Capítulo 24

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- Então, você é o rapaz que salvou minha menininha? - Questionou minha mãe olhando fixamente para Newt, ela ignorou a situação comprometedora e íntima em que estávamos agora.

- S-Sim, senhora - Respondeu e arfou surpreso quando foi envolvido em um abraço apertado e repleto de gratidão e simplicidade.

- Muito, muito obrigada, seremos eternamente gratos - Afirmou distribuindo beijos por todo seu rosto, uma de suas manias estranhas.

- Querida, acho que já está bom, o garoto está ficando vermelho e sem ar - Meu pai zombou e puxou sua esposa para longe, permitindo que Scamander pudesse respirar - Estamos gratos, mas não ao ponto de permitir que fique agarrando minha filha pelos cantos - Sentenciou cheio de seriedade e um olhar perturbador.

- Pai... - Gritei totalmente envergonhada com sua atitude dramática e cheia de super proteção desnecessária.

 Um silêncio constrangedor pairou sob nossas cabeças e pude sentir a adrenalina disparar em meu organismo, meus pais alterbavam o olhar entre nós dois e pareciam tirar suas próprias conclusões. O britânico se aproximou e segurou firme em uma de minhas mãos, talvez em uma tentativa desesperada de transmitir e receber apoio, embora sua postura indicasse justamente o contrário.

 Continuamos assim por mais um longo tempo, aumentei a pressão em seus dedos e lhe ofereci um sorriso gentil e reconfortante, independente do acontecer aqui continuaremos juntos nessa jornada de descobrimento. Encostei minha cabeça em seu ombro e aos poucos sua musculatura tensa foi relaxando até atingir o estágio completo de relaxamento e tranquilidade, fico feliz que eu seja capaz de acalma-lo.

- Qual o motivo dessa visita inesperada? Imaginei que há essa altura já teriam voltado para casa - Perguntei desviando o foco de nós dois.

- Os guardiões estão tendo dificuldades para identificar quem é o responsável pelo envenenamento, o bruxo fez um excelente trabalho em encobrir seus passos - Respondeu meu pai com fúria escondida em sua voz - Nenhum adolescente seria capaz de apagar todos os rastros, eles acham que a pessoa tem treinamento especializado e um conhecimento apurado em magia - Terminou e fechou os punhos, nódulos brancos visíveis em sua pele.

- Quem tentou me matar é alguém mais experiente e de fora do Castelo? - Refleti e cheguei a conclusão de que seria inviável - Impossível, meus amigos moram todos aqui e tenho certeza de que não me fariam mal - Neguei veemente.

- Querida, pensei direitinho, sua vida está correndo perigo - Minha mãe se manifestou, sua áurea transbordava preocupação - Você recebeu algum presente nos últimos dias? - Pressionou.

- Não, quer dizer... talvez - Ponderei lembrando do embrulho laminado que recebi, não havia cartão ou identificação, apenas um bilhete me parabenizando pelo livro recém publicado.

- O que você recebeu? - Perguntou Newt atraindo a atenção toda para si.

- Um vidro de perfume, nada demais, mãe - Respondi, desconfortável com tantos olhares fixos em mim - O coloquei na cômoda ao lado da minha cama, ainda deve estar lá - Informei e em segundos ela desapareceu da enfermeira.

- Obrigada, você contribuiu e muito com as investigações, princesa - Meu pai depositou um beijo carinhoso em minha testa - Eu tenho que ir, Scamander mantenha as mãozinhas afastadas da minha filha, entendeu? - Ameaçou exibindo sua pior expressão.

- Sim, senhor - O magizoologista concordou imediatamente.

 Observei com alívio enquanto meu pai deixava a enfermeira, seus passos eram pesados e bem ágeis, levando em conta os vários anos sem praticar qualquer tipo de esporte ou atividade física. Sorri ao sentir o britânico se sentar ao meu lado e respirar fundo, o encontro com meus pai foi constrangedor e surpreendente, apesar das ameaças, posso dizer que eles gostaram de Newt.

- Foi tão ruim quanto eu acho que foi? - Murmurei, colocando uma mecha solta de cabelo atrás da orelha.

- Foi - Concordou bem humorado, seus olhos brilharam de forma brincalhona.

- Sinto muito, eles não costumam agir dessa maneira - Lamentei e desviei a atenção para o chão.

- Tudo bem, Amélia, eles só estão preocupados com você, é compreensível - Afirmou e ele acariciou meu rosto.

- Como consegue? - Suspirei encantada com seu comportamento respeitoso e modo doce de agir.

- Desculpe? - Murmurou confuso, sua cabeça inclinando sutilmente para o lado.

- Você é tão sensível, amável, bonito e divertido, mas nem se dá conta disso - Comentei e, como esperado, sua timidez se manifestou - Está vendo? É simplesmente adorável - Provoquei aumentando o rubor em suas bochechas.

- As vezes acho que você faz isso de propósito - Murmurou deslizando os dedos por seu cabelo rebelde.

- E você está certo - Confessei rindo, o homem esboçou um sorriso mínimo, suas feições assumindo uma espécie de tristeza - Ei, o que aconteceu? - Perguntei.

- Porque eu demorei tanto tempo para conhecer você? - Murmurou quase melancólico, meu coração doeu ao vê-lo nesse estado.

- Moramos em países distantes e frequentamos escolas diferentes - Dei os ombros - O destino quis assim, aquele não era o momento certo nos conhecermos - Apontei, em uma tentativa de impedir seus pensamentos de cria um cenário que não iria acontecer.

- Tudo seria tão mais fácil e menos doloroso - Scamander permaneceu com os olhos perdidos e desfocados.

- Eu entendo que sua vida tenha sido solitária e que tenha sofrido de tantas maneiras diferentes, mas essa jornada permitiu que você ficasse mais forte e corajoso - Sorri o encorajando - Olha quantas coisas maravilhosas foram conquistas e todas por mérito seu, você jamais teria viajado para o Brasil se não fosse por seu empenho - Segurei em suas mãos e depositei um aperto leve e suave.

- Acho que você tem razão - Suspirou rendido e explicitamente tocado por minhas palavras - Obrigada por isso, Amélia - Agradeceu com sinceridade.

- Eu estarei ao seu lado sempre que precisar - Prometi e sorri maliciosa - O que aconteceu com aquela história de amor? Eu gostei muito do apelido - Provoquei aproximando meu rosto do seu.

- Você não toma jeito - Murmurou antes de beijar minha testa, um gesto carinhoso e muito atencioso.

- Tarde demais para voltar atrás, docinho, eu dei mais de um aviso - Respondi aproveitando da proximidade que tínhamos no momento.

Castelo Bruxo - Newt ScamanderOnde histórias criam vida. Descubra agora