Capítulo 15

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O nervosismo aumentou e a sensação de angustia atingiu nuances preocupantes, a situação estava tomando um rumo inesperado e intimidante, além do calor insuportável e a necessidade de usar roupas elegantes e formais. Fui instruída pela própria Benedita Dourado a usar um vestido neutro, optei por obedecer e escolhi o meu favorito, o tecido é leve e possuí uma coloração de azul petróleo.

 Meu cabelo permaneceu solto e os cachos naturais serão ostentados com orgulho, a maquiagem é simples e quase imperceptível, apenas ressaltando os pontos fortes em meu rosto. E nos pés, um par de saltos alto, aumentando minha baixa estatura de forma significativa, admito ser uma verdadeira tortura caminhar sobre esses sapatos, mas, de vez em quando, sacrifícios são necessários.

- O que... - Pulei assustada ao sentir algo tocar minhas pernas - Pelúcio? - Me abaixei e o peguei com cuidado.

 Olhei ao redor e busquei pela figura excêntrica e chamativa de Newt, porém não encontrei nem um mísero indício de que o bruxo estaria por perto, e de repente, ficou bastante óbvio que essa criatura mágica sorrateira fugiu da maleta. Respirei fundo e acariciei sua pele grossa, observando o pequeno animal afastar as patinhas e expor sua barriga rechonchuda, aceitando o carinho de bom grado.

 Suspirei atraindo a atenção de Pelúcio e andei pelo corredor que leva direto ao quarto de Scamander, imagino que o britânico esteja desesperado e preocupado com o sumiço de seu animalzinho. A criatura olhava tudo em nosso percurso com admiração e curiosidade, ameaçando correr em direção aos objetos decorativos que exibiam um brilho intenso e ofuscante.

- Vocês precisam parar de fugir daquela maleta, não é justo com Newt - Repreendi usando o mesmo tom de voz maternal usado por minha mãe - Ele trabalho duro para cuidar de todos e tenta ser o mais atencioso possivel, amorzinho - Afirmei.

 Pelúcio pareceu entender e ficou envergonhado, seus olhinhos foram capazes de expressar todo seu arrependimento e constrangimento, ele permaneceu quieto enquanto continuamos avançando. Cheguei em frente a porta do dormitório do bruxo e depositei batidas fortes contra a madeira sólida, mas ainda sim, fui capaz de ouvir a movimentação acelerada e urgente dentro do interior do quarto.

- Promete se comportar? Posso confiar em você, coisinha linda? - Perguntei e recebi um aceno positivo, indicando que ele havia concordado - Quando Scamander abrir a porta, tente ser adorável, assim ele não irá ficar com tanta raiva - Cochichei baixinho ao ouvir o som da maçaneta sendo girada.

 O britânico era a personificação exata de um homem frustrado e bastante agoniado, senti meu coração ficar apertado ao contemplar o estado lastimável em que o bruxo ficou. Seu rosto estava mais pálido e seus olhos levemente marejados, além das roupas amarrotadas e a varinha empunhada, seu cabelo ficou ainda mais bagunçado e despenteado, suas mãos estavam tremendo e sua respiração sofrega, nunca imaginei que o encontraria tão perturbado e frágil quanto nesse exato momento.

- Desculpe, mas tenho algo que é seu - Murmurei estendendo os braços e entregando seu animalzinho.

- Pelas barbas de Merlim - Murmurou, alívio explícito em seu rosto - Onde o encontrou? - Perguntou acariciando a pelagem grossa e preta.

- Na verdade, foi ele quem me entregou - Afirmei olhando para os pés, nervosa com a visita até o Ministério - Eu preciso ir, estou atrasada para o grande encontro - Ironizei e um sorriso divertido surgiu em sua lábios.

- Tudo vai ocorrer bem, Amélia - Desejou e pela primeira vez olhou para minha produção - Você está... muito bonita - Elogiou e senti minhas bochechas ficando quentes.

- Obrigada, você é um verdadeiro cavalheiro, Sr. Scamander - Brinquei e ri - Eu realmente preciso ir, até mais tarde - Recuei e dei alguns passos no corredor.

Castelo Bruxo - Newt ScamanderOnde histórias criam vida. Descubra agora