• part eighteen •

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13 de Abril.
Terça, 10:07 am.
York University, Toronto.

É a hora do intervalo e eu estou sentada na carteira da minha sala, lendo um livro. Não gostava muito de sair da sala na hora do intervalo, então aproveitava a paz que ficava na sala e fazia meu lanche enquanto lia um bom livro. De repente vi alguém entrando na sala, era Mary e estava procurando algo.

- Ah, até que enfim achei você. - Se aproximou de mim e sentou na carteira à minha frente. Eu permaneci em silêncio apenas a observando. O que ela queria? - Eu preciso falar com você, Lunna.

- Pode falar.

- Eu queria pedir desculpa por aquele dia, não sabia que você se sentia daquele jeito. - Procurei algum traço de falsidade em sua expressão, mas não encontrei. Ou ela estava fingindo muito bem, ou ela está sendo sincera.

- Tudo bem, eu até já esqueci.

- Então… podemos voltar a ser amigas?

- Podemos sim.

- Assim eu fico aliviada. - Ela sorriu e eu sorri de volta. O sinal do fim do intervalo tocou e Mary foi para seu lugar, enquanto alguns alunos entravam na sala para a próxima aula.

Não sei se podia voltar a confiar em Mary. Ela tinha me decepcionado bastante, mas é verdade que eu já havia perdoado. Como todo mundo merece uma segunda chance, resolvi fazer isso com Mary. A professora logo chegou e a aula começou.

[...]

O resto das aulas passaram bem rápidas até, agora eu estou pedalando minha bicicleta de volta para casa. Cheguei e fui direto para meu apartamento, deixei minha mochila em cima da cama no quarto e tirei a roupa que eu tinha ido pra faculdade e coloquei outra para ir trabalhar.

Me dirigi até a cozinha e peguei a comida que fiz ontem na geladeira e coloquei para esquentar. Enquanto esquentava comecei a dar uma arrumada na minha cozinha, conversando com Jesus em forma de canção que eu mesma estava inventando na hora.

De repente ouvi umas batidas na porta. Ué, quem será à uma hora dessas? Fui até a porta e abri a mesma, me deparando com Finn à minha frente.

- Finn?

- Oi. Tem comida pra mim aí? - Falou e foi entrando em meu apartamento.

- Ei, que intimidade é essa?

- Ué, nós não somos amigos?

- Sim, mas… - Desisti de tentar argumentar.
- Não tem comida na sua casa?

- Tô com preguiça de fazer. E eu nunca experimentei um almoço feito por você.

- Tá, mas hoje só tem restonte.

- Também serve. - Dei uma risada anasalada e desliguei o fogão que estava esquentando a comida. Finn se sentou na cadeira e eu coloquei dois pratos na mesa.

- Pode se servir. - Falei depois de ter feito meu prato. Ele se levantou e foi até o fogão onde estavam as panelas.

- Você não come carne?

- Não, eu sou vegetariana. Nunca te falei?

- Acho que não.

- Então agora você sabe. E é bom você se acostumar, se quiser ficar comendo a minha comida, não vai ter nada que vier de animais.

- Tá bom então, senhora vegetariana. - Finn falou com uma voz estranha e eu ri.

Almoçamos juntos e depois fiz ele lavar a louça para mim. Se queria comer às minhas custas, tem que trabalhar, né? Depois Finn foi para seu apartamento e eu fui para a biblioteca para mais um dia de trabalho.

[...]

Depois de uma tarde inteira organizando e etiquetando livros, voltei para casa exausta. Cheguei e me joguei no sofá, planejando não sair de lá tão cedo. Mas daí eu lembrei que precisava tomar banho, então me levantei e fui para o banheiro, totalmente contra a minha vontade.

Saí do banheiro com meu roupão quentinho de sempre e fui para meu quarto. Peguei meu celular e abri a galeria. Eu nunca contei, mas um dos meus hobbies é ficar vendo as fotos e vídeos na minha galeria, para relembrar os melhores momentos.

Comecei a passar as fotos e vídeos e logo chegou na parte das fotos com minha mãe. Em uma delas estávamos nós duas em um dia ensolarado no parque que ela amava aqui de Toronto. Em outra, estávamos eu, minha mãe e meu pai. Como uma família unida. Ah, como eu sentia saudades daquilo. Passei e chegou um vídeo do aniversário da minha mãe, eu tinha feito uma surpresa para ela nesse dia, meu pai chegou atrasado para a surpresa, mas pelo menos ele foi. Estávamos eu e ele cantando parabéns para minha mãe, no quintal da casa que morávamos juntos. Todos estávamos felizes. Uma lágrima desceu pelo meu rosto, mas logo a enxuguei com a mão. Bloqueei meu celular e decidi fazer o meu devocional de hoje.

Peguei minha Bíblia, mas antes de abri-la fiz uma oração. Depois de terminar, abri a Bíblia e o versículo que eu li foi esse:

“Assim acontece com vocês: agora é hora de tristeza para vocês, mas eu os verei outra vez, e vocês se alegrarão, e ninguém tirará essa alegria de vocês.”

João 16:22

E eu comecei a chorar. As lágrimas foram saindo dos meus olhos e eu senti. Eu senti Jesus ali comigo. E eu sei que essa é a melhor sensação que eu já tive em toda minha vida. Com certeza, tudo o que eu mais queria era ver Aquele que sempre me amou e esteve aqui comigo, mesmo nos momentos em que eu não merecia. Pensar em como tudo que envolvia Jesus é maravilhoso me faz chorar. Sei que ninguém tirará a alegria do dia em que eu finalmente ver meu melhor amigo, o que me mantém em pé é a esperança de que esse dia vai chegar.

Depois de chorar que nem uma criança, me levantei do chão que eu nem havia percebido que tinha ido. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Meu rosto estava até inchado de tanto chorar, ri da minha situação.

Olhei no relógio e vi que já era tarde e eu nem havia comido ainda. Me encaminhei até a cozinha e peguei a primeira coisa que vi na geladeira para comer. Me alimentei e depois voltei para meu quarto. Eu estava morrendo de sono. Apaguei as luzes e deitei na cama, me cobrindo com as cobertas. Estava tão cansada que acabei dormindo rapidamente.

Continua...

I still need youOnde histórias criam vida. Descubra agora