Andava ao lado de A. e H. a rua naquela noite estava deserta,um ao lado do outro ocupavamos a calçada deixando uma pequena passagem para qualquer pessoa que não passaria por ali.Precisávamos de mais algum trago independente de não conseguirmos nos manter de pé,não queríamos nada, exceto ficar ao estado em que nos jogariamos ao chão e em uníssono pediriamos a deus que jogasse seu santo vinho em nossas almas fétidas. Como era de se esperar em pouco tempo estavamos caídos,e a vida acabou dando uma pausa para que ficassemos bem,confortavelmente altos,A. ascendeu um cigarro que ficou a passar de mão em mão,não precisávamos de amor ou qualquer coisa que nos causaria a morte,pensei que aquele era o único jeito de não colocar um 38 contra o céu da boca ou me entregar aos poucos no cotidiano,isso ia acabar me
matando,era o que todos diziam,mas a morte lenta pode ser melhor que a morte de espírito. De subto toda a cidade escureceu,os prédios se apagaram e alguns instantes depois algumas luzes de emergência surgiam,as estrelas eram pontos infinitos,e eu somente um escarro de existência orgânica,imaginava se em outro lugar alguém olhava para o mesmo céu,imaginando as mesmas coisas,um leve sorriso se formou em meus lábios,e aos poucos a cidade se iluminava novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O que fazer dessa Saudade?
PoetryContos e Poesias de amor, drogas, noites insalubres, e um ser atormentado pela Saudade. Escrito por João Paulo Sousa. Texto e poemas de 2013, 2014, 2015. Ficção, qualquer conhecidencia com a realidade é pouca. Mais histórias no instagram @autofagia_