- Narração do Autor -
Levou o que Albafica mediu como quarenta minutos até que encontrasse o quarto a ele designado, mas encontrou, e quão surpreso não ficou ao ver que alguns servos estavam colocando na decoração dos jarros algumas rosas vermelhas já mortas. Eles estavam alheios á sua presença, enquanto ele admirava o quarto com uma grande janela de cortinas escuras como as do quarto de Minos.
Alguns servos tiravam poeira da mobilha de madeira escura, enquanto outros apenas averiguavam os cantos em busca de algo a ser limpo. Albafica reparou a grande cama digna de um rei disposta á sua frente, considerou deitar-se mas não o fez. Um servo de Minos tocou-lhe o ombro e Albafica virou-se para dar-se de frente com uma pilha de vestimentas estendidas á si, sem entender o que o servo queria ele estendeu as mãos para pegar-las e o servo saiu em seguida, todos eles.
O loiro concluiu que aquelas eram roupas que Minos tinha lhe disponibilizado e tratou de coloca-las num armário grande perto da porta, devidamente arrumadas para evitar amassados. Reparou numa camisa branca, a única peça clara entre os tecidos e a pegou para raparar que a mesma parecia ter sido feita sobre medida :
- Viver no Santuário não me permitia vestir-me dessa forma, creio que terei que me acostumar com as vestimentas do século.- Aproximou a camisa para perto do rosto, onde aspirou um perfume de flores, lírios, assim o reconhecia.- Me pergunto como estão as coisas na Terra, já sinto falta de tudo o que eu conhecia.- Guardou a camisa de volta no lugar e olhou pela janela.
Começou a pensar em sua vida, em sua rotina, sua deusa e seus companheiros. Pensou em Degél, seu vizinho com quem muitas vezes conversava por cosmo e descobria o que ocorria no Santuário. Lembrou-se de Manigold, aquele que vivia tentando se aproximar e certa vez até mandou-lhe flores e vinho, na clara tentativa de ser convidado a conversar mais proximo porém, Albafica jamais poria um companheiro e amigo em risco de contaminação com seu veneno. Cada um dos companheiros e amigos lhe passou pela mente, mas um em especial lhe tomou o rubor das bochechas : Shion de Áries.
Estimado cavaleiro e creia Albafica ser um dos mais fortes entre os doze, um amigo com quem muitas vezes conversou amenidades durante as tardes ou troca de turnos na ronda pelo Santuário. Não se aproximava de Shion, fisicamente falando. Nutria por seu amigo de longa data um carinho especial e muitas vezes se perdia nos olhos verdes do Lemuriano.
Albafica lacrimejou ao se dar conta que jamais veria aquele homem novamente, jamais voltaria a falar com ele e jamais voltaria a passar uma tarde em silêncio perto daquele que fazia seu coração falhar uma batida sempre que o chamava. Seu coração doeu, doeu pois sabia que não era apenas carinho o que sentia por Shion mas negava acreditar que aquilo fosse o que chamavam de amor, era apenas saudades de seu melhor amigo.
- Shion... Sinto sua falta, querido amigo.- Albafica ajoelhou-se diante a janela agora aberta e mostrando um belíssimo eclipse, seus olhos deixando transparecer toda a tristeza que agora carregava em seu coração e se permitindo chorar. Chorou em silêncio, envolto de seus próprios braços enquanto os fios loiros escondiam o rosto baixo, o homem estava encolhido e se sentindo cada vez mais sozinho do que quando vivo.
Permaneceu chorando por um tempo, quando sentiu já não ter pelo quê chorar, levantou-se e secou o rosto, foi-se á sala de banhos e lavando o rosto com a água fria, olhou-se no espelho e se recompôs para mostrar sua melhor imagem. Aquela seria sua nova realidade, sozinho por toda eternidade, tendo somente a companhia de seu provocante inimigo.
Lembrou-se então de uma coisa que Minos lhe disse, sobre poder circular livremente pelo Templo que mais se poderia classificar como castelo. Seguiu para fora do quarto, os corredores escuros agora tinham a presença salpicada de alguns servos mas nenhum dos mencionados subordinados de Minos. Pelo caminho, encontrou uma sala com um piano preto e alguns instrumentos dispostos por ali. Adentrou o local vazio e dirigiu-se ao piano :
- Será que...- Se sentou diante o piano e tocou uma nota, logo concluiu - Creio que ninguém se importaria de ouvir um pouco de música.- Estalou os dedos e começou a tocar uma sinfonia, acreditava que boa música curava as feridas da alma, principalmente de uma alma solitária como a dele.
Uma melodia suave porém com um tom de melancolia ressuou pelo recinto, a luz do eclipse vermelho preenchendo a sala com sua penumbra, os olhos ainda levemente avermelhados do choro traziam dor á expressão na face do homem que formava ao seu redor uma invisível barreira de sofrimento e solidão que somente aqueles que já vivenciaram a dor da perda poderiam sentir.
Ao término daquela música, ouviu palmas. O som ecoou forte pela sala, olhou em direção á porta onde Minos e alguns servos aplaudiam maravilhados com o que ouviram. Albafica se levantou assustado, não esperava plateia mas lá estava Minos com sua manta escura e a cor azulada de penumbra noturna voltando conforme o eclipse partia para voltar sabe-se lá quando.
Minos estava com um leve sorriso nos lábios, Albafica não soube identificar o que era aquele sorriso mas os olhos do homem de cabelos platina transpassavam um brilho que o loiro jamais pensou presenciar. Se aproximou de Minos que dispensou os servos com um menear de mãos e disse :
- Eu não sabia que tinha plateia.-.
- Todo o Templo ouviu você tocar.- Disse passando por Albafica e se aproximando do piano - Eu não esperava que você soubesse tocar algum instrumento.-.
- Aprendi a tocar para minhas rosas.- Comentou somente, olhando pela janela.
- Invejo toda a atenção que dá para suas rosas, quem me dera ser uma delas e ouvir tão doce melodia ocasionalmente.- Minos fechou o piano e olhou Albafica que o encarou de volta - Diga-me, como aprendeu a tocar tão bem ?-.
- Aprendi sozinho, como todas as outras coisas de minha vida.-.
- Você poderia tocar algo para mim ?-.
- Por que tanto interesse ?-.
- Eu aprecio boa música e pela expressão que tinha em seu rosto você também aprecia pider tocar.-.
- Não estou acostumado a ter ouvintes.- Albafica se aproximou do piano e olhou Minos com um divertido sorriso no rosto, pois no fundo gostava de saber que alguém queria ouvir-lhe - Mas se me pedes tão gentilmente, o farei.
Minos então levantou-se e deu espaço ao loiro que se preparou para tocar mais uma melodia no piano grande e preto, agora sozinhos na sala Minos se acomodou nas almofadas de um divã disposto próximo as instrumentos e ouviu o ex-cavaleiro tocar para si. Perdeu-se em pensamentos, mas todos virados para o loiro que de olhos fechados sentia as notas fluirem por seus dedos e preencherem seu coração, assim como o de Minos, que agradeceu por Albafica estar de olhos fechados e não presenciar o olhar encantado que era direcionado para si.
Admirou a beleza e graciosidade dos movimentos pelas teclas do instrumento, os fios de cabelo longo balançando de um lado para o outro conforme o outro se movia com a melodia e ao término da música, tudo o que pode responder depois da pergunta a ele feita foi :
- Magnífico.-.
- Continua -
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The Meaning Of A Poison Rose - Minos X Albafica (REESCREVENDO)
FanfictionMinos e Albafica estão mortos. Após se enfrentarem numa justa e incrível batalha que levou Minos a ser derrotado, o espectro espera uma revanche. Neste meio tempo, Albafica espera por seu descanso eterno em que nunca mais precisará se importar com m...