• part twenty nine •

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30 de Outubro.
Sábado, 08:00 am.

Finn e eu ficamos alguns minutos apenas nos abraçando num completo silêncio, como se estivéssemos em nossos próprios mundos, agora sendo compartilhados. Depois de sairmos do abraço, que percebemos que haviam algumas pessoas olhando chocadas e ao mesmo tempo aliviadas à nossa volta.

Expliquei a todos que estava tudo bem e que aquilo tudo já tinha acabado. Acompanhei Finn até a parte de baixo do viaduto e ficamos em silêncio até nosso táxi chegar. Nós estávamos voltando para casa, graças a Deus hoje não foi o fim. Permanecemos sem dizer nenhuma palavra o caminho inteiro.

Lembrei da minha viagem da faculdade, eu havia perdido ela. A essas horas era para eu estar no avião, viajando para Vancouver. Mas não foi assim que aconteceu. Foi aí que eu percebi que aquele pesadelo que eu havia tido, tinha acontecido. Se eu tivesse ido para o aeroporto e ignorado meus sentimentos, poderia ter ocorrido exatamente como sonhei. Mas como Deus sabe o que faz e tudo acontece de acordo com a vontade dEle, Ele me deu aquele sonho para me alertar do que iria acontecer. Eu quis ignorar, mas Jesus fez eu ir até lá. Nem quero pensar o que teria acontecido se eu não tivesse ouvido Jesus falando comigo.

O que importa é que no final ficou tudo bem, eu ainda tinha Finn aqui comigo. A viagem não importava tanto quanto a vida dele. Isso depois eu posso resolver, posso conversar com a professora e achar um jeito para compensar a minha não ida. A única coisa que eu consigo fazer agora é agradecer ao meu Deus por ter me guiado por esse caminho.

Logo chegamos em casa e eu passei a prestar mais atenção em Finn a cada passo que ele dava. Enquanto eu abria a porta de seu apartamento, pude perceber ele passando as mãos no cabelo e olhando fixamente para o chão, como se só agora tivesse caído a ficha do que ele estava prestes a fazer há alguns minutos. Entramos em seu apartamento e Finn foi direto tomar um banho. Olhei em volta e vi que estava tudo bagunçado, várias coisas jogadas pela casa e alguns vidros quebrados. Ok, essa casa precisa de uma boa faxina.

Enquanto Finn tomava banho, juntei os cacos de vidro e joguei em um lugar seguro. Arrumei todas as coisas e logo depois ele saiu do banheiro, já vestido. Finn olhou em volta e ficou surpreso, deu um pequeno e tímido sorriso em forma de agradecimento. Ele não falou uma única palavra desde que eu falei aquilo para ele na ponte.

Nós dois estávamos cansados, desgastados. Me sentei no sofá para descansar um pouco e recuperar o fôlego. Finn sentou ao meu lado, mas um pouco afastado. Fiquei olhando para o chão, perdida em pensamentos e parece que ele estava fazendo a mesma coisa.

Decidi me virar e arriscar olhar para Finn, quando fiz isso ele também olhou para mim e nossos olhos se encontraram. Dei um pequeno sorriso para Finn que fez o mesmo para mim. Me aproximei um pouco mais e como se estivéssemos nos comunicando apenas por olhares, Finn se inclinou e deitou em meu colo, ficando deitado no sofá. Me endireitei para ficar mais confortável e comecei a fazer carinho em seus cabelos. E assim ficamos, apenas em silêncio.

[...]

No outro dia…

Eu passei o sábado inteiro com Finn, ele não falou quase nada, apenas uma palavra ou outra de vez em quando. Hoje é domingo, exatamente às 14:00 da tarde. Agora estou sentada em meu sofá, pensando na vida. Senti uma vontade enorme de orar já que desde ontem não havia tido tempo para fazer isso com calma, apenas conversando com Jesus por pensamento.

Me levantei do sofá e fui até meu quarto, me ajoelhando sobre a cama. Comecei a colocar tudo para fora, contei ao Senhor tudo que tinha acontecido no dia de ontem, tudo que eu havia sentido quando estava lá, tudo que havíamos passado. Enquanto falava, uma palavra veio em meu coração: eu havia sido usada por Deus, ele me usou como instrumento para alcançar a vida de um filho perdido seu. Quando pensei nisso, um sorriso de orelha a orelha apareceu em meu rosto. E assim eu lembrei do versículo 8 do capítulo 6 de Isaías: “Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”

- Obrigada, meu Deus. - Falei terminando a oração.

Quando me levantei do chão, ouvi algumas batidas na minha porta. Me dirigi até a mesma e a abri, revelando Finn do outro lado. O mesmo parecia um pouco ansioso.

- Finn? - Arqueei a sobrancelha enquanto segurava a porta aberta.

- Lunna, preciso falar com você. - Abri caminho para ele passar.

- Pode falar. - Me sentei no sofá e Finn fez o mesmo.

- Eu preciso me desculpar por ontem… eu-eu não deveria ter feito aquilo… não sei o que deu em mim… desculpa por fazer você perder sua viagem da faculdade.

- Tá tudo bem, Finn. Você precisava de ajuda, eu não poderia ter te deixado lá.

- Muito obrigado… e-eu não saberia o que poderia ter feito se você não tivesse aparecido lá… obrigado.

- Não fui eu que fiz você desistir daquela loucura, você sabe quem foi.

- Então… sobre isso… ontem, quando você estava falando tudo aquilo… - Finn fez uma pausa. - Eu senti uma coisa muito forte dentro de mim, como eu nunca tinha sentido antes, foi estranho e bom ao mesmo tempo… eu não sei explicar… mas aquilo me fez descer daquele muro. - Ele suspirou. - E hoje mais cedo… e-eu conversei com Jesus… - Sorri quando Finn proferiu aquelas palavras. - Na verdade, parecia ser ele que estava falando comigo… sei lá, eu não sei explicar, mas foi bom. - Uma lágrima saiu de meus olhos.

- Finn, isso é incrível! Eu estou tão feliz por você. - Ele sorriu e eu segurei suas mãos. - O que você acha de ir à igreja comigo hoje? - Perguntei olhando em seus olhos.

- Eu quero… sim, vamos. - Sorri e Finn sorriu também. Algo me dizia que esse era o primeiro dos “sim” que Finn falaria hoje.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora