Não fumava um cigarro
desde as oito
da manhã,
o relógio marcava
oito horas da noite
e nenhuma moeda sequer
surgiu em minha frente
buscava como um louco
acabei como um viciado
minhas mãos
tremiam
e não conseguia prender
os olhos na leitura por
um minuto.Busquei no fundo de
minha casa,
bem abaixo da janela
do meu quarto
com a luz de meu isqueiro
até que achei uma mínima
ponta de um cigarro
de palha
estaria por ali algumas semanas
ou até meses,
pouco importa,precisava
tanto daquilo como
precisava parar de me
queimar pouco a
pouco.Ascendi com o máximo
de cuidado,
um trago,
expirar
segundo trago
expirar
no terceiro trago meus
lábios se queimaram,
até que enfim
um pouco de leitura
na minha noite sem
esperanças.Me deixei cair na cama
e me deixei ser levado
pela brisa leve
que tomava minha
mente,
quase quarenta graus
e eu preso num cômodo
sem a mínima esperança
de por os pés
na rua,
com o total desejo
de que os dias
se baseacem naquele
instante.Indo lento para o caminho
da pressa de me achar
jogado na vida
de braços abertos e
olhos estreitos
coração parado e o
peito aberto
os sonhos reais
meus dias sempre como
as noites,
com um único momento
de luz,
com um único ponto
de dúvida nas estreitas
ruas de iluminação
amarela,
até os braços abertos
que me aguardam
num banco ou numa
escada,
de lábios cerrados
e olhos escuros,
por trás de uma onda
de fumaça
ou somente de qualquer
maneira que não possa
imaginar até chegar
o dia.
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O que fazer dessa Saudade?
PoesíaContos e Poesias de amor, drogas, noites insalubres, e um ser atormentado pela Saudade. Escrito por João Paulo Sousa. Texto e poemas de 2013, 2014, 2015. Ficção, qualquer conhecidencia com a realidade é pouca. Mais histórias no instagram @autofagia_