Senti que parte desses olhares sujos e
escuros
iluminam os passos tortos
que marcam os dias
em tempos de vento forte
e soturno.
Preso no meu quarto
queimo um cigarro assim que
outro acaba e a dor que me
arranca os sonhos
me faz ver que tudo é
sujo demais e puro demais para que
as vozes que gritam de cima
dos prédios me façam fugir
para os becos inexistentes
dos nossos olhares
corrompidos e melancólicos.
Com o suor passando
por minha fonte
respiro o ar escuro
e demasiado quente
que passa no meu
corpo riscado com
palavras que não
representam o que
sou.
Amor, acho que isso
está matando o que
construímos com o
tempo que seguia
aos poucos e rápido
demais,
amor.
acho que isso
par-
tiu
junto com a noite de
alguns dias atrás,
fazem décadas ou horas?
esse sim foi o grande
surto da razão mesmo
que essa tal
falta de sentidos
me mantenha sentindo cada
furo em minhas veias
ou cada risco nas minhas
fugas para as pradarias
iluminadas pelo sol
triste nas noites ou
manhãs
e assim que tudo isso for
morte e sopro quero que
nada disso passe pelo
vento que queima a brasa
que seguro
ou que vire som e rasgue
o final da tarde que
nunca vai acontecer.
A lua acima de minha cabeça
continua com sua magnífica
cintilancia
e meus pensamentos vagam
altos e altos para cima
onde as estrelas podem ser
vistas e quase tocadas
com as pontas dos dedos
marcados
e serem parte de minha
insignificante dor
que não me faz morrer
nem viver
mas que impede
esses únicos instantes
que vejo correndo diante
do meu nariz.
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O que fazer dessa Saudade?
PoetryContos e Poesias de amor, drogas, noites insalubres, e um ser atormentado pela Saudade. Escrito por João Paulo Sousa. Texto e poemas de 2013, 2014, 2015. Ficção, qualquer conhecidencia com a realidade é pouca. Mais histórias no instagram @autofagia_