• part sixteen •

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11 de Abril.
Domingo, 11:35 am.

Ouvi meu celular vibrar enquanto eu estava fazendo meu devocional, ignorei na primeira tentativa mas a pessoa continuou ligando, então eu fui até meu celular e o peguei vendo que era meu pai que estava ligando. Eu até havia esquecido que ontem tinha sido o casamento dele e que eu não havia ido.

- Oi, pai!

- Filha, por que não veio ontem?

- Hã… então… - Pensei no que falar sem expor o que tinha acontecido. - Eu tive uns problemas aqui… foi uma emergência… e eu não pude ir. Mas eu queria muito ter ido, infelizmente não deu.

- Que problemas? Você está bem?

- Sim, eu estou bem. Não se preocupe. Inclusive, parabéns pelo casamento.

- Faltou você lá… fiquei muito triste que você não foi… quer saber, acho que já sei por que você não foi.

- Por quê?

- Você já tinha me dito antes… que eu não tinha me importado com a morte de sua mãe e que eu já tinha superado isso…E também você nem conhece a noiva… um monte de besteira, um monte de desculpa pra você não ter ido…

- O que? Como assim?

- Eu sei que você ficou chateada por eu estar me casando de novo.

- Não foi por causa disso que eu fiquei chateada, o senhor sabe muito bem o motivo… nunca teve tempo pra mim, pai! Desde que a mãe morreu principalmente, nem sequer me apresentou sua noiva antes de me convidar pro casamento… mas apesar de tudo isso, eu considerei ter ido ontem na cerimônia, eu não fui porque aconteceu realmente algo que me impediu de ir…

- Ah, com certeza! Deve ter sido algo muito importante mesmo, mais importante que seu próprio pai!

- O que? O senhor não sabe o que aconteceu, não pode falar isso.

- Quer saber? Cansei do seu mimimi. Faça o que quiser, tchau. - E desligou na minha cara.

Eu não estava acreditando no que acabara de acontecer. Meu pai me culpando por tudo o que aconteceu? Era só o que me faltava. Joguei meu celular em cima da cama e fui tomar um gole de água.

Eu já estava muito nervosa pelo o que tinha acontecido ontem e agora acontece mais isso. Orei mentalmente pedindo pra Jesus me dar paciência e força pra aguentar tudo isso, porque tá difícil.

Ontem eu passei o resto do dia com Finn para garantir que não aconteceria aquilo de novo. Ele tomou um banho quente e demorado para limpar todo sangue e de alguma forma limpar por dentro também. Depois fiz curativos nos braços dele e passamos o tempo conversando, vendo tv e lendo a Bíblia. Passei a noite dormindo no sofá enquanto ele dormia no quarto, eu não poderia deixar Finn sozinho, não com ele naquele estado. Pela manhã, me certifiquei de que Finn estava bem e em seu estado normal novamente e depois vim para meu apartamento.

Me dirigi até o banheiro e lavei o rosto na água gelada, na tentativa de esclarecer os pensamentos. Sentei em minha cama e comecei a refletir sobre tudo o que estava acontecendo. Eu estava muito chateada com o que meu pai havia falado, estou até agora sem acreditar que ele acha aquilo de mim. Ignorei esses pensamentos e me concentrei em Finn, esse eu sabia que precisava de ajuda, meu pai estava bem e feliz recém casado. Tentei pensar em um jeito de ajudar Finn de uma forma natural, enquanto conversava com Jesus. E foi aí que eu tive uma ideia.

Levantei da cama e rapidamente vesti uma roupa para sair. Peguei meu celular e minha bolsa e saí do meu apartamento, indo até o de Finn e batendo na porta. Como ele não atendeu, empurrei a maçaneta para baixo e vi que a porta estava aberta, então entrei. Logo vi que Finn estava deitado no sofá, provavelmente dormindo. Cheguei perto dele cuidadosamente e o sacudi na tentativa de acordá-lo.

- Vamos lá, Finn, acorde! - Sacudi-o mais uma vez. Ele começou a resmungar e abrir os olhos lentamente.

- Ai, o que foi? - Finn falou passando as mãos no rosto.

- Eu tive uma ideia, e você é essencial para que eu possa colocá-la em prática.

- Por que eu?

- Porque sim. Agora levanta daí e se arrume. - Ele resmungou algo que eu não entendi. - Anda! Vamos! É pra ontem! - Ajudei-o a levantar.

- Aff, tá bom, tá bom. - Finn colocou as mãos para cima em forma de rendição enquanto se levantava. Ele voltou alguns minutos depois já vestido. - Qual a sua brilhante ideia?

- Nós vamos passar o dia fora hoje.

- O que? Ah, não. - Reclamou.

- Qual é, Finn, vamos no Boliche aqui perto, depois fazemos um lanche, passeamos pelo parque. Depois voltamos, nos arrumamos e vamos para a igreja. O que acha?

- Sério, Lunna? Tô afim não.

- Você nunca tá afim, Finn. - Fiz uma cara debochada ironizando. Finn bufou mas logo depois deu uma risada. - Ok, vamos logo então. - Puxei ele pelo braço e saímos de seu apartamento e descemos as escadas.

- Nós vamos a pé? - Ele perguntou quando chegamos fora do prédio.

- Sim, ué. É pertinho.

- Acho que nossos conceitos de “perto” são bem diferentes. - Finn fez sinal de aspas com os dedos.

- Fica quieto e vamos. - E assim começamos a andar até o lugar onde ficava o boliche.

Fomos metade do caminho sem falar uma palavra sequer, mas aquele silêncio estava me incomodando então comecei a puxar conversa, fazendo perguntas aleatórias.

- O que você faz que te deixa feliz?

Sério que você tá perguntando isso para mim? - Finn apontou para si mesmo. Olhei para ele séria esperando uma resposta. Ele suspirou e começou a pensar. - Eu gosto de desenhar. A faculdade que eu fazia era de Artes Visuais, inclusive.

- Sério? Que incrível! Depois quero ver seus desenhos, hein?

- Ah, você não vai querer ver não.

- É claro que eu vou. Agora que sou sua amiga, preciso saber tudo sobre você.

- É incrível como você tem um alto poder de persuasão.

- Essa sou eu. - Sorri irônica.

- E você? O que gosta de fazer?

- A faculdade que eu faço já não diz tudo? - Dei uma risada. - Ok, a coisa que eu mais amo na vida é conversar com Deus enquanto contemplo as maravilhas da criação. - Olhei para o céu, que inclusive estava maravilhosamente azul. - Eu gosto muito de conversar com as pessoas e saber o que as incomoda, pra quem sabe eu possa ajudar de alguma forma… ah e eu amo cantar!

- São muitas coisas. - Assenti e logo percebi que já tínhamos chegado no Boliche.

- Enfim, chegamos.

- Depois de meia hora andando, mas chegamos.

- Exagerado. - Nós dois rimos e entramos no lugar.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora