Capítulo 28

2.3K 303 56
                                    

Observei atentamente enquanto Scamander recolheu suas roupas e objetos pessoais e os colocou dentro de sua maleta, posso dizer que o bruxo não é muito organizado e metódico, foi divertido vê-lo tentar dobrar suas camisetas. Utilizei esse breve período para escrever um bilhete carta para minha família e explicar as alterações dos planos iniciais, utilizando encantos específicos para que chegasse ainda mais rápido.

 Depois de tudo devidamente guardado, empacotado e pronto, fizemos uma parada inesperada na cabana ocupada atualmente por Jacob e Quennie, onde fiz questão de entregar os colares de proteção. Conversamos por alguns minutos e notei o quanto Newt parecia animado e empolgado com a possibilidade de libertar seus animais em meio a natureza, sem qualquer medo ou receio de perde-los ou que decidissem fugir para longe.

 Aparatamos na estação de trem, com auxílio da professora Aurora, que ensina defesa contra magia das trevas, ela também iria viajar as pressas para o Interior da Bahia, ao que parece seu pai havia adoecido. Em determinado momento ela se despediu e seguiu o seu próprio caminho, afinal são muitos trens fazendo inúmeras paradas nessa estação, e as linhas ferroviárias no Brasil alcançam a marca de aproximadamente 30 quilômetros.

 Entramos em uma cabine separada e guardamos nossas bagagens nos compartimentos mais acima, o nervosismo e a ansiedade causaram um certo desconforto em meu estômago. Me sentei próxima da janela e olhei a paisagem ainda inerte, ainda estávamos aguardando o início da viagem para o interior do estado do Paraná, Newt se acomodou na banco a minha frente, ele usava roupas mais leves e feito de tecidos mais arejados.

- Você está bem com tudo isso? Eu não quero forçar algo e deixá-lo desconfortável - Comentei quebrando o silêncio dentro da cabine, e usando o que aprendi na aula de inglês.

- Amélia, eu estou bem, é sério - Respondeu abrindo um daqueles sorrisos tímidos que tanto amo - Mas você parece nervosa - Pontuou observando a maneira como brinquei com os dedos.

- Eu estou surtando, meus avós são as melhores pessoas do mundo e irei revê-los depois de muitos meses longe - Respondi de imediato - E pela primeira vez estou levando um acompanhante, consigo ouvir o falatório da minha avó logo na nossa chegada, será inesquecível - Suspirei.

- É a primeira vez que você leva alguém? - Questionou o britânico sorrindo de maneira convencida.

- Sendo um homem, sim - Afirmei rindo de seu comportamento juvenil e infantil - Pare de me olhar desse jeito - Reclamei cobrindo o rosto com as mãos.

- Que jeito? - Insistiu, parecendo satisfeito em ser o responsável por causar esse tipo de reação sobre meu psicológico.

- Como se eu fosse um pedaço de carne suculento em amostra, é exatamente a forma que um predador encara sua presa antes de iniciar a perseguição - Respondi envergonhada, mas isso serviu para que o bruxo risse e inclinasse a cabeça contra o banco - Pare de rir, Newt, isso não tem graça - Resmunguei, sabendo que seria inútil.

- Desculpe, querida, mas você é inacreditável - Respondeu tentando recuperar o fôlego - Então, são muitas horas de viagem? - Questionou pegando minhas mãos e as mantendo entre as suas.

- É um pouco longe, mas é uma área isolada e estrategicamente localizada próximo de rios e bosques, seus animais ficaram bem - Afirmei sentindo a diferença entre nossas mãos - Apenas, mantenha a mente aberta e tenha em mente que minha família pode ser... - Parei, procurando a palavra exata que se encaixe na descrição.

- Eles podem ser? - Scamander insistiu, atento e, de certa forma, preocupado.

- Querido, você veio de um país completamente oposto ao Brasil, aqui as coisas funcionam de maneira diferente - Ri nervosa - As famílias brasileiras são barulhentas, adoram abraçar e em algum momento tudo irá ficar constrangedor, sem falar nas brigas - Enumerei.

Castelo Bruxo - Newt ScamanderOnde histórias criam vida. Descubra agora