• part twelve •

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01 de Fevereiro.                                                  Domingo, 11:14 am.

Hoje quando eu acordei eu estava com a sensação estranha de quando meu pai havia ligado marcando de se encontrar comigo. Era um mau pressentimento e eu não sabia por quê.

Hoje é o dia em que eu vou ver meu pai, ter que encarar ele depois de algumas semanas sem vê-lo. Não sei se estava preparada para isso.

No momento, estou pensando no que vou fazer de almoço. Eu não era muito boa na cozinha, fazia uma receita ou outra, mas só isso. Pesquisei na internet e achei uma receita de Strogonoff vegetariano, decidi que era isso mesmo que eu iria fazer.

Peguei todos os ingredientes e coloquei na panela, seguindo o modo de fazer da receita. Até que eu estava indo bem, até agora não estraguei nada.

Quando o Strogonoff ficou pronto, o arroz não estava totalmente bom ainda, então deixei ele cozinhando mais um pouco e fui procurar onde estava meu celular. O achei em cima da escrivaninha do meu quarto, desbloqueei e vi que tinha algumas notificações do Instagram.

O problema é que eu acabei me entretendo com o celular e esqueci o arroz no fogo, só percebi quando senti um cheiro de queimado. Fui correndo para a cozinha e tirei o arroz do fogo. Queimou tudo por baixo, mas ainda assim consegui salvar um pouco. Coloquei minha comida em um prato e comecei a comer. Até que não está de se jogar fora - pensei.

Terminei meu almoço e lavei a louça. Limpei e organizei toda minha cozinha e depois fui tomar um banho. Depois de ter tomado um bom banho, lavado o cabelo e feito todas as minhas higienes, fui para meu quarto de toalha para escolher a roupa que eu iria sair.

Peguei uma calça jeans preta, uma blusa de manga comprida azul-marinho e um casaco amarelo-queimado peluciado por dentro e me vesti. Nos pés eu coloquei um coturno preto. Penteei meu cabelo e fiz chapinha no mesmo. Decidi ir sem maquiagem mesmo, bem natural. Coloquei minha touca de sempre e luvas. Peguei minha bolsa e verifiquei se estava tudo certo.

Depois de estar completamente pronta, me dirigi até a porta e antes de abri-la soltei um suspiro, eu estava apreensiva. Abri a porta e saí de casa. Vai dar tudo certo, se Deus quiser - pensei. Desci as escadas e quando cheguei lá embaixo um frio gelado bateu em meu rosto, abracei meus braços, mas logo depois tive que soltá-los pois precisava chamar um Uber.

Minutos depois o carro chegou e o motorista me levou até o destino. Chegando lá depois de longos minutos de viagem já que a cafeteria era no centro da cidade, desci do carro e observei a fachada do lugar por alguns segundos. Era uma cafeteria gourmet, toda trabalhada no vintage, a decoração era dos mais diferentes tons de marrom. Entrei no estabelecimento e respirei fundo sentindo o cheirinho delicioso de café fresquinho.

Logo avistei meu pai sentado em uma das mesas quase do fundo, ele estava sentado de frente para a entrada e quando me viu acenou para mim e eu acenei de volta.

- Oi, Lunna! - Falou quando me sentei à sua frente de costas para a entrada.

- Oi, pai.

- Como vai?

- Vou bem e o senhor?

- Vou bem também.

- Finalmente consegui um dia para nos encontrarmos.

- É. - Sorri tímida.

- Eu estava com saudade.

- Eu também.

- Ando muito ocupado, sabe? O trabalho ocupa muito do meu tempo. - Como sempre - pensei. - Mas tô tentando controlar isso.

- Que bom.

- E como está sua vida, conta as novidades.

- Minha vida está normal, não tenho nenhuma novidade.

- E a faculdade?

- Tudo bem.

- Está precisando de alguma coisa? Ajuda financeira, quem sabe...

- Não, pai, não preciso de nada.

- Tem certeza?

- Tenho.

- Como está a vida amorosa?

- Não tenho. - Ele riu.

- Ok, entendo que pode ser que você não queira falar porque faz tempo que não conversamos, mas saiba que sempre serei seu pai e se precisar, estou aqui, ok? - Desconfiei um pouco do que ele falou, meu pai parecia mesmo estar se importando, mas algo me dizia que algo estava por vir, eu só não sabia o que era.

- Ok, pai, obrigada.

- Então, tá... já que você não tem novidades... eu tenho uma!

- Qual?

- Eu tô noivo! - Quando ouvi aquilo não consegui processar de imediato, fiquei muito surpresa.

- O quê?

- Isso mesmo que você ouviu, eu vou me casar.

- Como assim?

- Como assim o quê?

- Mas eu nem sabia sequer que você estava se relacionando com alguém...faz o maior tempão que a gente não se fala... - fiz uma pausa indignada. - ... e-e quando finalmente você tem um tempo para me ver, você vem e me joga uma notícia dessas?

- Lunna, do que você está falando? Por que todo esse alvoroço?

- Alvoroço? Como você é capaz de fazer isso? Quem é essa mulher? Eu nem a conheço! E-e a mãe? Você já superou ela? Quer dizer, acho que você nem sofreu pela perda dela... - bufei.

- Filha, já fazem dois anos...

- Por favor, pai, não me venha com isso. Há dois anos quando a mãe se foi, eu não vi uma lágrima saindo do seu rosto. No dia em que ela morreu, eu fui sozinha pro hospital, porque você estava ocupado demais no trabalho. Nem sequer no velório dela você pôde ficar até acabar. - Lágrimas começaram a cair em meu rosto.

- Lunna, eu sei que pode ser difícil admitir que a vida tem que seguir em frente com ou sem sua mãe, mas isso é passado, agora eu preciso continuar a viver, e eu tenho uma nova pessoa, com quem eu sou feliz e vou me casar...

- Tá bom, pai, faça o que o senhor quiser... - Limpei as lágrimas com a costa da mão e me levantei para ir embora, indignada.

- Lunna, espera! - Ouvi meu pai me chamar, mas ignorei e saí da cafeteria.

Andei pela calçada por alguns metros tentando raciocinar o que havia acabado de acontecer e todas as palavras do meu pai. Tentando entender o porquê dele ter feito aquilo. Eu estava muito chateada, então chamei um Uber e fui direto para casa.

Quando cheguei em meu prédio, fui até meu apartamento e deixei minha bolsa ali. Saí de novo e subi as escadas até o terraço, precisava tomar um ar para pensar em tudo.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora