• part eight •

239 30 44
                                    

25 de janeiro.
Domingo, 19:32 pm.
Hillsong Church, Toronto, Canadá.

Chegamos na igreja um pouquinho atrasados, mas que bom que havia acabado de começar o culto. Me sentei em uma das últimas fileiras já que a igreja estava cheia e não tinha banco mais para frente, Finn se sentou ao meu lado.

Pegamos a metade do louvor que estavam cantando já que os cultos sempre começam com um. Olhei para Finn, o qual não parecia estar muito à vontade. Logo minha atenção foi voltada para o Pastor que começou a falar.

Depois da introdução do culto, a pregação começou. Já faziam uns 30 minutos que a pregadora estava falando lá na frente. A palavra estava sendo sobre como você precisa deixar o passado para trás e pedir perdão pra Deus o permitindo curar suas feridas e transformar sua vida, Ele está sempre pronto para perdoar, você só precisa ir até Jesus. Senti profundamente que aquela palavra era direcionada a Finn, e pelo jeito ele também sentiu pois se levantou e saiu da igreja no meio da pregação. Decidi ir atrás dele para ver se estava bem.

- Finn? Tudo bem? O que aconteceu? - Ele estava parado na frente da porta da igreja.

- Não, Lunna, não está tudo bem. Eu não consigo. Não dá. Eu não posso.

- Como assim? Do que você está falando?

- Eu vou embora.

- Mas por quê?

- Por que eu não consigo ficar aqui, desculpa.

- Tudo bem. Você se importa se eu ficar até o final?

- Não, eu posso ir pra casa sozinho.

- Ok, então, até depois.

- Até. - Finn falou e saiu da minha frente. Eu entrei na igreja e me sentei no mesmo lugar.

Passei o resto do culto pensando no motivo de Finn ter saído tão alterado daquele jeito. Na hora da oração eu pedi para que Deus pudesse perdoar suas culpas e lhe tirar esse peso que ele carrega nas costas, orei também para que Jesus me dê sabedoria para poder ajudar Finn.

Ao fim do culto, saí da igreja e lá na frente chamei um Uber, o qual não demorou muito pra chegar. Voltei para meu prédio e subi as escadas, entrei em meu apartamento e fui trocar de roupas. Coloquei uma roupa confortável e fui comer algo pois estava morrendo de fome. Comi umas coisas que estavam prontas na geladeira e sentei no sofá.

A situação de Finn não saía da minha cabeça, então decidi ir até seu apartamento para falar com ele. Bati na porta e logo ele abriu com um péssimo semblante como sempre.

- Oi Finn, como você está?

- Estou bem, só estava dormindo.

- Ah, desculpa se te acordei. - Dei uma risada sem graça.

- Tudo bem.

- Então... será que eu posso entrar?

- Pode. - Finn abriu espaço para eu passar e eu entrei em seu apartamento. - O que te traz aqui?

- Então... - Olhei em volta observando a casa de Finn, estava um pouco bagunçada com coisas jogadas pelos móveis. - Por que você saiu da igreja daquele jeito?

- Por favor, não quero falar sobre isso.

- Tá bom, tá bom. O que você acha de assistirmos um filme?

- Agora?

- Sim.

- Tá. Que filme você quer? - Finn se senta no sofá e liga a televisão.

- Qualquer um que tiver aí. - Falo me sentando ao seu lado.

- Esse filme não existe.

- Muito engraçado você. - Dei uma risada falsa e Finn só sorriu de lado. Um dia eu consigo fazer ele sorrir de verdade. - O que me diz de um filme de comédia?

-Sério? - Ele me olhou com uma cara de deboche.

- Sim, ué. Que tal Gente Grande?

- Ok. - Finn colocou o filme na televisão e começamos a assistir.

[...]

- Eu amo essa parte que eles estão no mercado. - Eu estava chorando de tanto rir.

- Sim, é muito boa. - Finn deu uma risada. Yeah! Ponto pra mim! Quer dizer, pro filme.

Assistimos o resto do filme rindo e comentando sobre as cenas mais engraçadas. Foi bom ver Finn rindo pelo menos uma vez.

- Você precisa concordar que esse filme é muito bom.

- Ok ok, não vou mentir, é muito bom mesmo.

- Que tipo de filme você gosta de assistir?

- Geralmente eu assisto de terror ou suspense, algo assim.

- Credo, você é muito sombrio. - Ele deu uma risada anasalada. - Já eu prefiro um bom romance, ou então um bom filme de ação, se tiver os dois melhor ainda. Adiciona comédia e fica o melhor filme de todos.

- Nossa.

- Que foi? Eu sou muito eclética quando se trata de filmes, só não gosto de terror.

- Tá bom, vou fazer você assistir um filme de terror qualquer dia desses.

- Ah tá, vai sonhando.

Finn e eu conversamos sobre várias coisas por um bom tempo, nunca tinha visto aquele lado dele. Finn era diferente e uma pessoa alegre quando não estava mergulhado na culpa pela morte do irmão, e eu estou determinada a fazer de tudo que estiver ao meu alcance para desenterrar essa pessoa feliz que eu sei que vive lá no fundo de Finn.

- Então... hoje lá na igreja... eu não me senti muito bem, pois me lembrou meu irmão. Há 8 anos atrás, meu irmão me levava à igreja e eu amava ir, era um dos meus lugares favoritos. E passar tempo com Tyler era meu momento preferido, por isso que eu tento evitar qualquer lugar que me lembre ele.

- Ah, entendo... - Um silêncio pairou sobre o ambiente. - Tudo bem, se eu puder te ajudar, espero que você consiga superar tudo isso.

- Não sei se isso é possível.

- Tenho certeza que é. - Olhei no relógio da parede. - Meu Deus! Já é 23:34, preciso ir pra casa. - Me levantei rapidamente e fui até a porta, Finn veio logo atrás.

- Tchau, obrigado por essa sessão de filme. - Eu sorri.

- Eu que agradeço. Boa noite.

- Boa noite. - Ele falou e fechou a porta. Abri minha porta e entrei em casa.

Yeay! Mais um ponto para mim. De pouco em pouco a galinha enche o papo, não é mesmo? Nesse caso é de pouco em pouco eu faço com que Finn volte a ser quem ele era. Sei que com a ajuda de Jesus eu vou conseguir.

Fui até o banheiro e escovei os dentes. Depois coloquei meu pijama, apaguei a luz do quarto e deitei na cama me cobrindo com os cobertores, pois estava muito frio. Fiz uma oração nos pensamentos agradecendo por cada detalhe e fechei os olhos, dormindo rapidamente.


Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora