olhar do homem, enquanto o mesmo lhe pedia para soltá-lo, Minos sentiu um estranho formigamento em suas partes íntimas, um pouco de prazer ao ver o loiro lhe implorando. Balançou a cabeça para deixar aquilo de lado, pegou o homem em seus braços e voltou ao quarto, colocando-o de qualquer forma sobre o colchão.

Ao sair, ordenou que duas serviçais ficassem de olho nele e o chamassem imediatamente após o loiro acordar. Ordenou também que preparassem o jantar e servissem somente com o despertar de Albafica, ele estava claramente enfraquecido pela falta de alimentar-se.

Minos não dormiu bem naquela noite, a voz de Albafica o implorando o deixava bem mais desperto do que deveria.

- Continua -

The Meaning Of A Poison Rose - Minos X Albafica (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora