Miranda's point of view
"Dê isso a alguém quando estiver disposta a aprender a ouvir, porque se toda vez que chegar a uma conclusão sozinha você tratar alguém assim, você vai morrer sozinha."
As palavras de Andrea rodeavam minha mente em um eco ensurdecedor que me deixava tonta. Ela estava certa, eu iria morrer sozinha, já havia chegado a essa conclusão a um tempo, mas de alguma forma estava doendo mais pensar nisso agora. Eu sempre fui sozinha, não era difícil imaginar que iria morrer sozinha, no entanto, depois de Andrea havia finalmente uma luz no final do túnel. Pela primeira vez eu amei alguém da forma utópica dos livros de romance que eu achava enfadonho. Um amor que não foi suficiente, pois minhas inseguranças conseguiram ser mais fortes e me fizeram tirá-la da minha vida como fiz com todos que passaram por ela. Como fiz com meus pais, com minha irmã, com meus amigos, e agora, com o amor da minha vida.
Fazia meia hora que estava em pé no mesmo lugar apenas encarando a aliança jogada na mesa de madeira. Minha mente estava tão cheia que eu sentia o quarto rodando, o ar parecia não querer ficar perto de mim também, pois sem que eu percebesse aos poucos nada mais chegava ao meu pulmão. O estranho é que a falta de ar não era tão desesperadora quanto pensar no que havia acabado de acontecer aqui. Minha visão começa a ficar escura, mas a voz de Andrea ainda gritava em minha mente.
"Você vai morrer sozinha"
E então, eu apaguei.
***
Desperto sentindo meu corpo pesado e minha cabeça rodando. Pela primeira vez em anos eu apelo para Deus, ou, algum ser superior que a briga com Andrea tenha sido um pesadelo, mas eu sabia que era uma prece em vão. Abro os olhos percebendo que estava em meu quarto vazio, não fazia ideia de como havia chegado aqui e se realmente não havia sido tudo um pesadelo. Me sento na cama sentindo minha cabeça dar algumas pontadas por ter me sentado rápido, mas logo passa. Quando penso em me levantar da cama, a porta do quarto se abre revelando ninguém menos que Anna Wintour.
- O que faz aqui? - Não consigo esconder minha careta de desagrado.
- Minhas afilhadas me ligaram. - A olho surpresa. - Não me olhe assim, você acha mesmo que eu ia me afastar delas por sua causa? Você podia não saber, mas eu nunca perdi contato com elas e nem pretendo.
- Quem eu vou ter que demitir por causa disso? - Murmuro.
- Você tem é que parar de afastar as pessoas de você sempre que algo te desagrada. A pessoa que você mais odeia é a única que está aqui por você porque você afastou todas as outras.
- Obrigada pelo conselho, já recebi o memorando de que vou morrer sozinha. - Ironizo, mas meu coração dói de pensar na conversa que tive com Andrea.
- É por isso que ela não está aqui, não é? Você fez de novo. Inacreditável como você não aprende com seus erros.
- Olha só eu acabei de acordar no meu quarto, sem saber como cheguei aqui, com dor de cabeça, então vamos cortar esse sermão, estou ciente de todos os meus defeitos.
- Pelo menos você admitiu que tem defeitos. - Reviro os olhos com sua fala. - Você teve uma queda de pressão por conta de um colapso nervoso, um médico veio te ver e disse que está tudo bem, mas que você precisa desacelerar, pois esse estresse todo pode ser um problema no futuro.
- Mais um. - Murmuro.
- Você dormiu o dia todo e já está quase na hora da janta, vou descer e prepará-la com as meninas enquanto você toma um banho, nem tente argumentar contra isso você não está em condições de me mandar embora. - Sem que eu pudesse dizer algo, Anna, sai do quarto deixando-me atordoada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
That's All
Romansa"Está é a história não contada do que aconteceu após eu ter deixado La Grand Priestly sozinha na semana mais agitada da moda em Paris. E o que nunca ninguém ousou saber sobre o que me levou a fazer aquilo. Vocês viram o exterior dos acontecimentos...