• part twenty six •

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29 de Outubro.
Sexta, 12:50 pm.

Cheguei da faculdade, tomei banho e fiz um almoço. Peguei uma roupa em meu armário e vesti a mesma. Arrumei o que faltava na minha bolsa e saí do apartamento.

Fui caminhando até a biblioteca e chegando lá, fui recebida pelos Srs. Smith dizendo o que eu deveria fazer hoje. Haviam novas tarefas para mim, já que tinham chegado novos livros que precisavam ser desembalados, etiquetados e colocados em seu devido lugar nas prateleiras. Além de que eu ficaria sozinha hoje, pois meus chefes teriam que sair para comprar algumas coisas para a biblioteca. E por isso, eu teria que receber mais uma remessa de livros que vão chegar hoje.

[...]

Acabei todo meu trabalho no fim da tarde e assim finalizei meu expediente. Eu estava acabada. Voltei andando para casa e quando cheguei, me joguei em minha cama. Tive que tomar outro banho pois estava cansada de tanto trabalhar hoje.

Depois de colocar uma roupa confortável, sentei no sofá e acabei lembrando que amanhã era o dia em que eu iria viajar para Vancouver com meus colegas da faculdade. Eu estava muito ansiosa, é uma viagem muito importante.

Decidi fazer meu devocional agora, mesmo estando acostumada a fazer antes de dormir. Peguei minha Bíblia, e antes de abri-la fiz uma oração. Orei pela viagem de amanhã, para que dê tudo certo. Sei que vai ser de acordo com a vontade de Deus. Acabei a oração e li um capítulo da Bíblia e depois cantei algumas músicas cristãs, das quais eu lembrei na hora.

Guardei minha Bíblia e fui à cozinha tomar um copo de água. Percebi que não tinha falado com Finn hoje, até estranhei, ele nunca fica tão quieto assim há um bom tempo. Decidi ir até ele em seu apartamento. Bati na porta, a qual demorou um pouco para ser aberta por Finn, o qual não estava com a melhor das expressões.

- Oii, Finn, tudo bem? - Falei entrando.

- Não, nada bem.

- O que aconteceu?

- Meus pais me ligaram hoje.

- Sério? O que eles disseram?

- Pelo que falaram, estavam com saudades… - Finn fez sinal de aspas com as mãos. - E queriam falar comigo… e todo aquele papo.

- E isso não é bom? O que você respondeu?

- Eu falei tudo que tinha que falar. Eles nem sequer pediram desculpas ou algo assim… - Finn estava alterado. - Eles agiram como se nada estivesse acontecido.

- Calma, Finn… talvez a forma deles de se desculpar é voltando a falar com você, mostra que eles se importam…

- Não, eles não se importam, Lunna… por favor, não defenda eles, você não os conhece. - Ele falou alto, ofegante.

- Não precisa ficar desse jeito… dá uma chance pra eles, perdoa seus pais, isso vai te fazer bem… - Cheguei mais perto de Finn e toquei em seu braço.

- Você não sabe o que vai me fazer bem… eu não posso perdoar eles, não antes deles confessarem o que fizeram. - Ele afastou meu braço.

- Talvez a iniciativa tenha que partir de você para as coisas mudarem…

- Não, Lunna, você não entende, eu não consigo fazer isso… - Finn quase gritou, parecia que estava prestes a explodir.

- Quem sabe se você conversar com Deus, Ele possa te ajudar.

- Para de tentar me ajudar, para de ficar falando desse seu Deus. Por que você sempre fala que Ele pode me ajudar? Se é realmente verdade, por que Ele não me ajudou até agora? O que Ele fez? - Finn olhou para mim, eu podia ver a dor e a fúria em seus olhos.

- Primeiro você precisa se permitir ser ajudado por Ele…

- Eu não quero, eu-eu… para de fazer isso!

- Deixa eu te ajudar, Finn…

- Não… não… não quero sua ajuda… sai daqui! - Ele gritou apontando para a porta. - Por favor. - Falou baixo recuperando o fôlego.

Aquilo doeu do meu coração. Finn nunca tinha falado comigo daquele jeito. Eu entendi que ele estava alterado, mas não precisava fazer aquilo. Ele nunca tinha me magoado assim. Saí de seu apartamento e percebi que uma lágrima estava escorrendo pelo meu rosto. Limpei a mesma e entrei em casa trancando a porta e indo imediatamente ao meu quarto. Me ajoelhei e comecei a conversar com Jesus. Eu chorei porque nenhuma palavra conseguia sair da minha boca, mas sei que Ele entendeu tudo o que eu queria dizer mas não fui capaz.

Finn está machucado. Está preso no passado. Ele guarda aquela mágoa. Um rancor que o corrói por dentro. Eu pensei que ele estava superando isso, mas pelo jeito eu estava errada. Finn precisa de ajuda, mas eu não posso fazer nada se ele não se permitir. Ele precisa se libertar, deixar tudo isso pra trás e perdoar seus pais e principalmente a si mesmo. O único que pode ajudá-lo a fazer tudo isso e abrir seus olhos é Jesus.
Mas mesmo assim, eu fiquei muito chateada com Finn. Não consigo tirar da mente tudo o que ele falou. E isso me fez chorar mais ainda.

Depois de um bom tempo orando, meus joelhos já estavam doendo, me levantei e fui até a cozinha para comer alguma coisa. Assim que o fiz, voltei para meu quarto, apaguei as luzes e deitei na cama. Não é o horário que eu costumo dormir, mas prefiro dormir cedo quando estou triste. Demorei um pouco para pegar no sono, fiquei pensando em Finn e na viagem de amanhã, não consigo dormir quando estou preocupada. Tentei afastar esses pensamentos e logo adormeci.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora