Me isolei de tudo e todos, a solidão e o medo eram as minhas únicas companhias, tentei colocar os pensamentos em ordem e digerir as mais recentes descobertas. Grindelwald é o meu pai biológico, eu nunca imaginaria, mas a vida é cheia de surpresas e gosta de brincar com a gente, mesmo que de forma cruel.
Se passaram dias até que resolvi sair do quarto, eu sabia da preocupação e aflição de meus amigos e noivo, mas esse período de reflexão foi algo necessário. Abri a porta e desci a pequena escadaria ingrime e estreita, tomando cuidado com a barriga de grávida, ela ficou maior e um pouco mais definida, ela tem ficado mais redonda.
Cheguei ao saguão improvisado e o silêncio foi imediato, todos os bruxos olharam direto em minha direção, logo Scamander se levantou e correu até mim. Ele foi atencioso e muito paciente comigo, respeitando e ouvindo os meus pedidos e lamentos. Newt ficou ao meu lado e demonstrou preocupação, o bruxo é o homem dos sonhos.
Notei as famílias conversando entre si, Scamander's e Albuquerque's, uma cena estranha e incomum, entretando agradeço por terem unido forças para me proteger e ajudar. Querendo ou não, agora é hora de ignorar as diferenças e focar em deter Charlotte, soube através do magizoologista que eles formaram o plano perfeito.
Não faço ideia do que pretendem ou quando irá acontecer, porém Dumbledore e Grindelwald estão no centro de tudo, ambos são muito poderosos e encontraram um meio de localizar minha tia. Os dois irão agir ainda hoje, durante a madrugada, isso teve reflexo direto na decisão de conversar com meu pai e tentar estreitar os laços.
- Amélia, estou tão feliz por vê-la fora do quarto - Comentou a minha mãe, mas não tive coragem de olhar em seu rosto.
- Eu também - Respondi educadamente - Novidades? - Questionei.
- Iremos atrás de Charlotte em poucas horas, meu lírio - Informou Alvo Dumbledore e acenti.
- Cuidado, ela é perigosa, imprevisível e impiedosa - Pedi e mordi os lábios, incerta - Sr. Grindelwald, nós podemos conversar em particular? - Pedi.
- Claro, mostre o lugar - Concordou, tão nervoso quanto eu, talvez até mais.
- Não, eu não permitirei isso, Amélia - Interviu a mulher que mentiu durante a vida inteira.
- Eu não estou pedindo a sua permissão, iremos conversar, com você gostando ou não, mãe - Respondi na mesma hora.
Liderei o caminho até a varanda mais afastada, reclusa e reservada, o ambiente ideal para termos a conversa constrangedora e mais importante de todas, porém o clima tenso e cheio de emoção tornou as coisas complicadas. Gellert apoiou os braços no parapeito de ferro e permaneceu quieto, a verdade é que nenhum de nós parecia saber como dar o pontapé inicial.
- A quanto tempo você sabe que é meu pai? - Perguntei, quebrando o silêncio.
- Desde sempre, Amélia, eu acompanhei o seu crescimento de longe - Respondeu, sua sinceridade foi surpreendente.
- Então, porquê não tentou se aproximar, Gellert? - Insisti, tentando compreende-lo e a entender a sua ausência.
- Você parecia feliz com o rumo que sua vida estava tomando, amigos, aventuras e a bruxa mais poderosa da geração... - Ele sorriu cheio de orgulho - Não pareceu certo trazer a minha escuridão, você é boa e amável, eu não poderia corrompe-la, não - Admitiu.
- Entendo - Murmurei observando a sua expressão de pura culpa.
Grindelwald e eu não temos qualquer traço facil e corporal parecidos, ninguém iria cogitar a possibilidade de possuirmos laços tão próximos, como o de pai e filha. Continuei quieta e admirando a paisagem da Amazônia, esse lugar é a minha segunda casa e conheço cada toca utilizada por criaturas e animais mágicos, e também os não mágicos, não há lugar melhor para viver.
Gellert se moveu desconfortável e meio sem jeito, ele procurou por algo nos bolsos do casaco, mas não obteve sucesso, frustração ficou visível através de seu olhar. Após muita procura e insistência, ele tirou um colar lindo e delicado, havia um pingente de lírio, a minha flor favorita. O temido e respeitado bruxo das trevas demonstrou embaraçado e vergonha, mas não voltou atrás.
- É simples, mas coloquei um feitiço de proteção no pingente - Afirmou e estendeu o colar - Vai mantê-los em segurança daqui pra frente, você e o garoto - Apontou para a minha barriga.
- Ou garota - Intervi de imediato, sinto que teremos uma versão feminina de Newt.
- Tenho certeza de que será um garoto, Amélia - Insistiu, absoluto e concreto de seu palpite.
Olhei com cuidado para o colar e decidi que valia a pena dar a oportunidade de incluir o bruxo no processo de gestação, querendo ou não, Gellert é meu pai. O homem perdeu o meu crescimento e evolução, agora não seria justo impedir que conheça o neto, sinto que o bebê será responsável realizações únicas. Me virei de costas e retirei o cabelo do pescoço, engolindo o orgulho.
- Poderia colocar em mim? - Questionei apontando para a correntinha prata.
- De modo algum - Concordou e pegou o colar de minhas mãos.
Senti o seu toque gélido sobre a minha pele e estremeci, ele se aproximou de mim e o cheiro de seu perfume ficou mais acentuado, a mistura parecia ter essência de amêndoas, pergaminhos antigos e hortelã. A correntinha foi posicionada e logo ele recuou, temendo ter invadido o espaço pessoal, sorri e levei a mão ao local, e senti a textura rústica metalizada, uma combinação impactante.
- Obrigada - Agradeci encantada com o presente.
- Disponha, Amélia - Respondeu e sorriu discretamente.
- Obrigada por ter vindo aqui atrás de Charlotte, mesmo sem possuir obrigação nenhuma - Afirmei e pude enxergar inúmeras emoções no seu rosto.
- Você é minha filha, eu sempre estarei do seu lado para protegê-la, é minha escolha e não obrigação - Comentou.
- Espero que volte inteiro dessa missão, no futuro você poderia ensinar magia para o bebê - Respirei fundo - Apenas tome cuidado e retorne inteiro, Gellert, e proteja o meu padrinho - Implorei.
- Você... Permiti que eu acompanhe o crescimento da criança? - Perguntou surpreso e incrédulo.
- Sim, eu quero conhecê-lo e recuperar o tempo perdido, afinal você é o meu pai - Dei os ombros.
- Obrigado, obrigado, você não tem ideia do quanto isso significa pra mim - Ele sorriu e me abraçou apertado.
Retribuí o gesto inesperado e passei os braços por cima de seus ombros, o bruxo se afastou após alguns minutos nessa posição, Grindelwald parecia grato. O som de passos hesitantes indicou a aproximação de alguém, logo Newt entrou na varanda e ficou parado, incerto do que fazer nessa situação, admito ter sido bastante adorável de enxergar o seu constrangimento.
- Precisa de algo, pudinzinho? - Indaguei e sua atenção focou em mim.
- Dumbledore quer revisar o plano antes da partida, ele solícita a presença de todos nós - Anunciou e Grindelwald acentiu e saiu da varanda - E então, como foi a conversa entre vocês? - Questionou.
- Estranha, mas promissora, fizemos progressos - Sorri e o beijei nos labios.
- E quando pretende perdoar a sua mãe? Ela se sente culpada, meu amor - Scamander acariciou as minhas bochechas.
- Ainda não estou preparada, ela mentiu por anos, Newt, isso não é fácil de perdoar - Suspirei cansada, a gravidez tem consumido boa parte de energia.
- Apoiarei você em qualquer decisão, Amélia - Assegurou e meu coração foi inundado de amor.
- Eu sei, é por isso que te amo - Afirmei e seus olhos brilharam - Vamos, eles estão esperando - Lembrei.
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Castelo Bruxo - Newt Scamander
FantasíaAmélia Albuquerque, é uma típica estudando de Magia na escola que abrange jovens em toda a América do Sul e intercambistas do mundo inteiro. Possuí uma estranha habilidade com animais e criaturas mágicas, o que possibilita uma conexão mais aprofunda...