12. eu sou várias coisa mas adivinha não é uma delas (emily pov)

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As semanas seguintes não foram muito diferentes do jantar, afinal com meu pai de volta à cidade, nós fomos convocados a participar de diversos eventos.

E, depois daquele dia, eu nunca mais fui a um jantar sem estar preparada - eu arrastava George para todas essas festas. Não é como se ele fosse um estranho a esse universo todo, afinal seus pais também eram do meio político.  Ele não tinha interesse algum em participar disso, mas quando eu pedi que ele fosse minha companhia, ele não hesitou.

Era de conhecimento geral que George era um baita de um galinha e eu estava muito ciente disso. Na verdade, ele deixava bem claro que tinha interesse em mim, assim como eu tinha deixado claro que o interesse não era recíproco.

Não que isso impedisse que as vezes a gente ficasse, afinal eu era solteira, ele também e que mal fazia dar uns beijinhos, não é mesmo? Mas aquilo tudo não passava de uma amizade colorida e, sim, ele sabia sobre Sue - não é como se eu tivesse tido muita escolha, porque abri a boca no dia que estava bêbada e acabei contando tudo.

O que me surpreendeu foi que ele me apoiou e em momento nenhum me julgou. Aquilo fez com que eu me sentisse completamente segura e confortável em sua presença, ele era totalmente aquele meme do "parece que te mataria, mas na verdade é inofensivo".

Sinceramente, eu não sabia se sobreviveria a essas festas se não fosse por ele e por Vinnie (ela ainda não sabia de minha paixão, não conscientemente pelo menos).

A festa de hoje aconteceria no centro da cidade, num dos principais e, provavelmente, mais bonitos e caros prédios. Tudo ali exalava poder e riqueza, eu tinha quase certeza que a comida estava sendo servida em pratos de ouro, talvez eles até servissem ouro para comer se eu pedisse.

Assim que chegamos, eu dei de cara com Mary, que não pareceu muito feliz de estar ali e ficou menos ainda ao me ver também. Sua mãe era a mais nova candidata do partido e aquela noite era basicamente uma festa de apoio a ela.

Fomos direcionados a uma mesa e me colocaram ao lado de Sue - talvez pelo fato de que sempre sentávamos uma ao lado da outra em festas como essa.

Fiquei em um dilema entre me sentar e talvez iniciar uma conversa com ela, que já me olhava como se esperasse exatamente isso, ou fugir dali.

Decidi que hoje seria diferente - eu não ficaria sofrendo como havia feito tantas outras vezes. Eu não ficaria ao lado dela e de Austin escutando como o relacionamento deles ia bem. Puxei George, que já estava sentado confortavelmente em sua cadeira, e o arrastei até a pista de dança.

No começo foi estranho, porque aquele DJ era uma porcaria, mas bastou George ir falar com ele - provavelmente passando alguma playlist ou o subornando - e, no momento seguinte, a festa começou a ganhar vida.

Uma coisa que eu descobri sobre George nas últimas semanas é que ele sempre estava preparado pra qualquer tipo de situação: sexo? ele tinha camisinha, surtos? ele tinha os melhores conselhos, dores? ele tinha um kit de primeiros socorros, larica? ele tinha os mais variados petiscos e, pra cada uma dessas situações, ele também tinha uma playlist.

Acho que a única coisa que supera o quão ruim eu era em montar uma playlist era dançar. Não que ousasse chamar aquilo que estávamos fazendo agora de dança, porque certamente estava muito longe disso.

Se você fosse uma pessoa muito simpática talvez dissesse que aqueles movimentos que tentávamos fazer eram parte de uma performance, uma dança experimental, mas pelo menos estávamos nos divertindo muito.

Eu olhei para ele mais uma vez - se meu coração não pertencesse a Sue, eu tenho certeza que poderia me apaixonar por George.

A ideia não me assustava e já tinha até sido um tópico nas minhas sessões com a Dra. Gomez, minha sexualidade, mais especificamente minha orientação sexual. Foi a primeira vez que falei abertamente sobre isso, não por vergonha ou medo, mas por falta de necessidade ou até abertura para o assunto. Falar sobre aquilo não era assustador pra mim, porque era uma das poucas certezas que eu tinha sobre mim mesma.

O primeiro amorOnde histórias criam vida. Descubra agora