15. eu já disse que te amo hoje? (emily pov)

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Palavras do dia: autossabotagem e relacionamento rebote.

Eu precisava refletir em cima delas.

Como se já não bastasse a uma hora mais exaustiva da minha vida que eu tive hoje ao ir na sessão com a Dra. Gomez, ela me deu uma lição de casa, ou seja, eu teria que repetir aquela uma hora na minha cabeça por um bom tempo.

Pensar sobre tudo que eu tinha colocado embaixo do tapete (talvez nesse caso, dentro de uma caixinha bem pequena no fundo do meu inconsciente? que cismava em abrir de vez em quando, lançando o caos no mundo).

...

- Então você e Sue estão conversando de novo? Saindo juntas? Igual a antes?

- Eu acho que estaria mentindo se dissesse que as coisas não mudaram. Eu sempre penso duas vezes antes de fazer qualquer coisa, porque quero me assegurar de que estou fazendo aquilo pelo amor que sinto como amiga e não por um interesse romântico. Ter consciência de que meu amor por ela é mais do que amizade me deixou insegura... eu tenho medo de fazer alguma coisa errada, entende?

- Você acha que faz sentido? Ter medo?

- Não faz?

- É você quem tem que me dizer.

- Ai, seria muito mais fácil se você só me dissesse tudo de uma vez.....

Eu olhei para ela e ela para mim. Era quase uma competição de quem pisca primeiro, mas com palavras no lugar de piscadas. Falei primeiro:

- Não vai rolar? Ok... - Quanto mais eu pensava sobre mais ficava perdida.

- Pra mim fazia sentido até você perguntar se fazia ou não sentido.

- Deixando de lado toda a questão de ser recíproco ou não... nós duas sabemos que esse sentimento não é de agora, então eu te pergunto: você acha mesmo que deveria se sentir assim? Que deveria mudar como se comporta perto dela por isso? Porque pelo que eu entendi.... ela nunca expressou nenhuma rejeição ao seu carinho.

- Não, ela não fez....

...

Se tinha algo mais frustrante que autossabotagem, isso ainda estava pra nascer. Com toda a certeza do mundo, nada era pior do que você saber, no fundo, que aquilo não tinha fundamento e mesmo assim ficar presa dentro de tanta insegurança.

E aquele sentimento era novo para mim... não é como se eu me achasse incrível, mas nunca duvidei de mim mesma, do que sentia, de quem eu queria ser e como eu devia agir. Era interessante (pra dizer no mínimo) observar diferentes ângulos daquilo que eu sentia por Sue.

O amor dói, minha nossa, como dói. Ele era, na maior parte das vezes, minha única motivação, mas também conseguia ser o fundo do poço. Às vezes eu não tinha vontade de sair de lá - convenhamos, era mais fácil do que sair e cair lá dentro de novo - mas assim como qualquer outro sentimento, ele precisava ser sentido, o bom e o ruim.

Eu tinha deixado todos os meus sentimentos de lado para que minha amizade com Sue pudesse ter uma segunda chance. É verdade que eu estava guardando mais coisa do que aguentava, mas eu finalmente estava me sentindo bem.

As coisas estavam voltando ao normal entre nós duas e eu estava seguindo em frente ou pelo menos tentando. O que me leva a segunda frase do dia: relacionamento rebote.

Não sei se diria que o que tenho com Mary é um relacionamento.

Nós não conversamos (não que eu não tentasse), tudo era puramente físico.

Físico até demais se for pra ser sincera, eu tenho quase certeza que, ao mesmo tempo, seu desejo por beijar era tão grande quanto o de me bater. Não que ela fizesse isso, mas ela podia ser... meio agressiva. Eu não sabia mais discernir se ela me jogava contra a parede de alguma sala vazia por puro prazer ou porque simplesmente não queria ser pega.

O primeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora