- Sue?
Escuto minha tia me chamar, mas continuo olhando para o celular em minhas mãos.
- Hm?
- Você está parada aí encarando o celular tem uns bons minutos.
- Emily me mandou uma mensagem.
- E...?
Ok, talvez eu esteja surtando um pouco.
Faz dez minutos que Emily me mandou uma mensagem, a primeira mensagem em dois meses. É claro que a gente já tinha se falado algumas vezes, mas na maior parte delas tinha sido por minha iniciativa e também quase todas tinham sido estranhas.
Era esquisito pensar que não sabia mais o que falar quando estava perto de Emily, não que ela me deixasse sem palavras, mas ela diminuía consideravelmente meu vocabulário e tudo que sobrava eram algumas frases sem sentido e nada interessantes.
Contudo, eu sentia que aos poucos as coisas melhoravam - pelo menos ela parecia não estar mais brava comigo.
Foi na noite de ano novo que todas minhas dúvidas foram embora, pois assim que a meia noite chegou Emily me abraçou. Ela não falou nada e nem precisava. Eu sabia o que aquilo significava: ela tinha deixado a porta aberta novamente, ela estava me dando uma segunda chance e eu não perderia essa oportunidade.
Quando me dei conta, minha tia estava bisbilhotando nossa conversa pelos meus ombros.
- Responde a menina logo, Susie.
- Como todo respeito Soph, mas, sério, você não tem mais nada pra fazer?
- Isso e encher a cara. - Ela balançou a garrafa de vinho que segurava
Eu olhei pra ela que agora estava indo se sentar no sofá da sala.
Faziam duas semanas que ela estava na minha casa depois de ter largado o seu, agora, ex-marido.
Quando meu pai contou o que tinha acontecido e que ela ficaria aqui com a gente por algumas semanas, fiquei feliz por saber que ela finalmente tinha largado aquele homem. Foi uma surpresa descobrir que, na verdade, ela era apaixonada pelo marido, mas aquilo nunca tinha sido correspondido. Ela realmente não era a melhor pessoa em expressar seus sentimentos... mas isso foi até passar as duas últimas semanas com ela.
Na primeira semana, ela só saia do quarto para reabastecer seu estoque de álcool. Agora, ela passava os dias plantada no sofá da sala, enquanto maratonava quase todas séries do catálogo da Netflix, a da vez era Grey's Anatomy. Quando não fazia isso, ela me atormentava a todo e qualquer momento que eu estava em casa.
Tirando o fato de que ela estava se afogando no álcool, eu a admirava completamente. Ela decidiu pôr fim a um relacionamento completamente desgastante e sem vida.
Muitas pessoas não têm a coragem que ela teve de colocar um ponto final naquilo, então eu entendia que beber todo dia provavelmente fazia parte de todo o processo de superar o que ela sentia, para finalmente seguir em frente.
- E então? Vai ficar parada aí ou vai vir aqui assistir comigo?
- Depende, o que tem pra comer?
- Sorvete serve?
- Vai ter que servir.
Depois de pegar dois potes com sorvete e entregar um deles pra minha tia, eu finalmente me sentei no outro sofá e ela deu play.
Talvez fosse pelo fato de que eu sempre assistia a série com Emily, mas não pude evitar de lembrar dela naquele momento.
Isso também me fez lembrar que eu não respondi ela.
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O primeiro amor
RomanceEmily Dickinson acredita piamente em três coisas: a santidade das árvores (especialmente seu amado carvalho), seus poemas e que um dia ela beijará Sue Gilbert. Desde que viu seus olhos castanhos deslumbrantes na terceira série, Emily está apaixonada...