Linha 2, 2:25PM

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Das trinta e oito mulheres

que passaram pela roleta

do ônibus,

me apeguei a quase todas

aquele lugar estratégico

bem ao lado da roleta

sentado e olhando para todas

e sendo olhado por algumas

que mantinham o olhar por

dois ou três segundos

pensando que tipo de pervertido

eu era, bom, sou como qualquer

um, não como qualquer pervertido

só que dessa vez não era nada discreto.

Eu te vi de cima a baixo,

pele clara, aliás, como você consegue

se manter tão clara com esse

sol todos os dias?

Você já pensou que se tivesse falado

comigo eu provavelmente

iria gaguejar e não saber como tirar

meus olhos dos seus lábios

pintados de vermelho?

Enquanto você se mantinha ali de pé

com os olhos em minhas tatuagens

pensando que tipo de guri eu poderia

ser na sua vida

ou pensando nas compras de natal

que a mãe está fazendo no caos

que está o Centro da cidade

Ainda prefiro pensar que imaginava que tipo

de guri eu era, ali, olhando as vezes para seu rosto

fingindo olhar a rua do

outro lado

mas com você ali a rua

continuava sendo o mesmo

lugar de sempre.

Olhava para seu rosto

- e também para seu corpo-

e para os seus malditos

lábios cor de vinho

que tipo de pessoa

acha que é para sair pela

rua fazendo qualquer um

imaginar coisas que não levam a lugar

algum?

E mesmo sem se tocar que

algum dia ficou na cabeça

de alguem você imagina

que não me lembro

nem dos teus olhos cor

de...

Depois de estar em minha

casa entre as paredes e

os olhos que tento

criar na minha

solidão, eu penso que

poderia te ver no feriado

que vem.

Mas isso nunca

vai

acontecer.

O que fazer dessa Saudade?Onde histórias criam vida. Descubra agora