Não tenho ficado em casa

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Não tenho ficado muito

em casa

não venho permanecendo em

lugar algum

as vezes me encontro num

desencontro entre eu e você

ou você e você mesma

quase nunca estou no meio

das estrelas ou entre

o chão e o céu.

Venho caminhando pelas ruas

com os braços cruzados e

alguns sonhos embaixo

dos sapatos

seguindo rastros que não foram

deixados

olhando o céu e sentindo

o corpo se inundar das chuvas

repentinas.

Num quarto na parte imunda

da cidade

onde os corações se inundam

em visões e ácidos

hoje gastei algumas horas e algumas

moedas na esperança de

ter paciência até a chuva

transbordar o copo de

café fraco e molhar as páginas

com alguma cor além

de nós - ou eu mesmo e um

pouco de você no dia

de ontem.

Obtenho alguns fáceis desvios

rotas e placas de "pare"

cartas e abusos em papel - você crê?

planos planos em um

espaço plano que por razões

metafísicas sobem e

descem.

Ontem eu estava jovem

hoje estou mais ainda

escuto as inúmeras risadas saídas

da televisão do quarto ao

lado

e um copo com uísque ou

conhaque se chocar contra a

fina parede de madeira que separa

meu amor do amor

ao lado.

A mulher não para de gritar

e chorar e jogar coisas

contra a parede

o homem com quem ela

estava algumas horas atrás

me pediu um cigarro e eu

pedi o isqueiro.

Não sou tão diferente

do que ele é.

Será que a mulher que acabou

de cortar as mãos nos cacos

da garrafa de uísque ou

conhaque e sentada próximo

de minha porta

é tão diferente da mulher

que preenche o copo

que nunca transborda?

O que fazer dessa Saudade?Onde histórias criam vida. Descubra agora