• part seventeen •

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11 de Abril.
Domingo, 15:04 pm.
Danforth Bowl, Toronto.

- Ei, eu ia pegar a bola azul! - Protestei quando Finn pegou a última bola azul da cesta e jogou pela pista até os pinos, derrubando todos eles. O mesmo olhou para mim com cara de deboche e eu devolvi a expressão.

- Sua vez, quero ver você perdendo.

- Ah, então não vai ver isso nunca, acho melhor esperar deitado logo. - Ironizei e Finn deu uma risada.

Peguei uma bola roxa e me preparei para jogar. Joguei e a mesma foi rolando pela pista até chegar nos pinos e derrubar todos eles, menos um. Bufei revirando os olhos de indignação. Finn estava só rindo da minha cara.

- Qual é a graça?

- Acho que sua definição de nunca é bem curta. - Debochou.

- Não foi dessa vez, mas vai ser da próxima, você vai ver.

- Admiro sua convicção. - Falou e pegou uma bola para jogar. Finn a jogou a qual rolou pela pista derrubando os pinos que estavam no final, todos eles de novo. Meu Deus, ele é muito bom nisso!

Suspirei e me levantei do banco que havia me sentado, pegando uma outra bola e me concentrando para jogar. Fiz uma breve oração pedindo pra Jesus me fazer acertar dessa vez e joguei a bola. E caso você esteja se perguntando, sim, eu faço oração pra tudo. E foi aí que a bola foi com tudo pela pista de boliche, acertando a área exata que fez todos os pinos serem derrubados. Soltei um gritinho de felicidade agradecendo a Deus em pensamento e comecei a pular comemorando minha vitória.

- Viu? Eu consegui!

- Foi uma vez só.

- Mas mesmo assim, já conta.

Finn e eu ficamos jogando boliche por mais um tempo até nossas barrigas começarem a roncar de fome, então fomos numa lanchonete que havia ali perto. Nos sentamos em uma das mesas disponíveis e fizemos nosso pedido para a garçonete. Enquanto esperávamos, eu estava tentando me recuperar de tanta energia que eu gastei jogando boliche.

- Você gostou? - Perguntei.

- Do que?

- Da nossa tarde do boliche. - Finn pareceu pensar um pouco.

- Sim, eu gostei. - Sorri com sua resposta.

Logo a garçonete trouxe nossa comida e começamos a saborear a mesma, nós estávamos mesmo com fome. Comemos em completo silêncio, o que é bom, porque eu não consigo falar enquanto estou comendo. Olhei no relógio e vi que eram 18:13.

- Acho que vamos ter que deixar o passeio no parque para outro dia.

- Por quê?

- Temos que voltar para casa e nos arrumarmos para ir à igreja.

- Você sabe que não me sinto confortável lá.

- Vamos lá, Finn, Me poupe das suas desculpas.

- É sério, Lunna.

- "É sério, Lunna" - Imitei a voz dele. - Quando você vai deixar de viver do passado e experimentar o que o futuro tem pra você?

- Ok, vou dar mais uma chance, mas só mais uma.

- Beleza.

Terminamos nosso lanche e chamamos um Uber até nosso prédio. Subimos as escadas e cada um foi para seu apartamento. Me encaminhei direto para meu quarto para escolher com qual roupa eu iria ao culto essa noite. Montei um look com as roupas novas que eu tinha comprado semana passada e fui tomar um banho.

Saí do banheiro já tendo feito uma make basiquinha e ondulado meu cabelo. Coloquei a roupa que escolhi e depois fui pegar os sapatos na lavanderia. Decidi ir de tênis mesmo. Depois de alguns minutos eu já estava totalmente pronta. Peguei minha bolsa, colocando a Bíblia e o celular nela. Fui até a porta e verifiquei se não estava esquecendo nada. Seja o que Deus quiser - pensei e abri a porta encontrando Finn já pronto do lado de fora, mexendo em seu celular.

- Olha ele, todo produzido.

- São seus olhos. - Eu ri. - Eu só coloquei qualquer roupa, você que tá toda produzida.

- São seus olhos. - Imitei a fala de Finn. - Vamos?

- Vamos né, fazer o que. - Dei uma batidinha em seu ombro e descemos a escadaria.

[...]

Chegamos na igreja uns 10 minutos atrasados por conta do trânsito. Finn e eu nos sentamos em uma das últimas fileiras, cuidando para não atrapalhar ninguém pois o culto já havia começado.

Na hora da pregação, como sempre, me arrepiei todinha sentindo a presença do Espírito Santo e chorei, chorei mesmo. Eu não sei vocês, mas eu amo quando eu choro quando estou na igreja, significa que eu fui tocada pela Palavra e que aquilo mexeu comigo, significa que eu precisava ouvir aquilo. Depois do pregador terminar de falar, olhei para o lado e vi Finn, ele parecia incomodado. Eu sei que ele não queria estar ali, mas eu precisava fazer alguma coisa para ajudar ele, e eu tentaria tudo o que estivesse em meu alcance.

- Finn, tudo bem?

- Não sei, podemos ir agora? - Vi que o pastor já estava finalizando o culto.

- Podemos sim. - Finn se levantou rapidamente e eu fui logo atrás dele, saindo da igreja.

- O que você achou?

- Prefiro não falar sobre isso.

- Não gostou?

- Não é isso, é que... eu não sei explicar.

- Tudo bem... vou chamar o Uber então. - Finn assentiu e eu peguei meu celular. Logo nosso motorista chegou e nos levou de volta para casa.

[...]

Chegamos em nosso andar, sendo que tínhamos vindo o caminho todo em silêncio. Acho que o silêncio era como nós mais nos entendemos. Olhei para Finn que olhou para mim de volta.

- Então... boa noite. - Finn falou.

- Boa noite, fique com Deus. - Falei e entramos em nossos respectivos lares.

Finn tinha ficado estranho desde que o culto acabou, não sei se isso era bom ou ruim. Mas o que quer que seja, ele tinha ficado até o final. Glória a Deus por isso. Sinto que Finn está melhorando, sinto que posso continuar ajudando ele, sinto que Jesus vai fazer isso dar certo.

- Obrigada, meu Jesus. - Agradeci pela Sua maravilhosa graça e fui para meu quarto trocar de roupas.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora